T. K. Pereira é escritor de coração e analista de sistemas por necessidade. Sob o manto do Escriba Encapuzado, idealizou o projeto 7 coisas que aprendi, foi finalista do concurso literário Brasil em Prosa 2015, e publicou contos em antologias diversas. Vozes (2019) é seu primeiro livro de contos solo.
Saiba antes de ler: além de romances e livros sobre a arte da escrita, tenho o hábito de ler historietas avulsas por aí. Senti a vontade de comentar sobre esses textos breves, portanto, eu comentarei por aqui sobre contos, novelas e outras leituras mais enxutas. Note-se que este post não é uma resenha, mas um apanhado de considerações breves suscitadas após a leitura do texto.
Muitos autores dizem se surpreender com personagens que ganham vida e fogem ao seu controle durante a criação de uma obra. Mas o que aconteceria se eles decidissem radicalizar de vez? Em A Greve a jornalista e escritora Maristela Deves tenta responder a questão.
Nesta divertida narrativa, um escritor se prepara para escrever mais um conto, porém, vê-se às turras com suas criações. Apesar de sua teimosia, o protagonista acabará percebendo que a melhor forma de lidar com personagens rebeldes é deixando-os se rebelar.
Trata-se de uma história para ler de uma sentada e sorrir um pouco. Recomendo. A autora de O Caso do Buraco (AGE, 2011) e A Culpa é dos Teus Pais (AGE, 2010) disponibilizou este conto em seu blog, Palavra Escrita.
Leia o conto aqui.
Para saber mais:
Li e Comento: minhas breves considerações sobre contos, novelas e outras narrativas curtas.
O blog da escritora lisboeta Sara Farinha contém dicas tão valiosas para escritores iniciantes que seria um desserviço aos colegas aprendizes não divulgá-las por aqui. Indicarei aqui no blog apenas os conselhos compartilhados pela própria Sara, mas entre os textos da série Recursos do Escritor há recomendações de outros artigos e sites que merecem ser conferidos.
Confira o que a autora do romance Percepção e de vários contos tem a dizer sobre diálogos.
Em As funções do diálogo, Sara enumera as cinco finalidades principais deste em narrativas. É um texto bem objetivo, de leitura rápida, que trata dos fundamentos – os quais, às vezes, acabamos esquecendo ou não dando a devida atenção. Destaque para o alerta dado pela comentarista Ana C. Nunes: cuidado para não cair na armadilha de reproduzir diálogos clichês de filmes, outros livros, etc.
O Regras para escrever bons diálogos é um texto mais elaborado no qual a autora trata de algumas “regras”, como atentar para o excesso de marcações (expressões como “ele afirmou”, “ela retrucou”, “ele berrou”) e cortar trechos que nada acrescentam, como cumprimentos e despedidas (“bom dia”, “boa noite”, “alô?”).
Os textos podem ser acessado pelos links abaixo. Ah, e não estranhe termos ou construções incomuns no texto da autora, afinal, ela escreve em português de Portugal.
Confiram os Recursos do Escritor no site da Sara Farinha:
Sara Farinha é autora do romance Percepção, uma estranha realidade, publicado pela Editora Alfarroba, em Novembro de 2011. Participou no terceiro volume da Antologia de Poesia Contemporânea Entre o Sono e o Sonho com o poema Ausência Consagrada.
Administradora do blogue Sara Farinha e co-autora do Fantasy & Co. onde publica vários contos de literatura fantástica. Inaugurou o seu website Sara Farinha no passado dia 29 de Novembro, onde podem aceder a todos estes projetos literários.
Tem ainda uma presença activa nas diversas redes sociais onde podem acompanhar o seu percurso através do Twitter, Facebook, Google+ ou Pinterest.
Saiba antes de ler: além de romances e livros sobre a arte da escrita, tenho o hábito de ler historietas avulsas por aí. Senti a vontade de comentar sobre esses textos breves, portanto, eu comentarei por aqui sobre contos, novelas e outras leituras mais enxutas. Note-se que este post não é uma resenha, mas um apanhado de considerações breves suscitadas após a leitura do texto.
Escrito pela jornalista Andrea Carvalho, o conto O Uivo do Sertão conquistou o quarto lugar do Prêmio Maximiano Campos de Literatura de 2012.
A história trata da desventura de um trabalhador humilde que se apaixona pela filha de um latifundiário. O sentimento do jovem é correspondido, mas um segredo terrível pode destruir esse amor tão puro.
A proposta pode não ser das mais originais, porém, o desenvolvimento ágil e objetivo conduz o leitor por uma narrativa comovente. O protagonista é cativante; é impossível não torcer por sua felicidade, apesar de todos os indícios de que esta não será seu destino.
A obviedade do segredo – um conhecedor de lendas sertanejas mata a charada na hora – e o desfecho previsível desde o início da leitura são pontos negativos. Mas nada disso prejudica a poesia dessa história, que remete às fábulas de infância ou aos causos do interior.
O conto foi disponibilizado pela autora aqui (siteBar do Escritor).
Para saber mais:
Li e Comento: minhas breves considerações sobre contos, novelas e outras narrativas curtas.
