Autor: T. K. Pereira (Página 8 de 21)

T. K. Pereira é escritor de coração e analista de sistemas por necessidade. Sob o manto do Escriba Encapuzado, idealizou o projeto 7 coisas que aprendi, foi finalista do concurso literário Brasil em Prosa 2015, e publicou contos em antologias diversas. Vozes (2019) é seu primeiro livro de contos solo.

NaNoWriMo: as críticas e o valor do desafio

Escrever um livro de 50 mil palavras em 30 dias é uma proposta audaz. É natural, portanto, que o National Novel Writing Month (NaNoWriMo) seja visto com desconfiança ou até mesmo descaso, principalmente por escritores e demais profissionais do mercado editorial.

As principais causas para a aversão dos detratores do NaNoWriMo são a má interpretação da essência do evento e a crença preconceituosa de que este não produz boas obras. Ainda que a tais críticas não sejam injustificadas, é inegável que o evento tem sim seus méritos.

Críticas recorrentes

O NaNoWriMo não é sobre qualidade, mas quantidade; é uma competição, nada mais.

Essa visão equivocada é reforçada não só por muitos participantes como pelo próprio site do evento. Embora encorajem as revisões, os organizadores do NaNoWriMo não alardeiam todo o trabalho que aguarda os escritores após o fim de novembro.

Por isso, é comum ver trabalhos disponibilizados na íntegra na Internet poucos dias depois de concluídos, sem que tenham passado sequer por uma fundamental correção ortográfica e gramatical.

O objetivo não é produzir um livro de 50 mil palavras para ser exibido como um troféu nem para abarrotar a caixa postal de editoras na esperança de ser publicado. O escritor consciente compreende isso, aceita que é difícil escrever algo de qualidade em 30 dias e dedica os dias, meses, anos seguintes revisando e aprimorando seu trabalho.

“Eu odeio o NaNoWriMo.”

O NaNoWriMo não encoraja a boa escrita e muito menos sua melhor prática.

Ninguém define melhor seu processo de trabalho do que o próprio escritor. Não existe um só meio de se produzir um romance. Alguns passam anos sobre um original, outros concluem em meses, dias ou até mesmo horas.

Sir Arthur Conan Doyle escreveu o livro de estreia do detetive Sherlock Holmes, Um Estudo em Vermelho, em 3 semanas. John Boyne escreveu O Menino do Pijama Listrado em apenas dois dias e meio. O brasileiro Ryoki Inoue venceu o desafio de um americano ao escrever um livro em algumas horas.

O prazo curtíssimo do NaNoWriMo é apontado como o vilão da boa escrita: pressionado pela meta “absurda”, o participante poderia se valer de artifícios como abusar do uso de adjetivos e advérbios, por exemplo. Desnecessário dizer que isso é trapaça, não é? Tais atitudes apenas reforçam, erroneamente, o clima de competição do evento.

O escritor mais produtivo do mundo segundo o Livro dos Recordes.

No NaNoWriMo a pressão não forma diamantes, apenas pó.

A criação literária é caracterizada pela moldagem parcimoniosa da obra: é preciso trabalhar as ideias na mente por um tempo, deixá-las amadurecer e só então transpô-las para o papel. Essa é uma noção comum entre escritores e com a qual concordo. Mas o NaNoWriMo não vai contra isso.

As “regras” do evento ditam que trabalhos anteriores não podem ser aproveitados, isto é, o livro deve ser escrito do zero. Isso não significa, porém, que o participante seja proibido de dedicar-se nos meses anteriores à maturação das ideias do romance que pretende escrever.

Também não impede que, nos meses seguintes, o texto seja revisado e aprimorado. A grande maioria dos livros produzidos durante o evento não está pronta para ser mostrada ao mundo. Um Estudo em Vermelho e O Menino do Pijama Listrado com certeza não foram publicados sem uma criteriosa revisão.

Todo grande romance passa por rigorosas etapas de revisão.

O NaNoWriMO não incentiva a mentalidade certa para ser criativo.

Atentar para o total diário de palavras pode minar a criatividade do participante e tirar o seu foco da história, que é o que realmente importa. Sim, é bem possível. Acontece que novembro não é um mês para ser criativo, mas sim produtivo.

