Este é o décimo quarto de 30 artigos sobre construção de mundos escritos por Stephanie Cottrel Bryant e traduzidos por muá, Diogo Ruan Orta. Escrito em 2007 para participantes do NaNoWriMo, este tutorial prático e baseado em livros sobre o tema permanece uma ferramenta útil.
No exercício anterior, nós trabalhamos ganchos de enredo e elementos especulativos de modo a dar mais verossimilhança a nossa história. Hoje vamos mudar um pouco o foco e tratar de educação. Pegue seu caderno e um relógio aí e separe alguns minutinhos para a leitura e o exercício do dia.
30 Dias de Construção de Mundo, por Stephanie Cottrell Bryant
Dia 14: Educação
Esta parte talvez devesse estar na seção “sociedade e cultura”, mas eu preferi que educação viesse depois que você tivesse desenvolvido certa consciência do seu elemento especulativo. Afinal, se você tem personagens que estão intimamente conectados àquela especulação (um mago, talvez, ou um cientista), então é preciso saber que tipo de conhecimento eles tem antes de decidir como eles o obtiveram.
Felizmente, isso também se relaciona ao desenvolvimento do personagem. Se você não sabe nada sobre seus personagens ainda, ao menos você saberá, quando for lidar com isso, como uma típica experiência educacional seria para eles.
Então, que tipo de sistema educacional sua sociedade utiliza? Aprendizes treinam algum ofício em particular antes de se graduar no nível de assalariados ou mestres? Uma criança aprende a profissão de seus pais? As igrejas ou instituições religiosas educam as crianças, e, se sim, eles educam todas as crianças, ou apenas as religiosas ou ricas? Existem faculdades e universidades para estudos avançados? Os estudantes aprendem em um mundo de realidade virtual, e, se sim, eles lidam com os mesmos tipos de conflitos que lidariam em qualquer outro ambiente?
Um dos meus livros favoritos este mês é Sabriel, de Garth Nix, porque a protagonista cresceu num internato com tecnologia da virada do século onde garotas aprendem literatura, etiqueta, matemática, ciência, mas também combate e, em alguns casos, magia. Amo este livro porque o autor não se limitou a enfiar sua heroína na posição de aprendiz, nem num convento, e não a fez crescer no mundo moderno, com todas as suas conveniências, só para ser transportada para o cenário real de sua história.
Ao invés disso a heroína cresce num lugar onde ela pode ter um relacionamento com o cenário da história ao mesmo tempo em que está à parte dele de algum modo. Logo, quando vai para casa, ela está preparada, mas ainda assim desabituada. Uma nativa alienígena, por assim dizer. A educação dela tornou-a uma pária em sua própria terra natal, o que é parte crucial de sua personalidade, e ela não poderia ser Sabriel sem isso.
O Jogo do Exterminador é outro exemplo excelente de um sistema educacional que integra a história. Não sou fã de protagonistas infantis geniais, mas gosto deste romance porque Ender se encontra num novo sistema educacional e lida com todas as pressões de estar em uma nova escola, sendo o calouro e o menor garoto de sua turma.
Seja o seu romance fantasia, ficção científica, ou até terror, é provável que seus personagens tenham algum tipo de educação. A natureza humana nos leva preparar nossas crianças para fazerem algo mais tarde na vida.
Exercício de Hoje:
Decida agora que tipo de educação escolar está disponível em seu mundo. Decida como seus personagens foram educados, e em quais assuntos. E não foque muito em suas especialidades a ponto de esquecer-se de que eles são pessoas.
Talvez você queira que seu personagem tenha se dedicado a uma área de estudo em particular que agora não é muito relevante para a vida dele, mas que o interessava. Isso é ótimo – a maioria das pessoas não foca um campo de estudo em detrimento de todos os demais. Se isso fosse verdade, você não teria este exercício de construção de mundo, e um monte de grandes avanços que dependem de dois ou mais campos inter-relacionados nunca teria existido.
Você pode até mesmo inserir esse tipo de sinergia em seu romance (imagine o físico que tem um conhecimento superficial de história da arte – o bastante apenas para saber, por conta da arquitetura ao redor dele, que a sua máquina do tempo o levou até certa data!).
Amanhã tem mais exercício! Quer compartilhar o seu? Use os comentários. 😉
Para saber mais:
- Dia 13: Ganchos de Enredo e Elemento Especulativo – 30 Dias de Construção de Mundo: neste décimo terceiro exercício da série, vamos trabalhar ganchos de enredo e elementos especulativos de modo a dar mais verossimilhança a nossa história.
Especial NaNoWriMo:
- 30 dias para escrever um livro – saiba mais sobre o evento no primeiro artigo da série sobre o evento.
- As críticas e o valor do desafio – saiba porque o evento é visto com desconfiança por escritores e demais profissionais do mercado editorial.
- Como escrevi um livro em 30 dias – onde detalho minha participação no evento em 2012.
- Diário de escrita – onde falo sobre valor de se manter um diário e compartilho o meu próprio.
- Guia de sobrevivência – dicas para aqueles que ousarem aceitar o desafio!
- National Novel Writing Month: página oficial do evento (em inglês).
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