Desafio Vocabular é uma série de breves artigos que coloca o leitor cara a cara com termos pouco usuais do nosso idioma. Ao contrário do que possa parecer, nenhuma das palavras selecionadas foi retirada de dicionários, mas de minhas próprias leituras casuais. Quer participar da brincadeira? Entre em contato.
Sabe o que é FÍMBRIA? Leia a frase abaixo e veja se descobre o significado dessa palavra.
A fímbria marítima arrancou-lhe lágrimas.
E aí? Descobriu? Provavelmente, não é o que você está pensando. Confira a resposta a seguir.
FÍMBRIA
Do Dicionário Aurélio:
Substantivo feminino.
1. Franja, orla
2. A orla ou extremidade inferior do vestido, saia, etc.:
3. Anat. A extremidade ovariana de cada trompa de Falópio.
[Cf. fimbria, do v. fimbriar.]
Do Dicionário Houaiss:
n substantivo feminino
1. parte que delimita (esp. terreno); beira, orla
2. traçado contínuo, alongado, representativo do comprimento
de uma extensão; linha, traço
3. extremidade inferior de saia, vestido etc.
4. adorno constituído de bordado ou fios entrelaçados,
ger. aplicado na borda de tecidos; franja
5. Rubrica: anatomia geral.
extremidade da tuba uterina
6. Rubrica: morfologia botânica.
parte de um órgão dividida em segmentos muito finos,
como as lacínias
7. Rubrica: morfologia zoológica.
qualquer estrutura franjada
Se você chegou perto, parabéns; é um grande conhecedor da Língua Portuguesa! Se você errou feio, não se preocupe; é apenas mais um dos meros mortais que se habituam a um vocabulário recorrente.
Que FÍMBRIA seja sua palavra de hoje. Tente usá-la em uma frase ao longo do dia. Seus amigos o agradecerão pela cultura. Só não vale usar a frase “você sabe o que é FÍMBRIA?”.
Ah, e não deixe de compartilhar sua frase nos comentários.
Escrevi este artigo como complemento à resenha do livro O Caçador de Androides, do aclamado escritor americano Philip K. Dick. Acabei me deixando levar por sua interessante biografia e o texto ficou maior do que o esperado, então achei melhor criar outro post.Confiram maiores informações sobre a vida e os filmes inspirados nas obras deste fantástico autor de ficção científica.
Philip K. Dick foi um escritor prolífico, tendo escrito 36 romances e 5 coleções de contos entre 1952 e 1982, quando faleceu aos 56 anos. O misto de visões futuristas e de experiências pessoais é característico de suas obras. O romance O Homem Duplo, por exemplo, foi dedicado aos amigos que morreram ou, assim como próprio Dick, sofreram devido ao uso de drogas.
Descrente de qualquer forma de governo ou autoridade, o escritor teve uma vida atribulada e marcada por eventos que provocaram nele os mais diversos estados mentais: a morte da irmã gêmea, Jane, 14 dias após o nascimento; a separação dos pais ainda na infância; 5 casamentos fracassados; os tratamentos de vícios.
Os anos mais criativos do autor foram aqueles das décadas de 50 e 60, período no qual firmou-se no mundo da ficção científica e teve sua contribuição reconhecida – o primeiro romance foi Solar Lottery, de 54; em 62, foi premiado com o Hugo por O Homem do Castelo Alto. Há quem defenda, porém, que os melhores trabalhos dele foram publicados na década de 70, como O Caçador de Androides e Fluam, Minhas Lágrimas, Disse o Policial (prometido para o final de 2012, mas ainda não publicado pela Editora Aleph).
Os últimos anos da vida de Dick foram marcados por uma experiência religiosa que este teria tido em 1974, quando, segundo ele, recebeu uma visita de Deus ou do que seria, no mínimo, uma entidade divina. Ele escreveria sobre isso até sua morte, ora tratando o evento como uma espécie de revelação celestial, ora como um sinal claro de comportamento esquizofrênico.
Embora tenha tido obras premiadas e aclamadas pela comunidade de ficção científica, Dick jamais fez fortuna como escritor, recebendo pouco mais que o adiantamento financeiro cedido por seus editores – dos royalties ele mal tinha notícia. Talvez isso explique porque o autor era tão prolixo. Sua situação financeira era razoável em 1982, quando recebeu uma boa quantia pelos direitos da adaptação cinematográfica de O Caçador de Androides; infelizmente, ele faleceu antes da estreia do filme nos cinemas.
Philip K. Dick no Cinema
Sem dúvida Dick deve figurar no rol dos escritores com mais obras adaptadas ao cinema. A maioria dos fãs dos filmes sequer deve desconfiar, mas são inspirados em trabalhos do escritor, além de Blade Runner – O Caçador de Androides:
O Vingador do Futuro, 1990, de Paul Verhoeven, estrelando Arnold Schwarzenegger; e também o remake de 2012, com Colin Farrell; inspirado no conto Lembramos para você a preço de atacado.
Confissões de um Louco, 1992; inspirado no romance Confessions of Crap Artist.
