Sou um grande fã de filmes. Normalmente não me importo muito com o gênero, os atores, ou a nacionalidade: se houver a promessa de uma boa história, arrisco-me a assistir – é uma pena que nem sempre a realidade corresponda à expectativa.
Percebi que tenho assistido muitos filmes sobre personagens escritores ultimamente. Talvez seja um reflexo de meus atuais interesses; talvez, inconscientemente, eu esteja tentando tirar lições deles – vai saber o que se passa em minha mente inquieta.
Os cinco filmes abaixo são alguns que assisti recentemente e que recomendo tanto aos fãs de filmes quanto àqueles que buscam mais inspiração para suas vidas de escritores.
1
As Palavras (The Words, 2012): Rory Jansen (Bradley Cooper) é um escritor iniciante que luta para ser publicado. Um dia ele encontra um maço de folhas amareladas num antiquário. Fascinado pela história que elas contam, ele a transcreve e apresenta como sendo um de seus romances. O livro é um sucesso instantâneo e abre portas para o escritor. Mas tudo pode mudar quando um senhor (Jeremy Irons) procura Rory para lhe falar sobre a origem daquela história.
Contando ainda com Zoë Saldana, Dennis Quaid, Olivia Wilde e J.K Simmons no elenco, o filme se propõe a contar histórias dentro de histórias, o que é interessante e nos leva a questionar o que nelas é verdade e o que é somente ficção.
Os atores estão ótimos – até Bradley Cooper me convenceu desta vez. Minha única ressalva é quanto à personagem de Wilde, talvez por eu esperar que ela fosse mais do que aparenta.
2
Armadilha Mortal (Deathtrap, 1982): Sidney Bruhl (Michael Caine) é um escritor de peças da Broadway que está enfrentando uma crise; seus últimos trabalhos foram fracassos de crítica e bilheteria. Quando topa com um manuscrito único que pode restaurar seu prestígio e salvá-lo da ruína, Bruhl não hesita em tramar a morte de seu autor, o inexperiente Clifford Anderson (Christopher Reeve).
O filme é uma adaptação da peça homônima produzida por Ira Levin em 1978. Trata-se de uma comédia divertidíssima, com toques de humor negro e muitas reviravoltas.
Cane e Reeve estão simplesmente impecáveis. Por outro lado, os excessos das atrizes Dyan Cannon e Irena Worth irritam – elas interpretam, respectivamente, a mulher de Bruhl e uma vidente.
3
Ruby Sparks: A Namorada Perfeita (Ruby Sparks, 2012): Calvin (Paul Dano) é um romancista jovem, bem sucedido e solitário que está sofrendo de bloqueio criativo. Insatisfeito com sua vida, ele busca o auxílio de um psicólogo que recomenda um modo inusitado de lidar com seus problemas: escrever sobre uma mulher que se apaixonaria por ele. Calvin o faz com tamanha dedicação que essa personagem fictícia acaba ganhando vida.
Comédia romântica bonitinha que se destaca por bons momentos dramáticos e que instigam à reflexão. O ponto alto do enredo é, sem dúvida, o momento em que Ruby é confrontada com a verdade sobre sua origem.
Os atores estão bons – demorei a reconhecer Antônio Bandeiras como o padrasto hippie de Calvin. O filme perde um pouco o ritmo no segundo ato, mas ainda assim é uma boa pedida.
4
Escritores da Liberdade (Freedom Writers, 2007): Gruwell (Hilary Swank) é uma professora recém-formada que se oferece para lecionar numa comunidade carente assolada por conflitos étnicos. Utilizando métodos pouco convencionais, ela tenta ensinar valores como tolerância e respeito a um grupo de jovens rebeldes.
Parece familiar? A premissa do filme é semelhante à de outros como Meu Mestre, Minha Vida (Lean on me, 1989) e Mentes Perigosas (Dangerous Minds, 1995) e, como estes, é inspirada em fatos reais.
O inicio é lento e monótono, mas o ritmo melhora do meio para o final, quando é dado maior foco aos dramas dos alunos. São as histórias que eles escrevem em seus cadernos o grande diferencial deste filme, que demonstra o poder libertador e transformador da literatura.
Os relatos verídicos dos alunos foram reunidos no livro The Freedom Writers Diary, publicado em 1999.
5
Mistérios e Paixões (Naked Lunch, 1991): Bill Lee (Peter Weller) é um aspirante a escritor que vive na Nova York de 1953. Trabalhando como desinsetizador para sustentar a si e à esposa Joan (Judy Davis), Bill está prestes a ser demitido por esgotar seu estoque de inseticida com frequência. Descobrindo que a culpa é de sua esposa, que tem consumido a substância, ele se deixa convencer por ela a compartilhar do barato que o pó provoca.
Inspirado em Almoço Nú, romance autobiográfico do americano William S. Burroughs, este filme é esquisitíssimo. Minha impressão ao final é de que precisaria revê-lo outras vezes para compreendê-lo totalmente.
Destaque para uma cena logo no início onde os personagens discutem sobre reescrita: para eles, o ato é uma traição pessoal do escritor, já que a primeira versão de um trabalho traz a honestidade de sua voz e a reescrita representa a hipocrisia e o medo de soar verdadeiro.
Para saber mais:
- Lista 5 – Livros que ensinam a escrever: cinco recomendações para os aprendizes de escritor.
- 5 livros promissores de autores nacionais: a primeira lista que publiquei por aqui à época da campanha de incentivo à leitura promovida por Ademir Pascale.
- +5 livros de autores nacionais: outra lista com recomendações de leituras de colegas escritores. Vale conferir.
Oi T.K.
Inspirado pelo seu post, eu revivi um post meu sobre filmes.
Dê uma conferida.
Grande Alexandre!
Rapaz, minha lista de filmes a assistir aumentou. 😉
Abraço.
Ruby Sparks foi um daqueles filmes aleatórios que você assiste quase sem querer e descobre algo muito bom. A cena da “verdade” tem um impacto quase físico.
Um final meio previsível até, mas eu gostei bastante.
Valeu pela lista, vou pesquisar pelos outros filmes. ^^
Grande Isaac,
Embora todos sejam bons filmes, estes são realmente imperdíveis: “As Palavras” e “Armadilha Mortal”.
Abraço,