Certa vez, escutei um escritor descrever seu processo de trabalho. Havia uma longa fase de criação, dedicada apenas à maturação de ideias, pesquisas, mapas mentais. A fase seguinte era a de produção, na qual ele escrevia a história efetivamente, utilizando como referência todo o material obtido na fase de criação.

Em outras palavras, somente quando este escritor sentia ter esgotado todas as possibilidades de criação que lhe agradavam é que ele começava a escrever, mecanicamente, o livro de fato.

Alguns escritores separam a fase de criação da fase de produção.

O NaNoWriMo esgota a mente de seus participantes a troco de nada.

Sim, o evento é uma maratona verdadeiramente extenuante. Haverá momentos em que o participante se sentirá frustrado, desesperado, tentado a desistir. Isso acontecerá ainda com maior frequência se tiver de conciliá-lo com trabalho ou estudos.

Para os vitoriosos, o fim de novembro poderia reservar uma aversão passageira pela escrita, não fosse pela satisfação de concluir a primeira versão de um romance. Finalmente aquela história que antes existia apenas em na mente está ali, diante dos olhos, palpável. Está pronta, é impecável? Claro que não. Mas ela existe!

Aqueles que não conseguiram atingir as metas do NaNoWriMo não têm razão para se abater e devem aproveitar a experiência para refletir, aprender e evoluir como escritores.

Um provável vencedor do NaNoWriMo.

A natureza do NaNoWriMo

Escrever, escrever, escrever. Essa máxima repetida pela maioria dos escritores se aplica bem ao evento. Quanto mais se escreve, mais se aprende a escrever. Quando o participante voltar ao texto original algum tempo depois, aprenderá ainda mais ao reescrever aquele rascunho tosco.

NaNoWriMo é isso. É o empurrão para tirar o escritor da inércia, é a pressão na forma de prazo, é a adrenalina do desafio, é o incentivo para se escrever a primeira versão daquela história que há muito tempo só existe fragmentada em pensamentos.

Dizer que o evento não produz bons livros é bobagem. Se fosse verdade, livros como O Circo da Noite, de Erin Morgenstern, e Água para Elefantes, de Sara Gruen, jamais teriam sido publicados nem se tornado sucesso de vendas.

Quem disse que o NaNoWriMo não produz bons livros?

Perdoem-me os detratores, mas o NaNoWriMo tem sim seu valor. Não fosse assim, o evento não contaria com o apoio de escritores do calibre de James Patterson, Neil Gaiman, Garth Nix, Philip Pullman, John Green e Meg Cabot, não é mesmo?

Para saber mais:

  1. NaNoWriMo: 30 dias para escrever um livro – saiba mais sobre o evento no primeiro artigo da série que estou escrevendo.
  2. National Novel Writing Month PEP Talks: palavras de incentivo de escritores renomados na página oficial do evento (em inglês).
  3. 5 livros publicados que nasceram no NaNoWriMo: um TOP 5 no blog For books’ sake (em inglês).
  4. 13 verdades terríveis sobre o NaNoWriMo: o outro lado da moeda por um participante do evento (em inglês).
  5. Como escrever um livro em 30 dias: um guia elaborado pelo jornal The Guardian (em inglês).

NaNoWriMo: 30 dias para escrever um livro

Ano passado, eu abandonei o blog por um mês inteiro para escrever um livro. Unindo-me a outros loucos de todo o mundo, topei o desafio proposto pelo National Novel Writing Month ou NaNoWriMo (Mês Nacional de Escrita de Romances, em tradução livre).

Com a proximidade de mais uma edição, decidi elaborar uma breve série de artigos para compartilhar um pouco dessa inesquecível e enriquecedora experiência.

Iniciado nos Estados Unidos, o NaNoWriMo completa 15 anos em 2013 com mais de 300 mil (número da última edição) inscritos de diversos países, incluindo o Brasil – já passou da hora dos organizadores reverem o nome do evento, não? A participação é livre e não há restrições quanto a gênero, tema, idioma ou estrutura da obra.

