Autor: Diogo Ruan Orta (Página 8 de 9)

Diogo Ruan Orta é um leitor fanático. Detesta redes sociais e vive em rigorosa dieta de informação desde que concluiu que há pouquíssima vida inteligente no mundo virtual. Antissocial, acredita ter meia dúzia de amigos verdadeiros – destes, dois vivem sob o mesmo teto que ele. Não tem pretensões de se tornar escritor (no Brasil? Que piada!), mas sente que escrever é seu carma e uma forma saudável de dar vazão aos seus instintos psicopatas.

Ofertas Amazon: livros de Elio Gaspari sobre a ditadura

Amazon Logotipo

Todos os dias a Amazon vende livros e eBooks a preços imperdíveis. Como bom rato de livraria (real e virtual) que sou, eu acabo sempre encontrando ofertas preciosas por lá. Decidi compartilhar alguns de meus achados com você, leitor. Se algo na lista te interessar, basta clicar na capa para fechar sua compra direto no site da Amazon – além de fazer um bom negócio, você contribui para tornar o Escriba Encapuzado um site cada vez melhor. Obrigado. De nada.  : )

Confira na Amazon 4 livros físicos de Elio Gaspari sobre o regime militar por menos de R$11,00.

ATENÇÃO: não estranhe se algum livro aparecer por mais de R$11,00, afinal, os preços estão sujeitos a alterações pela Amazon. Fica ligado!


1. A Ditadura Envergonhada – As Ilusões Armadas

Durante os últimos trinta anos, o jornalista Elio Gaspari reuniu documentos até então inéditos e fez uma exaustiva pesquisa sobre o governo militar no Brasil. O resultado desse meticuloso trabalho gerou um conjunto de quatro volumes que compõe a obra mais importante sobre a história recente do país, e que acaba de ganhar uma edição revista e ampliada, enriquecida com novas fotos e projeto gráfico de Victor Burton.

As ilusões armadas, primeiro de dois conjuntos, reúne os livros A ditadura envergonhada e A ditadura escancarada. Este volume trata dos primeiros anos após o golpe de 1964, quando o governo militar ainda relutava em se assumir como uma ditadura. Elio Gaspari. Intrínseca; Edição: 2ª, 2014. 464 páginas.

2. A Ditadura Escancarada

Publicada originalmente em 2002, As ilusões armadas, conjunto do qual faz parte este A ditadura escancarada, recebeu o prêmio de Ensaio, Crítica e História Literária de 2003, concedido pela Academia Brasileira de Letras. Com a edição do AI-5, no final de 1968, que suspendeu direitos constitucionais, a ditadura se revela.

Em A ditadura escancarada, são reconstituídos os momentos mais tenebrosos do regime, como a prática da tortura contra os opositores do regime e a violência empregada contra os guerrilheiros do Araguaia, um dos últimos núcleos de resistência política. Elio Gaspari. Intrínseca; Edição: 2ª, 2014. 560 páginas.

3. A Ditadura Derrotada – O sacerdote e o feiticeiro

Segundo conjunto da série, O sacerdote e o feiticeiro é constituído pelos livros A ditadura derrotada e A ditadura encurralada. Os personagens centrais destes volumes são respectivamente os generais Ernesto Geisel e Golbery do Couto e Silva.

Este A ditadura derrotada detalha os antecedentes desses dois importantes personagens, concentrando-se na articulação que os levou ao poder e também na vitória do partido de oposição nas eleições de 1974. Elio Gaspari. Intrínseca; Edição: 2ª, 2014. 580 páginas.

4. A Ditadura Encurralada

A ditadura encurralada, quarto volume, culmina com a exoneração do general Sylvio Frota do cargo de ministro do Exército. Naquele momento, o presidente Ernesto Geisel punha um ponto final na anarquia militar que tomava conta do país.

Desse relato fazem parte episódios como o assassinato do jornalista paulista Vladimir Herzog em outubro de 1975, nas dependências de uma unidade do Exército, fato que contribuiu para azedar a relação entre a Presidência e setores das Forças Armadas. Elio Gaspari. Intrínseca; Edição: 2ª, 2014. 560 páginas.

Se você teve qualquer problema para comprar o livro, grite aí embaixo nos comentários, beleza?

