WorldbuildingEste é o décimo segundo de 30 artigos sobre construção de mundos escritos por Stephanie Cottrel Bryant e traduzidos por muá, Diogo Ruan Orta. Publicado em 2007 para participantes do NaNoWriMo, este tutorial prático e baseado em livros sobre o tema permanece uma ferramenta útil.

Ontem começamos a detalhar melhor certos aspectos do nosso mundo. Hoje vamos trabalhar o elemento especulativo que vai nos permitir validar e expandir muitas decisões tomadas até aqui. Pegue seu caderno e um relógio aí e separe alguns minutinhos para a leitura e o exercício do dia.

Quer mais dicas? Vá ao perfil WattPad do T. K. Pereira e procure por um livrinho chamado Guia do Construtor de Mundos. Recomendo dar uma conferida, já que os textos de lá complementam os deste tutorial – sim, foram escritos pela mesma autora. Segue o chefe por lá pra ficar por dentro.

30 Dias de Construção de Mundo, por Stephanie Cottrell Bryant
Dia 12: Elemento EspeculativoLobo - Fantasia - RPG - Pistola

De início, eu tinha planejado que o exercício de hoje fosse um “e se…?” sobre sua sociedade, mas, enquanto escrevo, fico pensado que isso é aplicável a tantas coisas, e me ocorre que não há forma melhor de começar a construir seu elemento especulativo do que perguntando a si mesmo “e se…?”

O que quero dizer com “elemento especulativo?” Num romance de alta fantasia é a magia, ou os deuses, ou o Um Anel. Em ficção científica é o hiperpropulsor, ou a plataforma ansible, ou a quase velocidade da luz, ou o implante biológico wetware. Em terror são os pesadelos que se realizam, os fantasmas, a Bruxa de Blair.

Em suma, o elemento especulativo é a regra ou a hipótese que não é verdadeira na Terra dos dias atuais. E “especulativo” meio que significa “e se…”, não é mesmo?

Exercício de Hoje:

Então, acomode-se com seu caderno. Caso ainda não saiba se o que está escrevendo é ficção científica, fantasia ou terror, você deveria decidir agora (sim, pode ser uma mistura; apenas certifique-se de fazer todos os exercícios sobre elemento especulativo para cada gênero que você tenha escolhido).

No entanto, é provável que você já tenha ideia de em qual gênero (ou gêneros) a sua história se encaixa. Você pode até mesmo ter algumas ideias específicas para desenvolver – um polvo falante, por exemplo, ou um gato que aparece como que por magia.

Anote os recortes e imagens que você já sabe que quer em sua história. Alguns deles podem ser coisas que você já tenha decidido como itens de conveniência – um propulsor mais rápido que a luz, talvez, ou telepatia; coisas que você, como narrador, quer ali para ajudar a conduzir o enredo adiante e eliminar algumas inconveniências.

Apenas se lembre de que esses itens de conveniência estão sempre disponíveis; é implausível fazer o propulsor de viagem no tempo-espaço falhar exatamente quando o herói precisa dele, e essas coisas também deveriam estar disponíveis ao vilão, de modo que seus heróis estão par a par com ele.

Shadowrun - Biochip - Ficção Científica - TecnautaA seguir, faça algumas perguntas difíceis a si mesmo. “E se…?” E se a comunicação à distância fosse instantânea em minha sociedade? Como isso a afetaria? Isso alteraria meu enredo? E se as pessoas pudessem se tornar invisíveis? Isso iria requerer magia, ou tecnologia, ou ambos – e como qualquer um destes provocaria isso?

No ano passado, eu sabia que queria alienígenas e um implante de rede (como se a Internet estivesse em sua cabeça); na medida em que eu brincava de “e se…”, percebi que os implantes de rede não só alterariam coisas importantes (como o quão perigoso um hacker poderia ser), mas também coisas triviais (pouquíssimas pessoas carregariam pastas ou celulares, e sempre saberiam sua localização, nunca se perdendo).

Investigue as coisas importantes e os detalhes, decida o que aconteceria se elas funcionassem de um jeito ou de outro. É provável que você note a existência de elementos especulativos necessários em sua história para apoiar ou limitar os poderes de outros elementos que você já tenha criado.

A propósito: particularmente, eu percebi que falar sobre minha história com outra pessoa me ajuda a encontrar os buracos em meus elementos especulativos. Semana passada, meu marido e eu brincamos de “e se…” com meus dinossauros, imaginando o que precisaria ser alterado em sua fisiologia para torná-los aptos a cooperar uns com os outros como uma sociedade, e percebendo que ter doze espécies sencientes de dinossauros significa uma sociedade muito complicada, de fato.

Amanhã tem mais exercício! Quer compartilhar o seu? Use os comentários. 😉


Os exercícios de construção de mundo estão sob uma licença Creative Commons que permite tradução, distribuição para grupos de escrita, venda (com permissão), reimpressão (para uso não comercial) ou cópia exata, todos com os devidos créditos à autora do texto original, Stephanie Cottrell Bryant.

Esta tradução NÃO pode ser distribuída de forma alguma senão em trechos curtos dos textos (até 100 palavras), desde que seja visivelmente dado crédito ao tradutor (Diogo Ruan Orta) e desde que haja um link direcionando para o site Escriba Encapuzado.

Favor respeitar o trabalho árduo de tradução do amigo Diogo.


Para saber mais:

  1. Dia 11: Focando – 30 Dias de Construção de Mundo: neste décimo primeiro exercício da série, vamos detalhar melhor certos aspectos do nosso mundo.

Especial NaNoWriMo:

  1. 30 dias para escrever um livro – saiba mais sobre o evento no primeiro artigo da série sobre o evento.
  2. As críticas e o valor do desafio – saiba porque o evento é visto com desconfiança por escritores e demais profissionais do mercado editorial.
  3. Como escrevi um livro em 30 dias – onde detalho minha participação no evento em 2012.
  4. Diário de escrita – onde falo sobre valor de se manter um diário e compartilho o meu próprio.
  5. Guia de sobrevivência – dicas para aqueles que ousarem aceitar o desafio!
  6. National Novel Writing Month: página oficial do evento (em inglês).