Em contrapartida, espera-se que algumas diretrizes sejam seguidas pelos participantes. Mas as únicas regras verdadeiras são essas: o livro deve ser escrito num mês (Novembro) e ter, no mínimo, 50 mil palavras.

Trinta dias de abandono literário

Para alcançar uma meta tão assustadora, é preciso escrever algo em torno de 1.667 palavras por dia. Difícil? Pode apostar que sim. Mas não é impossível, como comprovam os milhares de vencedores das edições passadas.

A chave para a conquista é ter consciência de que o livro não estará pronto para publicação ao final do desafio. Os próprios idealizadores alertam que tal chance é ínfima: o mais provável é que o resultado será horrível. Tudo bem, afinal, o objetivo aqui é outro.

“A primeira versão de qualquer coisa é uma merda.”

O NaNoWriMo é o necessário chute nos fundilhos daqueles que querem ser escritores, mas se deixam desanimar pelo perfeccionismo, pela inércia, e por outras tantas desculpas fajutas. Trata-se de um incentivo à produção de algo concreto, nem que seja um rascunho tosco.

Ao encarar o desafio, é preciso desligar o crítico interno. As revisões, adaptações e reescritas serão necessárias, mas somente mais adiante. Novembro é o mês para transpor ao papel uma história que se deseja contar ou pensamentos que se queira expressar. A única preocupação deve ser escrever, escrever, escrever.

Começando do zero (mas nem tanto)

Pelas diretrizes, trabalhos anteriores não podem ser aproveitados, ou seja, é preciso escrever um livro a partir do nada. Nada impede, porém, que o participante rascunhe um planejamento com certa antecedência. Na verdade, um guia é mais do que aconselhável, é essencial para a vitória.

O NaNoWriMo é uma maratona; é preciso produzir muito no menor tempo possível – e ainda conciliar a escrita com as demandas naturais do dia a dia. Por isso, o ideal é ter claro desde o começo o livro que se pretende escrever para evitar desperdiçar horas tentando encontrar o rumo perdido.

“É tudo parte do plano.”

O planejamento é ainda mais útil ao se produzir uma coletânea de contos, já que esta trará diferentes narrativas, com personagens e situações diversas. Planejar evita bloqueios e ajuda a focar apenas na escrita durante os 30 dias.

Para aprender com os colegas

Para promover a interação entre os participantes, o site do NaNoWriMo dá suporte a vários fóruns. Divididos por regiões, esses pontos de encontro virtuais são moderados por municipal liaisons (algo como referências municipais): a eles cabem, entre outras, a função de divulgar o evento em sua comunidade.

Até 2012 os fóruns brasileiros eram gerenciados pelo paulista Fernando Aires e pela porto-alegrense Luiza Monteiro, ambos participantes (e vencedores) de várias edições anteriores – é preciso ter vencido o NaNoWriMo para se tornar um municipal liaison.

Os encontros presenciais, chamados write ins ou parties (saraus), também são comuns. Neles os participantes confraternizam, celebram o começo ou o fim do evento e, é claro, escrevem – mas nem todos, já que é possível encontrar quem participe apenas como observadores desse grande laboratório.

Uma brincadeira séria

Ao contrário do que parece, o NaNoWriMo não é uma competição. De fato, não há nada de espetacular na premiação reservada àqueles que alcançarem a meta de 50 mil palavras: um certificado, um emblema, artes para camisetas, alguns descontos em programas de parceiros e só.

Recompense-se com um delicioso cappuccino.

O valor do evento está na motivação proporcionada por sua meta e prazo, na chance de ter ao menos uma primeira versão completa do livro tão sonhado, na oportunidade de interagir e aprender com uma comunidade que reúne escritores amadores e profissionais.

Interessado? A próxima edição do NaNoWriMo está chegando. Ainda há tempo para se preparar, então que tal já ir tacando no papel algumas ideias para sua obra? Produza um guia caprichado e vá se aquecendo para um mês inteiro de abandono literário.

As “Regras” do NaNoWriMo

O evento garante liberdade de criação aos participantes, mas estabelece certas orientações para definir quem pode se considerar um vencedor do desafio.