Ofertas Amazon: 5 livros adaptados para o cinema

Amazon Logotipo

Todos os dias a Amazon vende livros e eBooks a preços imperdíveis. Como bom rato de livraria (real e virtual) que sou, eu acabo sempre encontrando ofertas preciosas por lá. Decidi compartilhar alguns de meus achados com você, leitor. Se algo na lista te interessar, basta clicar na capa para fechar sua compra direto no site da Amazon – além de fazer um bom negócio, você contribui para tornar o Escriba Encapuzado um site cada vez melhor. Obrigado. De nada. : )

Confira 5 livros vendidos na Amazon por menos de R$10,00.

ATENÇÃO: não estranhe se algum livro aparecer por mais de R$10,00, afinal, os preços estão sujeitos a alterações pela Amazon. Fica ligado!


Argo

Em 4 de novembro de 1979, os funcionários da embaixada dos Estados Unidos em Teerã são surpreendidos pela invasão de um grupo de militantes, que faz 53 reféns. Em meio à confusão, seis diplomatas conseguem escapar e encontram refúgio na residência do embaixador do Canadá. Mas Tony Mendez, especialista em disfarces da CIA, sabe perfeitamente que é apenas uma questão de tempo até que sejam encontrados.

Para retirá-los do país, ele concebe um plano muito arriscado, digno de cinema. Disfarçando-se de produtor de Hollywood e apoiado por um elenco de agentes secretos, falsificadores e especialistas em efeitos especiais, Mendez viaja para Teerã a pretexto de encontrar a locação perfeita para um falso filme de ficção científica chamado Argo. Antonio Mendez, Matt Baglio. Intrínseca, 2012. 488 páginas.

Selvagens

Ambientalista e filantropo nas horas vagas, Ben comanda um negócio de venda de maconha em Laguna Beach. Ao lado de seu parceiro, o ex-mercenário Chon, ele fatura lucros consideráveis e mantém uma clientela fiel. No passado, quando seu território foi invadido, Chon tratou de eliminar a ameaça.

Agora, porém, os dois amigos parecem estar diante de uma força da qual não podem dar conta: o Cartel de Baja, do México, que quer tomar a região, e avisa que não aceitará uma negativa como resposta. Quando os rapazes se recusam a ceder, o cartel reforça a advertência sequestrando Ophelia, companheira e confidente dos dois. O sequestro de O. deflagra uma gama alucinante de negociações habilidosas e reviravoltas inacreditáveis. Intrínseca, 2012. 288 páginas.

A Vida de Pi

A vida é capaz de pregar cada peça…! Tomemos o exemplo de Piscine Molitor Patel, também conhecido como Pi (sim, isso mesmo, igual a 3,14). Um menino indiano de dezesseis anos, filho do dono de um zoológico, vegetariano e… bom… hindu, cristão e muçulmano. Muito bem; pois esse jovenzinho absolutamente normal será lançado numa das maiores aventuras já idealizadas pelo homem moderno, uma luta pela sobrevivência em meio à natureza selvagem e imprevisível do Pacífico.

Em As aventuras de Pi, premiado romance de Yann Martel, somos apresentados a esse cativante personagem que subitamente perde tudo — os sonhos, a família, um futuro — após o naufrágio de seu navio. Yann Martel, Matt Baglio. Agir, 2012. 424 páginas.

No Bunker de Hitler

No bunker de Hitler expõe o cotidiano do ditador naqueles dias dramáticos, mostrando os surtos de euforia irreal, seguidos por momentos de depressão profunda diante da derrota inevitável. O livro traz ainda perfis dos principais membros da entourage pessoal de Hitler, dominada pela competição e pela intriga até os instantes finais do Führer.

Ponto de Leitura, 2009; Edição: De Bolso. 216 páginas.

Elite da Tropa

Elite da Tropa mostra o lado desconhecido do combate diário nas grandes cidades – o ponto de vista do policial, seus hábitos, medos e desafios. A partir de experiências reais, os autores criaram uma ficção que mostra o cotidiano de homens adestrados para se transformarem em cães selvagens. ‘Elite da Tropa’ é uma narrativa de ficção, na qual fatos e cenários foram reescritos em parte ou no seu todo.

Na primeira parte do livro, concentram-se relatos sobre o cotidiano dos policiais de elite. Na segunda, um dos nossos personagens seguirá numa trama envolvendo autoridades de segurança, traficantes, políticos e policiais – uma rede que tece alianças improváveis entre os vários atores deste cenário. Este livro revela subterrâneos explosivos de uma cidade partida. Ponto de Leitura, 2011; Edição: De Bolso. 352 páginas.

