O texto de hoje foi escrito por Leo Babauta. Confira o artigo no idioma original no Write to Done.
Descobrir hábitos de trabalho ideais que me permitirão escrever com a maior consistência possível é algo que estou sempre explorando como escritor. Tento criar o hábito de escrever de manhã ao acordar. Isso me ajuda a focar e a garantir que eu fique em dia com minha escrita.
Adoro ler sobre meus escritores favoritos e os hábitos que os conduziram ao sucesso. Abaixo, eu compartilho com você alguns dos modos de trabalho dos meus prediletos… e é óbvio que não existe um único caminho para o triunfo.
Alguns gostam de escrever certo número de palavras ou de páginas todos os dias, outros se contentavam com uma página ou frase. Alguns gostavam de escrever à mão, outros escreviam em fichas pautadas. Alguns escreviam de pé, outros escreviam deitados.
Não existe um único método garantido. Faça o que funcionar para você (e compartilhe nos comentários!). Mas, talvez, você possa se inspirar em alguns desses grandes, como eu fiz.
Stephen King: no livro On Writing, King afirma escrever 10 páginas por dia, sem exceção, até mesmo nos feriados. Tanta escrita por dia produziu resultados incríveis e fez de King um dos mais prolíficos escritores de nosso tempo.
Ernest Hemingway: em contrapartida, Hemingway escrevia só 500 palavras por dia. Como eu, Hemingway acordava cedo para escrever, usufruindo da paz e do silêncio. Curiosamente, embora fosse um renomado alcoólatra, Hemingway dizia nunca escrever bêbado.
Vladimir Nabokov: o autor de grandes romances como Lolita, Fogo Pálido e Ada escrevia de pé e sempre em fichas pautadas, permitindo-lhe trabalhar cenas fora de sequência. O romance Ada foi escrito em mais de 2 mil fichas.
Truman Capote: o autor de Bonequinha de Luxo e A Sangue Frio afirmava ser um “autor completamente horizontal”. Ele precisava escrever deitado, em uma cama ou sofá, e escrevia os primeiros rascunhos à mão.
Philip Roth: um dos maiores escritores americanos vivos, Roth trabalhava de pé e caminhava para pensar. Ele separava a vida profissional da pessoal, trabalhando em um estúdio longe de casa.
James Joyce: enquanto escritores prolíficos se impunham limites de palavras ou páginas, Joyce se dedicava a cada frase sem pressa. Certa vez, contou que um “bom dia” de trabalho resultou em três frases.
Joyce Carol Oates: premiada autora, ela escreve à mão e prefere trabalhar de manhã, sem seguir uma agenda formal. Oates é conhecida por trabalhar em até quatro peças simultaneamente.
Notas do Tradutor:
* O livro On Writing de Stephen King ainda é inédito no Brasil.
** Atril: espécie de estante em plano inclinado onde se põe papel ou livro aberto para se ler comodamente (do Novo Dicionário Aurélio).
Para saber mais:
- Biografia de Joyce Carol Oates no Wikipédia: confira a extensa obra dessa prolífica escritora americana.
- National Book Award no Wikipédia: um dos mais importantes prêmios literários dos Estados Unidos.
- eBook 7 coisas que aprendi: 58 escritores nacionais incríveis compartilham suas experiências neste eBook gratuito.
- Série 7 coisas que aprendi: página principal do projeto que convida escritores em diversas fases da carreira a compartilharem suas experiências.
- 10 dicas para escritores por J.R.R. Tolkien: que aspirante a escritor não gostaria de aprender os segredos do ofício com um mestre?
- Não perca a motivação – 10 dicas para escritores: uma tábua de mandamentos pessoais para os momentos de crise existencial.
Comentários divertidos (ou nem tanto) coletados do grupo Escritores ajudando escritores no Facebook:
Rodrio Oliveira: 10 páginas [escreve o Stephen King]! Mano, eu mal consigo escrever 2.000 palavras.
Thiago Martins: Eu tô escrevendo umas 100 palavras por dia.
Adriana Pinho: Estabeleci uma meta: 500 palavras por dia. Pergunta se cumpro?
Lilian Kate Mazaki: NaNoWriMo é bom pra melhorar a prática da escrita. Pelo menos comigo ajudou bastante.
Laura SaintCroix: Meu máximo foi seis [páginas] até hoje (se me lembro bem). Acho que conseguiria dez se quisesse. Mas como eu escrevo e reviso/escrevo/reviso o mesmo trecho, acaba rendendo no máximo três.
Viktor Laet Segantine: uso o método do Stephen King, ajuda muito na criatividade e na disciplina da escrita. Gosto de terminar a primeira versão das minhas ideias em 1 ou 2 meses, depois reviso tudo.
Os melhores momentos para eu escrever são à tarde ou à noite, preferencialmente à noite; pela manhã sou pouco criativa e muito sonolenta. Também não consigo escrever com alguém encarando a tela do computador e tentando ler o que está escrito.
Minha meta é de palavras, geralmente 1.500 por dia – mas já cheguei a 3.000 uma vez. Acredito ser um bom número, com todos os compromissos que tenho (apesar de, estranhamente, produzir mais quando estou muito ocupada e relativamente pouco em fins de semana e feriados).
Baseando-me nas experiências que tive semestre passado com um livro que queria entregar a tempo para um concurso, decidi participar do NaNoWriMo desse ano.
Escrever com papagaio de pirata é mesmo uma bosta. E eu nem tento, Laís, fins de semana e feriados são cheios de distrações: amigos, parentes, festas, viagens. Em dias assim o melhor pra mim é evitar a frustração e me entregar ao caos. Mas ei, todo mundo precisa descansar de vez em quando, certo?
As pessoas pensam que eu sou “viciada em computador” como as outras meninas da minha idade, que só vão pro Facebook e essas coisas. Nem tenho Facebook; na verdade, eu passo 80% do meu tempo no computador apenas escrevendo (já fiquei 8 horas seguidas apenas no Word sem ir comer coisa nenhuma).
No meu celular não tem aplicativo de jogo algum, nem Instagram ou essas coisas, apenas WhatsApp, pois eu passo meu tempo livre escrevendo e escrevendo nas páginas de notas.
Na aula então, eu pego meu caderno especial e preencho quatro folhas com cenas de meus livros por dia e, se não o fizer, eu provavelmente pego uma folha branca e desenho algum personagem meu. Well, não devo ter hábitos muitos saudáveis; acho que meu vício é escrever. ^_^’
Daqui me parecem que seus hábitos são mais saudáveis do que os de muitos aspirantes, Milena. Tenho certeza de que o Diogo concorda comigo nessa, não é, parceiro? 😉
Abraços.
Whatever you say, boss. Rá!
Redes sociais são antros de procrastinação, egos, e discursos vazios. Você faz muito bem em ficar fora delas, Milena.