WorldbuildingEste é o décimo de 30 artigos sobre construção de mundos escritos por Stephanie Cottrel Bryant e traduzidos por muá, Diogo Ruan Orta. Publicado em 2007 para participantes do NaNoWriMo, este tutorial prático e baseado em livros sobre o tema permanece uma ferramenta útil.

Ontem trabalhamos o idioma e vimos como nomear personagens, locais e itens? Hoje voltamos a falar sobre ambientação; veremos, agora, como relacionar tudo o que já definimos até aqui. Pegue seu caderno e um relógio aí e separe alguns minutinhos para a leitura e o exercício do dia.

Quer mais dicas? Vá ao perfil WattPad do T. K. Pereira e procure por um livrinho chamado Guia do Construtor de Mundos. Recomendo dar uma conferida, já que os textos de lá complementam os deste tutorial – sim, foram escritos pela mesma autora. Segue o chefe por lá pra ficar por dentro.

30 Dias de Construção de Mundo, por Stephanie Cottrell Bryant
Dia 10: Ambientação e Cultura

Então, de volta à ambientação, desta vez conferindo a maneira como o esqueleto de nossa sociedade reflete a ambientação de nosso romance. Isso mesmo – a ambientação. Lembra-se do exercício do dia 3, onde você anotou alguns climas-chave sobre os quais gostaria de ler ou escrever, e o clima que combina melhor com eles?

Fantasia - Japonês - Cultura - Dragão - Buda - GuerreiroBem, agora faremos um exercício semelhante com história, política, e idioma. Pegue aí a sua linha temporal, seus grupos políticos e econômicos, e sua lista de sílabas.

Tudo se “encaixa” com a sua ambientação? Quando lê sobre os eventos na sua linha temporal, você tem a mesma impressão de seriedade ou comédia, uma sensação alta/épica, ou aquele arrepio na nuca? Ou há algo dissonante? Se você está querendo algo épico, talvez batizar seu planeta de “Bob” não seja um bom caminho, hein?

Confira sua linha temporal e marque um pequeno “X” ao lado de qualquer coisa que não se encaixe. Você não cortará ainda – apenas marque o item para uma revisão posterior. Ele pode não se encaixar na ambientação, ou pode apenas precisar de algum ajuste para se encaixar.

Também marque grupos políticos e econômicos. Se a ideia é escrever uma paródia de ficção científica, você terá dificuldades em usar “subprodutos do trigo” como uma força econômica. “Leis burladas da física” como exportação, por outro lado, pode funcionar muito bem, de fato.

Faça o mesmo com as sílabas do seu idioma, ou seus nomes de personagens e locais, se você já tiver conseguido desenvolver isso bem ontem. Em alguns casos, pode haver um par de culturas interligadas que cria a ambientação geral do seu romance. Talvez você tenha elfos altos/épicos e suas partes mais assustadoras, os gigantes; você também pode utilizar os diferentes sons de idioma para cada grupo e deixar essa dissonância ter um papel em seu romance.

Nota: está tendo problemas para conseguir identificar a ambientação de novo? Você percebeu que sua ambientação e seu idioma não combinam de jeito nenhum? Respire fundo e pense: “quando for ler esta história, eu quero me sentir…” o quê? Divertido? Excitado? Importante? Raivoso? Assustado? Sombrio? Confiante? Angustiado?

Essa é sua ambientação. Agora pense sobre essa emoção e escreva algumas palavras concretas que o façam se sentir dessa forma. Por “concreto” eu quero dizer nomes e adjetivos – palavras para coisas que você pode tocar e ver. Há grandes chances de você obter palavras que soam semelhantes.

Por exemplo: se quero que meu romance seja “areento”, eu escolherei palavras como “areia”, “arenoso”, “escoriação”, “arranhão”, “cicatriz”, palavras que tenham sons predominantes que, para meu ouvido, soam mais ásperos do que sons mais líquidos, arredondados. Todos os meus nomes, portanto, deverão soar como as palavras que escolhi. Da mesma forma, se “areento” é o que quero, cortarei da minha linha temporal a Guerra dos Furões que, de início, eu havia considerado colocar. Tal guerra casa com a comédia, não com a minha história areenta de sobrevivência do mais apto.

Deserto - Cavalos - Castelo - Fantasia

Agora é hora de cortar as coisas que não se encaixam bem com sua ambientação, adicionar coisas que se encaixem melhor, e, em geral, organizar as anotações de seu romance de modo a formar algo constitua uma base forte para sua história.

Exercício (Recapitulado) de Hoje:

Como sugerido acima. Estabeleça ou procure a ambientação geral de sua história, se ainda não o fez. Percorra sua linha temporal, grupos políticos, notas de idiomas e marque para revisão tudo o que se encaixe na ambientação. Se tiver tempo, revise. Caso contrário, deixe a revisão para depois.

Amanhã tem mais exercício! Quer compartilhar o seu? Use os comentários. 😉


Os exercícios de construção de mundo estão sob uma licença Creative Commons que permite tradução, distribuição para grupos de escrita, venda (com permissão), reimpressão (para uso não comercial) ou cópia exata, todos com os devidos créditos à autora do texto original, Stephanie Cottrell Bryant.

Esta tradução NÃO pode ser distribuída de forma alguma senão em trechos curtos dos textos (até 100 palavras), desde que seja visivelmente dado crédito ao tradutor (Diogo Ruan Orta) e desde que haja um link direcionando para o site Escriba Encapuzado.

Favor respeitar o trabalho árduo de tradução do amigo Diogo.


Para saber mais:

  1. Dia 9: Idioma – 30 Dias de Construção de Mundo: neste nono exercício da série, veremos como nomear personagens, locais e itens?

Especial NaNoWriMo:

  1. 30 dias para escrever um livro – saiba mais sobre o evento no primeiro artigo da série sobre o evento.
  2. As críticas e o valor do desafio – saiba porque o evento é visto com desconfiança por escritores e demais profissionais do mercado editorial.
  3. Como escrevi um livro em 30 dias – onde detalho minha participação no evento em 2012.
  4. Diário de escrita – onde falo sobre valor de se manter um diário e compartilho o meu próprio.
  5. Guia de sobrevivência – dicas para aqueles que ousarem aceitar o desafio!
  6. National Novel Writing Month: página oficial do evento (em inglês).