 

Se você teve qualquer problema para comprar o livro, grite aí embaixo nos comentários, beleza?

3 hábitos que separam bons escritores de presunçosos trágicos

Write to Done

Write to Done é uma fonte valiosa de informações para romancistas, blogueiros, publicitários e autores de não ficção. Editado por Mary Jaksch, autora de obra traduzida em 7 idiomas, este site parceiro disponibiliza o eBook gratuitoThe (nearly) Ultimate Guide to Better Writing e inúmeras dicas que serão compartilhadas aqui em traduções regulares.

O texto de hoje foi escrito por Glen Long, instrutor de escrita criativa. Confira o artigo no idioma original no Write to Done.

Continue lendo

Processo Criativo de 7 Escritores Brasileiros Premiados

A Mente Criativa de um Escritor

Todos gostam de conhecer os hábitos de trabalho de seus escritores prediletos. Será que eles escrevem todos os dias? Como conciliam a escrita com a loucura do cotidiano? Quais são seus rituais? De onde tiram inspiração?

Quanto mais famoso ou premiado o autor, maior é a curiosidade. Para o leitor que também é um escritor em formação, a dúvida é até mesmo angustiante. Afinal, qual é o segredo de tanto sucesso?

Na semana passada você vislumbrou os hábitos de celebridades literárias internacionais: os prolíficos Stephen King e Joyce Carol Oates; os moderados Ernest Hemingway e James Joyce; o horizontal Truman Capote e os verticais Vladimir Nabokov e Philip Roth.

Agora que tal ficar por dentro dos métodos de trabalho de jovens escritores brasileiros? Pois eis aqui uma lista com alguns talentos nacionais agraciados com o Prêmio Sesc de Literatura, um dos mais importantes do país.

Confira a seguir o processo criativo de 7 jovens escritores premiados.

  1. Alexandre Marques Rodrigues: Vencedor do Prêmio Sesc 2014 na categoria Contos com Parafilias, Alexandre escreve pela manhã, das 7h às 11h, quando começam “os trabalhos forçados”. Bebe café e whisky. A primeira versão é feita a caneta; ele a passa a limpo numa máquina de escrever Olivetti, depois a repassa para o computador.

  2. João Vereza: Vencedor do Prêmio Sesc 2013 na categoria Contos com Noveleletas, João escreve no computador (no Word mesmo). Ele mantém o arquivo do texto aberto o tempo todo, pronto para receber insights inesperados. Se uma boa ideia persiste por um dia, então é anotada num caderno. Às vezes, ele escreve com música de fundo. Café, vinho e cigarros o ajudam a relaxar.

  3. Débora Ferraz: Vencedora do Prêmio Sesc 2014 na categoria Romance com Enquanto Deus não está olhando, Débora vê a escrita como um segundo emprego. Ela tenta escrever todos os dias, reservando um horário exclusivo para isso, às vezes trabalhando em dois turnos. Escreve à mão e em caderninhos onde quer que haja um assento e condições de concentração.

  4. Maurício de Almeida: Vencedor do Prêmio Sesc 2007 na categoria Conto com Beijando dentes, Maurício esboça uma estrutura flexível de cada novo projeto. Escreve livremente, reescrevendo tudo só depois de ter a estrutura inteira pronta, gerando muitas versões e revisões. Trabalha de 6h às 8h da manhã, mas, às vezes, também à tarde, à noite e de madrugada. Sempre carrega um caderno. O Maurício também contribuiu com sua experiência para a série 7 coisas que aprendi.

  5. Rafael Gallo: Vencedor do Prêmio Sesc 2011 na categoria Conto com Réveillon e outros dias, Rafael não segue protocolos nem horários. Pensa em suas histórias quase o tempo todo, escrevendo e reescrevendo infinitamente. Toma notas no celular e até no e-mail. Bebe Coca-Cola e come chocolate. Insiste diante do computador o quanto pode e, às vezes, desanuvia a mente na Internet. O Rafael também contribuiu com sua experiência para a série 7 coisas que aprendi.

  6. Wesley Peres: Vencedor do Prêmio Sesc 2007 na categoria Romance com Casa entre vértebras, Wesley não define horário nem lugar específicos, embora prefira escrever na biblioteca de sua casa. Bebe café e muito. Prefere escutar música para escrever e precisa ler livros que o estimulem a fazê-lo. Trabalha sempre no computador.