Note-se que nada disso impede a participação, já que a única validação no site do NaNoWriMo se dá sobre a quantidade de palavras; cabe a cada um manter-se em paz com sua consciência.

  1. Escrever um romance de 50.000 mil palavras ou mais durante o mês de novembro.
  2. Começar do zero. Nada impede o participante de fazer planejamentos, pesquisas, rascunhos, mas nenhum material escrito previamente pode ser utilizado na contagem final do desafio. Não é permitido dar continuidade a um trabalho pré-existente.
  3. Aceita-se somente romances. É considerado um romance todo trabalho longo de ficção, incluindo ficções de fãs (FanFics) e coletâneas de contos, desde que tenham um tema em comum. Música, poesias, roteiros, quadrinhos, e obras de não ficção (biografias, memórias, autoajuda) não são romances.
  4. Autoria única. Não são permitidos livros escritos em parceria. Espera-se que o participante escreva mais do que uma única palavra repetida 50 mil vezes.
  5. Enviar o livro ao site para validação de palavras nos últimos dias de novembro.

Para saber mais:

  1. National Novel Writing Month: página oficial do evento. Acesse, informe-se e participe do desafio!
  2. Como consegui escrever um livro em 4 semanas: relato de Diego Schutt, autor do Ficção em Tópicos e participante da edição de 2010 do NaNoWriMo.
  3. NaNoWriMo: O que eu aprendi sobre ser escritor? relato de Bruno Cobbi, autor do Aprendiz de Escritor e editor na Terracota Editora.
  4. NaNoWriMo por Sara Farinha: a escritora lisboeta tem grande experiência e já escreveu vários posts sobre o evento. Confira suas dicas preciosas.

Li e Comento: A Pesquisadora dos Arcanos (Conto)

PenaPenaPena

Saiba antes de ler: além de romances e livros sobre a arte da escrita, tenho o hábito de ler historietas avulsas por aí. Senti a vontade de comentar sobre esses textos breves, portanto, eu comentarei por aqui sobre contos, novelas e outras leituras mais enxutas. Note-se que este post não é uma resenha, mas um apanhado de considerações breves suscitadas após a leitura do texto.

Em A Pesquisadora dos Arcanos, Miguel Carqueija retorna ao enlouquecedor universo de H. P Lovecraft. Espécie de continuação a Os pesadelos atacam e originalmente publicado na edição 18 da extinta revista Dragão Brasil, o conto narra a busca obstinada de Valquíria por seres sobrenaturais que vivem às sombras da humanidade.

Após uma experiência aterrorizante que lhe revelou a existência de entidades mais antigas que o próprio tempo, a jovem Valquíria visita a cidadezinha de Pedra Torta à caça do raríssimo exemplar de um livro profano. Mal sabe ela que seus passos são acompanhados com muito interesse e que uma simples visita à biblioteca pode lhe custar a sanidade.

Mais consistente que Os pesadelos atacam, também protagonizado por Valquíria, o conto faz uso do recurso de reproduzir trechos do livro (o Necronomicon, é claro), mas aqui estes fazem todo sentido à história contada. Em dado momento, ao justificar a ameaça que paira sobre a protagonista, o texto assume um aspecto acadêmico e se torna excessivamente expositivo, o que prejudica um pouco.

O trunfo da história é o ataque à Valquíria e o modo como esta se defende ao empregar uma espécie de truque científico – ainda que este pareça mais algum tipo de mágica – baseado na Lei da Relatividade de Einstein! Os paradoxos são igualmente interessantes.

Um exemplar do misterioso “Necronomicon”

Este é o terceiro conto de Carqueija ambientado em Pedra Torta, o que cria uma atmosfera macabra em torno da cidadezinha fictícia (o próprio autor já se referiu a ela como a Arkham brasileira). Quem leu o conto Não é humano também experimentará uma agradável sensação de familiaridade com a ambientação.

Os erros de português incomodam um pouco, mas estes são visivelmente falhas de digitação. Trata-se de um bom conto, enfim, mas pouco recomendado para quem nunca leu os contos de H. P. Lovecraft e do próprio Carqueija: as referencias aos Antigos e ao Necronomicon não farão muito sentido, embora não seja difícil supor sua natureza extradimensional.