Screamers: Assassinos Cibernéticos, 1995, com Peter Weller (o eterno Murphy de Robocop); inspirado no conto A segunda variedade.
O Impostor, 2002, inspirado no conto homônimo.
Minority Report – A Nova Lei, 2002, de Steven Spielberg, estrelando Tom Cruise; inspirado no conto O relatório minoritário.
O Pagamento, 2003, de John Woo, estrelando Ben Affleck; inspirado no conto homônimo.
O Homem Duplo, 2006, estrelando Keanu Reeves; inspirado no romance homônimo.
O Vidente, 2007, estrelando Nicolas Cage; inspirado no conto O Homem Dourado.
Radio Free Albemuth, 2010, estelando Alanis Morissette; inspirado no romance homônimo.
Os Agentes do Destino, 2011, estrelando Matt Damon; inspirado no conto A equipe de ajuste.
A maioria destes contos está disponível no recente lançamento da Editora Aleph, Realidades Adaptadas. A Aleph tem (re)publicado vários trabalhos de Dick nos últimos meses (confira o link abaixo).
Para saber mais:
O Caçador de Andróides: minha resenha sobre o livro de Dick que inspirou o filme Blade Runner.
Biografia: mais informações sobre Philip K. Dick. Recomendo consultar as demais seções deste site produzido por fãs das obras do escritor (em inglês).
A Experiência Religiosa de Philip K. Dick: história em quadrinhos publicada na revista Weirdo em 1986 sobre a experiência mística do autor em 74; traduzida para português pelo site Ovelha Elétrica.
Realidades Adaptadas: artigo da Revista Trip sobre o lançamento da Editora Aleph que reune sete contos de Dick que inspiraram adaptações cinematográficas.
O filósofo da ficção científica: interessante série em 3 partes publicada no site do The New York Times sobre o autor (em inglês).
Saiba antes de ler: além de romances e livros sobre a arte da escrita, tenho o hábito de ler historietas avulsas por aí. Senti a vontade de comentar sobre esses textos breves, portanto, eu comentarei por aqui sobre contos, novelas e outras leituras mais enxutas. Note-se que este post não é uma resenha, mas um apanhado de considerações breves suscitadas após a leitura do texto.
Não é humano é a estreia profissional do escritor Miguel Carqueija. Originalmente publicado na antologia Dinossauria Tropicalia, o conto foi reproduzido na sexta edição da extinta revista Dragão Brasil.
Narrada por um velho e enfermo professor da cidadezinha de Pedra Torta, a história trata de um livro profano raríssimo encontrado na biblioteca local e das terríveis consequências de tal descoberta.
É explícita a inspiração nos trabalhos de H. P. Lovecraft, cultuado escritor norte-americano de horror e criador dos Mitos de Cthulhu. No entanto, o texto se destaca pela interessante ideia da ameaça de seres pré-históricos não tão extintos quanto se habituou a crer.
Incomodou-me o clichê do vilão que se revela por conta própria e compartilha todos os seus planos à pretensa vítima indefesa – uma maneira prática e objetiva, mas pobre, de expor informações ao leitor. Mesmo apresentando desfecho forçado, abrupto e até previsível, trata-se de um bom conto.
Para saber mais:
Li e Comento: minhas breves considerações sobre contos, novelas e outras narrativas curtas.
Quem é Miguel Carqueija: entrevista com o escritor por Tibor Moricz no siteÉ só outro blogue. Confira no artigo os links para vários trabalhos disponibilizados gratuitamente pelo autor, como a novela A face oculta da galáxia.
Desafio Vocabular é uma série de breves artigos que coloca o leitor cara a cara com termos pouco usuais do nosso idioma. Ao contrário do que possa parecer, nenhuma das palavras selecionadas foi retirada de dicionários, mas de minhas próprias leituras casuais. Quer participar da brincadeira? Entre em contato.
Sabe o que é AVANTESMA? Leia a frase abaixo e veja se descobre o significado dessa palavra.
O avantesma lhe revirou o estômago.
E aí? Descobriu? Provavelmente, não é o que você está pensando. Confira a resposta a seguir.
AVANTESMA
Do Dicionário Aurélio:
Substantivo de dois gêneros.
1. V. fantasma (3). [Var.: abantesma.]
2. Fig. Pessoa ou coisa que assusta ou cuja presença é
desagradável ou repugnante.
Do Dicionário Houaiss:
n substantivo de dois gêneros
1. alma do outro mundo, fantasma, espectro;
aparição terrificante
2. Derivação: sentido figurado.
indivíduo ou coisa que causa susto ou que,
por seu aspecto, é desagradável ou mesmo
repugnante
Se você chegou perto, parabéns; é um grande conhecedor da Língua Portuguesa! Se você errou feio, não se preocupe; é apenas mais um dos meros mortais que se habituam a um vocabulário recorrente.
Que AVANTESMA seja sua palavra de hoje. Tente usá-la em uma frase ao longo do dia. Seus amigos o agradecerão pela cultura. Só não vale usar a frase “você sabe o que é AVANTESMA?”.
Ah, e não deixe de compartilhar sua frase nos comentários.