  7. Luisa Geisler: Vencedora dos Prêmios Sesc 2010 e 2011 nas categorias Conto com Contos de Mentira e Romance com Quiçá, respectivamente, Luisa escreve quando dá, de preferência na primeiras horas da manhã e em casa, de pijama. Planeja-se com Excel, definindo prazos e metas que luta para cumprir. Ela anota ideias no celular ou em blocos de xerox e sua bebida favorita é chá.

Quer conhecer mais processos criativos? Visite o site 2 Mil Toques!

Criado por André Timm, o 2 mil toques reúne depoimentos de diversos escritores sobre suas rotinas de trabalho. Contabilizando mais de 40 contribuições, esse projeto enriquecedor publica novos textos toda a semana e já conta com nomes de peso, como Antônio Xerxenesky, Carol Bensimon, Carlos Henrique Schroeder, Sérgio Fantini e esses 7 autores premiados pelo Sesc. O que você está esperando? Conheça o site agora mesmo: http://2miltoques.tumblr.com/

Compre na Amazon

         

Para saber mais:

  1. Aprenda com os Grandes – Hábitos de Escrita de 7 Escritores Espetaculares: um pouco do processo criativo de Stephen King, Ernest Hemingway, Vladimir Nabokov e outros autores renomados.

  2. eBook 7 coisas que aprendi: 58 escritores nacionais incríveis compartilham suas experiências neste eBook gratuito. Imperdível!

  3. 7 coisas que aprendi, por Alessandro Garcia: inspire-se na experiência deste incrível escritor.

  4. 7 coisas que aprendi, por Maurício de Almeida: inspire-se na experiência deste incrível escritor.

  5. 7 coisas que aprendi, por Sérgio Fantini: inspire-se na experiência deste incrível escritor.

  6. Série 7 coisas que aprendi: página principal do projeto que convida escritores em diversas fases da carreira a compartilharem suas experiências.

Aprenda com os Grandes – 7 Hábitos de Escrita de Escritores Espetaculares

Write to Done

Write to Done é uma fonte valiosa de informações para romancistas, blogueiros, publicitários e autores de não ficção. Editado por Mary Jaksch, autora de obra traduzida em 7 idiomas, este site parceiro disponibiliza o eBook gratuito The (nearly) Ultimate Guide to Better Writing e inúmeras dicas que serão compartilhadas aqui em traduções regulares.

O texto de hoje foi escrito por Leo Babauta. Confira o artigo no idioma original no Write to Done.

Continue lendo

Lero-lero: McDia infeliz

Lero-lero

Lero-lero é uma coluna regular cedida ao meu parceiro de letras Diogo Ruan Orta. Gente finíssima e com carta branca para escrever o que desejar, ele compartilhará por aqui crônicas, desabafos, contos e o que mais houver dentro daquele caos enevoado que ele chama de mente. Espero que o leitor se divirta tanto quanto eu lendo e desvendando o quanto dos escritos do Diogo é fato e o quanto é ficção.

O andrógeno abriu a porta e mal me encarou. Tinha no rosto a perfeita expressão do tédio. “Bem-vindo, senhor”, disse num muxoxo. Senti que não se importava se eu o havia escutado ou não. Largado perto de uma caixa registradora, outro moleque, metido no mesmo pavoroso uniforme cinza. Da meia dúzia de condenados do lugar, este se destacava pelos cabelos rentes, estilo milico, e pelos olhos roxos que me intimavam a comprar algo.

Seguiu-se o roteiro à risca: “boa tarde, qual o seu pedido?”. Uma promoção, por favor. “Qual bebida?”. Suco. De laranja. “Aumenta a batata por um real?” Não, não. “Acompanha sundae e leva um copo da Copa?”. Opa! Quem mudou o roteiro? Não era assim que eu me lembrava. Copo da Copa? Sério? Esse povo já foi mais bem treinado. Não vai ter Copa nem vai ter copo.

Forma de pagamento, preço, passa no crédito, a senha, “aguarda ao lado, por gentileza.”. Os olhos fundos dizem mais: “fique onde quiser, nem ligo. Odeio minha vida.”. Do balcão entre mundos fitei os bonecos cinzentos agitando-se pra lá e pra cá. Espinhas pipocavam das peles oleosas, roupas de sobra sobre braços e pernas esqueléticas, corpos amorfos. Desprovidos de vontade e vida, como autômatos frios. Nunca sorriam, exceto nas fotos de funcionários do mês – três. Não deveria haver apenas um?