O conto foi disponibilizado pelo autor em sua coluna, Anexos da Realidade, no portal Entre Textos.

Para saber mais:

  1. Li e Comento: minhas breves considerações sobre contos, novelas e outras narrativas curtas.
  2. Li e Comento: Não é humano (Conto): bom conto de Miguel Carqueija, o primeiro ambientado na cidadezinha de Pedra Torta.
  3. Li e Comento: Vi uma coisa medonha no céu (Conto): neste conto razoável algo sinistro ocorre em Pedra Torta.
  4. Li e Comento: Os Pesadelos Atacam (Conto): primeiro conto de Valquíria, a protagonista de A Pesquisadora dos Arcanos.
  5. Quem é Miguel Carqueija: entrevista com o escritor por Tibor Moricz no site É só outro blogue. Confira no artigo os links para vários trabalhos disponibilizados gratuitamente pelo autor, como a novela A face oculta da galáxia.
  6. A vida e obra de H. P. Lovecraft: site em português que há 8 anos divulga os trabalhos deste cultuado escritor. Descubra o que são os Mitos de Chtulhu.
  7. O universo inominável de H.P. Lovecraft: episódio 321 do NerdCast dedicado inteiramente ao escritor.

Como ser escritor?

Escritores profissionais são confrontados com esta pergunta com frequência. É provável que ouçam também as variantes clássicas: como você escreve? Por quê? De onde vêm suas ideias? Qual é o seu processo?

Dentre os que se dispõem a respondê-las, uns são práticos e realistas, outros são subjetivos e enigmáticos. Seja como for, a questão é o que nos provoca tal curiosidade? E em que ela pode ser útil para alguém que sonha tornar-se um escritor?

O Segredo dos Escritores

Quando decidi me dedicar a sério a esse lance de escrever histórias de ficção, minha primeira atitude foi pesquisar os casos de jovens escritores nacionais de sucesso. Eu queria estuda-los, refazer seus caminhos rumo ao reconhecimento, conhecer seus métodos de trabalho, enfim, descobrir seus segredos, aquilo que os tornava especiais.

É natural que escritores em inicio de carreira busquem espelhar-se em autores publicados, sejam eles best-sellers ou pessoas próximas que conquistaram um lugar no mercado editorial. Nós os acompanhamos nas redes sociais, adicionamos seus blogs aos favoritos, lemos (e relemos) seus artigos e obras; tudo na vã expectativa de identificar, ali nas entrelinhas, um quinhão de conhecimento oculto que revele a razão de seu sucesso na carreira literária.

“Qual é o segredo dele para fazer tanto sucesso entre os leitores?”

Inspiramo-nos neles. Queremos aprender com seus erros e acertos. Comparamo-nos a eles na tentativa de aplacar nossas inseguranças. Será que estou seguindo o caminho certo? Sou capaz de lidar com as angústias da vida de escritor (elas existem e são muitas)? Tenho perfil profissional? Conseguirei reconhecimento algum dia ou estou fadado ao anonimato?

Um destino, muitos caminhos

Ainda que todas essas reflexões sejam compreensíveis, a verdade, por mais clichê que isso possa parecer, é mesmo esta: seguir os passos de um autor bem-sucedido não garante o seu sucesso. Cada escritor deve refletir sobre sua história, suas qualidades e defeitos, e, então, dar o primeiro passo rumo a uma jornada de autodescoberta.

Devemos trilhar nossos próprios caminhos, construir nossas próprias histórias. Isso não quer dizer, porém, que não seja possível remover algumas pedras do caminho. É exatamente neste aspecto que conhecer as trajetórias de outros autores é útil para os aspirantes a escritor. A experiência deles nos permite aprender como lidar com nossos próprios desafios… e saber que não há dificuldade que seja insuperável.

“Literatura mainstream, de gênero, ou algo inovador? Hmm…”

E você, colega aprendiz, que caminho tem trilhado?

Para saber mais:

  1. Série 7 coisas que aprendi: página principal do projeto que convida escritores em diversas fases da carreira a compartilharem suas experiências.
  2. De escritores para escritores: descubra tudo sobre as origens do projeto “7 coisas que aprendi”.
  3. Quero ser escritor: algumas palavras sobre o sonho de viver de literatura no Brasil.
  4. Não perca a motivação – 10 dicas para escritores: minha tábua de mandamentos pessoais para os momentos de crise existêncial.
  5. Os primeiros passos da jornada: onde devaneio sobre o tempo, o desejo de escrever e dicas de escrita.

10 vantagens da autopublicação de livros

Principiante ou veterano, todo escritor já cogitou utilizar alguma plataforma de autopublicação. Eu confesso que o fiz várias vezes, mesmo vendo a publicação como um projeto de longuíssimo prazo. Costumo acompanhar novidades sobre o assunto, pois é sempre bom estar atento às possibilidades ofertadas pelo mercado editorial.

As plataformas de autopublicação estão proliferando no Brasil, graça, obviamente, à Internet. Além do pioneiro serviço da Amazon, o Kindle Direct Publishing, os escritores brasileiros têm agora à disposição o Publique-se da Livraria Saraiva, o iba, o Bookess, o Clube dos Autores, o Kobo Writing Life e o recente e-Galáxia.

Uma rápida pesquisa virtual revela essas e muitas outras plataformas. As seis supracitadas foram indicadas pelo site parceiro Listas Literárias, que indicou também o Google Play, para dispositivos móveis – este requer o pagamento de uma taxa de $25. Também são muitos os sites que enumeram os prós e contras da autopublicação.

Por esses dias, topei com um interessante infográfico que lista 10 razões pelas quais vale a pena autopublicar um livro. A seguir, compartilho a tradução livre do texto, pontuada por breves considerações minhas. Espero que seja de alguma utilidade para os colegas, aprendizes ou não, que já disponham de livros prontos para publicação.

Elaborado por Shawn Welch, autor de três livros, entre eles APE: Author, Publisher, Entrepreneur — How to Publish a Book, o infográfico está disponível no idioma original aqui.

Publicação Artesanal: TOP 10 razões para autopublicar
  1. Conteúdo e controle do projeto

    Quando autopublica um livro você pode controlar seu conteúdo, tamanho, e aparência. Mas caso o livro não seja bom não haverá editor ou comitê editorial para culpar.

    Toda liberdade implica em responsabilidade. O autor deve comprometer-se profissionalmente com sua obra. Em se tratando de e-books, as plataformas disponíveis hoje no mercado cuidam bem dos aspectos essências da produção, como diagramação e disponibilização em formatos compatíveis com diversos modelos de e-readers, tablets e celulares.

    Contudo, há pouca ou nenhuma preocupação com a questão visual (capa, ilustrações) e com a revisão do texto, por exemplo. O autor deve cuidar de tais questões por conta própria ou arcar com os custos de profissionais especializados, caso reconheça sua limitação ou deseje uma qualidade digna de obras lançadas por editoras.

  2. Tempo para comercializar

    O livro pode estar disponível no mercado em menos de uma semana tão logo se finalize uma versão revisada. Uma editora tradicional leva de seis a nove meses para pôr um livro impresso no mercado e não liberará uma versão digital antes da impressa.

    O livro sai mais rápido, mas, em contrapartida, não conta com todo o aparato de divulgação de uma editora, nem será promovido pela plataforma escolhida – a menos que se pague por isso. Caberá ao próprio autor divulgar o trabalho, o que requer tempo e dedicação – o esforço pode ser ainda maior, caso ele não tenha qualquer noção de marketing.

    A Internet é, obviamente, uma poderosa aliada do escritor, mas como qualquer ferramenta só é útil quando utilizada corretamente – e não, assinar comentários aleatórios em blogs, fóruns e grupos de discussão com o nome e local de compra do livro não é uma boa forma de divulgá-lo.

  3. Longevidade

    Quando uma editora tradicional deixa de comercializar um livro, o autor passa a ter pouco retorno financeiro. Com a autopublicação, você pode manter seu livro no prelo para sempre – ou ao menos pelo tempo necessário para que os leitores te descubram.