Lanchonete Fast FoodDe pedido na mão, entoquei-me perto da vidraça. No parquinho colorido do outro lado uma mãe chamava pelas crianças, mas escadas, tubos e escorregas são sempre mais atraentes do que um lanchinho. Música. De alto-falantes ecoavam os sons da rádio que embala as suas refeições. Tocava quando entrei? Entregues ao ritmo, meus pés sapateavam sobre perguntas (e problemas) irrelevantes.

Eu mastigava e corria os olhos pelas paredes repletas da caixinha cartunesca. Travestida de herói, tinha o sorrisão e os olhões mais vivos que os dos escravos sem alma além do balcão. E então as lembranças me tomaram de assalto: outra época, mesmo lugar, uniformes diferentes, sentimentos semelhantes. De relance, refletido na vidraça, notei o reflexo do passado com sua face sardenta, pele engordurada, cabelos desgrenhados, e dentes aprisionados. Olhos fundos.

Transportado de volta ao agora por um calafrio e uma bufada, espantei-me com a multidão que enchia o lugar. De onde vieram? Quando? Droga, molho na minha calça. Limpo enquanto brinco de distinguir e rotular: mochila nas costas? Universitários. Terno e gravata? Empresário. Shortinho, piercing, camisa de marca? Patricinhas, boyzinhos. Loira superficial. Mulata sensual. Ruiva misteriosa. Pai divorciado passeando com a filha. Aquele ali já deve ser avô.

O andrógeno depressivo recebia e despedia, sem nunca olhar nos olhos, um fone enfiado em uma das orelhas. E o ciclo se repetia. Balcão, pedido, preço, pagamento, lanche, mesa, rua. Ah, a rotina, essa merda. Todos tão metidos em suas mesquinharias, sempre. Eu também, mas não naquele dia. Por quê? O que me tinha arrancado do marasmo de todo dia? Acho que eu sabia bem o quê… Então o toque do celular me despertou para a realidade. De volta ao trabalho. Restos no lixo, bandeja devolvida e fui pela porta afora. Antes de sair, ouvi o sopro distraído: “volte sempre”.

8 dicas para escrever um texto em poucos minutos

Jim Carrey em cena do filme "Todo Poderoso"É possível escrever contos ou romances em tempo recorde? Talvez. Eu duvido. De qualquer forma, não é disso que vou falar aqui. Não acredito em fórmulas mágicas. Desculpe. Mas saiba disso: desapegar-se de ilusões como essa fará de você um escritor bem mais feliz. Vai por mim.

Eu escrevo devagar. Muito devagar. E só quando tenho vontade. Não ando com um caderno a tiracolo, acumulo ideias rascunhadas e sofro para combinar pares de meias. Sou o oposto do ideal de escritor profissional e isso nunca me incomodou.

Mas escrever para a Internet requer uma postura diferente. Aqui onde tudo é pra ontem e os textos são embalados pra viagem, palavra cozinhada demais afugenta a clientela. Como “maus hábitos” são difíceis de mudar, pedi uma ajudinha ao grande irmão Google.

Quer aprender também? Confira a seguir 8 dicas de como escrever mais rápido (na Internet).

1 – Crie um banco de ideias.

Encontrar um assunto é o mais difícil. Não dá pra esperar pela inspiração quando existe uma pauta a cumprir, seja esta diária, semanal, mensal. Use cadernos, post its, o bloco de notas do computador, mas tenha sempre uma lista de temas à mão. Teve uma ideia enquanto escrevia, assistia à novela, navegava na Internet? Anote-a. Ela pode te render um texto no futuro.

Cadernos de Escritor

Sempre tenha um caderninho à mão… ou vários!

2 – Deixe as ideias maturarem.

Imagine-se diante de um abismo. Para chegar ao outro lado, você pode até arriscar um salto, mas não seria melhor providenciar uma ponte? Às vezes, transformar ideias em textos pode ser angustiante. Se a coisa não fluir, deixe a ideia ecoar um pouco em sua mente. Aproveite e leia mais sobre o assunto, debata-o, anote insights inesperados. Depois, tente outra vez.

Lâmpada

Poucas ideias nascem completamente maduras.

3 – Filtre as ideias.