    Com a autopublicação você não corre o risco de ver seu livro tornar-se mais um espécime raro a habitar as prateleiras poeirentas de bibliotecas ou sebos por não ter conseguido acordo para novas (e maiores) tiragens.

  4. Revisões

    Na publicação tradicional podem ser necessários meses para reparar erros, pois as editoras só imprimem edições revisadas depois de esgotarem todo o estoque atual. O autopublicado pode revisar seus livros imediatamente junto aos revendedores de e-books online e às gráficas de impressão sob demanda.

    Sim, tal possibilidade é excelente, mas, como dito anteriormente, o ideal é prezar pela revisão profissional antes da disponibilização do livro no mercado – é claro que sempre existirão erros. Considero como vantagem também poder incrementar o livro posteriormente com apêndices, mapas, ilustrações, etc., permitindo a criação de edições comemorativas ou especiais.

    Eis o lado negro dessa facilidade: ceder à tentação de modificar tanto a obra quer por vontade própria quer para atender ao feedback de leitores que ela acabe se tornando outra coisa, o que não seria justo com os compradores das edições iniciais. Não acho improvável acontecer.

  5. Royalty maior

    O royalty recebido de uma editora tradicional varia entre 10% e 15% dos lucros das vendas do livro. A Amazon, por outro lado, paga royalty de 35% ou mais.

    No Brasil, a renda do escritor autopublicado normalmente gira em torno dos 30% – na Amazon é possível receber até 70%, desde que a obra seja inscrita num serviço especial chamado KDP Select, o qual impõe algumas restrições. Aparentemente, a porcentagem oferecida por essas plataformas ainda é superior àquela ofertada pelas editoras, o que é um grande atrativo, ainda mais para os escritores em início de carreira.

    Contudo, cabe sempre frisar que é indispensável ler com atenção todas as clausulas do contrato para evitar surpresas desagradáveis no futuro. Outra preocupação é ficar atento às políticas de exclusividade.

  6. Controle de Preço

    A autopublicação permite alterar livremente o preço do livro. Você pode determinar um valor mais baixo para tentar vender mais cópias ou um valor mais alto para sinalizar a qualidade do produto.

    Perfeito para promover promoções. Contudo, é preciso ter consciência e confiança no valor de seu trabalho para não correr o risco de praticamente dar o livro apenas para ser lido ou tornar-se conhecido. Escrever, afinal, é uma profissão.

  7. Distribuição global

    A autopublicação permite alcançar a distribuição global do e-book já no primeiro dia. O Kindle Direct Publishing listará seu e-book em 100 países. O iBookstore da Apple alcança 50 países.

    A princípio, não vejo vantagem aqui, a não ser que o livro esteja disponível em outros idiomas e conte com uma tradução profissional – nada de tacar o texto num tradutor automático e sair por aí publicando, como muitos picaretas têm feito.

  8. Controle de Direitos Estrangeiros

    Caso o livro seja um sucesso, editoras estrangeiras te contatarão para adquirir os direitos para seus países. Neste cenário, é possível que seu lucro seja maior por não precisar compartilhar receita com uma editora tradicional.

    Ei, não custa sonhar, certo?

  9. Estatísticas

    A maioria dos revendedores de e-books online e das gráficas de impressão sob demanda dão os resultados das venda em tempo real, ou quase. Editoras tradicionais fornecem extratos de royalty duas vezes ao ano – imagine gerir um negócio com dois relatórios de vendas por ano.

  10. Flexibilidade de Negociação

    O autopublicado pode firmar qualquer tipo de acordo com qualquer tipo de organização. As editoras tradicionais vendem apenas para os revendedores, exceto por vendas volumosas para grandes organizações.

    Vale reforçar: é preciso ficar de olho no contrato e nas políticas da plataforma utilizada, já que algumas podem exigir exclusividade sobre a distribuição da obra.

E aí, caro leitor, você concorda com as vantagens listadas pelo senhor Welch? Comente abaixo.