Às vezes, uma ideia puxa a outra. Quando isso ocorre, é a glória. Você maltrata o teclado sem dó, um sorriso sádico no rosto. Daí você acaba e percebe que aquele artigo para o blog mais parece uma monografia. Sem problemas. Revise o texto e elimine tudo o que fugir do assunto principal. Mas não descarte o que cortar! As “sobras” também podem render textos futuros.

Escritor Desapegado

“Vou trabalhar a primeira ideia que cair sobre a mesa!”

4 – Faça uso de listas.

Listas facilitam a organização das ideias e a estruturação do conteúdo. Listas capturam mais a atenção e permitem rápida assimilação de informação. Listas tornam a leitura mais agradável, principalmente em dispositivos digitais. Duvida? Bom, você ainda está lendo este texto, não está?

Lista

Todo mundo adora uma boa lista.

5 – Vá direto ao ponto.

Na Internet, menos é mais. Você quer escrever artigos, não tratados científicos. Mantenha o texto curto – algo entre 500 e 800 palavras está de bom tamanho. Mas cuidado: ser breve não implica baixa qualidade. A questão aqui é ser prático e transmitir o máximo de informações em poucas palavras.

Lápis e Folha em Branco

Imagine-se com um cotoco de lápis e não desperdice palavras.

6 – Não force a barra.

Este artigo não foi minha primeira opção do banco de ideias. Antes, eu tentei escrever sobre como ser um escritor mais feliz. Empaquei. Três horas depois, desisti e escolhi outro assunto. Em bem menos tempo conclui o texto que você está lendo agora. Ao travar, o melhor mesmo é tentar escrever outra coisa. Você sempre pode voltar àquele texto caso pinte a inspiração.

Escritor Experimentando - Fotografia por Joel Robison

Quando se sentir travado, experimente escrever outra coisa. – Fotografia por Joel Robison

7 – Não poupe munição.

Você abre seu banco de ideias e, de cara, identifica meia dúzia de assuntos que rendem fácil um bom artigo. O que você faz? Guarda-os pra uma emergência, certo? Errado. Por que sofrer escrevendo um texto mais difícil se você tem outro mais fácil logo ali? Carpe diem, meu caro. Poupe tempo e paz de espírito agora. Que seu futuro eu se preocupe com o próximo artigo.

Escrevendo Loucamente - Fotografia por Joel Robison

Escrevendo como se não houvesse amanhã! – Fotografia por Joel Robison

Jogo limpo.

Escrevi este artigo seguindo as regras acima. Levei pouco mais de 30 minutos. Não é nenhum recorde – há por aí quem se gabe de concluir textos em menos da metade desse tempo –, mas não está mal pra alguém que escreve devagar. Mas preciso ser honesto com você, leitor. O que escrevi rapidamente foi, na verdade, apenas um rascunho. Gastei mais uns 20 minutos editando tudo, corrigindo erros, cortando excessos. Permita-me, então, dar mais uma dica….

8 – Faça uma rápida revisão.

Quantos minutos você levou para escrever o artigo? Tente revisá-lo nesse mesmo tempo ou em menos. Concentre-se na correção de erros ortográficos e gramaticais, no corte de trechos ambíguos, repetitivos e que fujam da ideia principal do texto. Resista à tentação de reescrever tudo. Seja breve e objetivo.

Edição

Revisar é preciso, mas não exagere.

E então? O que achou das dicas? Concorda, discorda, quer acrescentar algo? Comente!

Para saber mais:

  1. Metodologia 5+10: 5 regras e 10 orientações flexíveis para quem quer trilhar o caminho do escritor.
  2. 5 fatos sobre escrever primeiras versões: coisas que um escritor pensa ao terminar o rascunho de um texto.
  3. O pesadelo das revisões constantes: saiba como identificar e superar este terrível obstáculo.
  4. Não perca a motivação – 10 dicas para escritores:uma tábua de mandamentos pessoais para os momentos de crise existencial.
  5. 5 eBooks Gratuitos para Escritores Iniciantes: dicas valiosas em bom português imperdíveis para quem quer ser escritor.
  6. 5 Livros que ensinam a escrever: cinco recomendações para os aprendizes de escritor.
  7. eBook 7 coisas que aprendi: 58 escritores nacionais incríveis compartilham suas experiências neste eBook gratuito. Imperdível!
  8. Série 7 coisas que aprendi: página principal do projeto que convida escritores em diversas fases da carreira a compartilharem suas experiências.
« Posts Antigos Posts Recentes »

© 2024 Escriba :

Tema por Anders NorenUp ↑