Para saber mais:

  1. Autopublicar ou procurar uma editora? – dicas do escritor parceiro Alexandre Lobão.
  2. Os abacaxis da publicação independente: o outro lado da moeda, pelo escritor Henry Alfred Bugalho.
  3. 7 plataformas para autopublicação: artigo do site parceiro Listas Literárias, de Douglas Eralldo
  4. Podcast Ghost Writer – Ebooks: episódio com a participação dos escritores Eduardo Spohr e Marcelo Amaral.
  5. Curso Self-Publishing: com o apoio Terracota Editora, Vanderley Mendonça, editor independente com formação nos EUA e Alemanha, ministrará este curso em São Paulo em setembro e outubro deste ano (2013).
  6. APE: Author, Publisher, Entrepreneur — How to Publish a Bookblog do livro de Shawn Welch, autor do infográfico traduzido e disponibilizado neste post.
  7. 7 coisas que aprendi – por Douglas Eralldo: a contribuição do autor de Morgan: O Único e O Titereiro dos Mortos.
  8. 7 coisas que aprendi – por Marcelo Amaral: a contribuição do autor de Palladinum – Pesadelo Perpétuo.

Como não iniciar uma história – Recursos do Escritor

O blog da escritora lisboeta Sara Farinha contém dicas tão valiosas para escritores iniciantes que seria um desserviço aos colegas aprendizes não divulgá-las por aqui. Indicarei aqui no blog apenas os conselhos compartilhados pela própria Sara, mas entre os textos da série Recursos do Escritor há recomendações de outros artigos e sites que merecem ser conferidos.

Monótonos, incompreensíveis, afoitos, clichês. A lista de maus começos é longa. Em mais um artigo da série Recursos do Escritor, a lisboeta Sara Farinha enumera 6 inícios que o escritor deve evitar a todo o custo, sob o risco de perder o leitor já nas primeiras linhas.

Descrições extensas do cenário ou dos personagens; o protagonista que acorda de um sonho ou pesadelo (algo que também ocorre muito nos filmes) ou que fica a admirar-se no espelho; tentativas de chocar de cara com uma grande revelação. Todos maus começos, sem dúvida.

Já dois tópicos listados por Sara são polêmicos: começar a história com diálogos ou com outro personagem que não seja o protagonista. Tratemos do primeiro. Para Sara, o diálogo como introdução é ruim, pois os interlocutores, o cenário, o motivo da cena, tudo é desconhecido inicialmente. Discordo em parte.

Embora o escritor precise ter muito mais cuidado, este pode sim contextualizar o leitor utilizando apenas diálogos. Quando bem trabalhado, um começo com diálogos pode até mesmo acrescentar um toque de mistério que fará o leitor querer saber mais sobre aqueles personagens ou mundo em que vivem.

Esta novela de Luiz Vilela é toda escrita em diálogos. O que isso lhe diz?

Tal começo pode não ser recomendado para escritores iniciantes, mas com certeza não deve ser considerado ruim. Talvez o maior desafio ao lidar com diálogos seja fornecer informações necessárias à compreensão do texto sem que este se torne expositivo demais.

Quanto ao segundo tópico, eu já disse por aqui que não vejo problemas num início envolvendo outro personagem. Desde que tal escolha faça algum sentido para a história, por que não começar com um misterioso vilão ou um sábio que cruzará o caminho do herói mais adiante?

Confiram os Recursos do Escritor no site da Sara Farinha:
  1. 6 inícios a evitar

Sobre a autora

Sara Farinha é autora do romance Percepção, uma estranha realidade, publicado pela Editora Alfarroba, em Novembro de 2011. Participou no terceiro volume da Antologia de Poesia Contemporânea Entre o Sono e o Sonho com o poema Ausência Consagrada.

Administradora do blogue Sara Farinha e co-autora do Fantasy & Co. onde publica vários contos de literatura fantástica. Inaugurou o seu website Sara Farinha no passado dia 29 de Novembro, onde podem aceder a todos estes projetos literários.

Tem ainda uma presença activa nas diversas redes sociais onde podem acompanhar o seu percurso através do Twitter, Facebook, Google+ ou Pinterest.

Para saber mais:

  1. Escrevendo primeiros capítulos – Recursos do Escritor: dicas preciosas de Sara Farinha.

  2. Diálogos: Funções e Regras – Recursos do Escritor: confira mais dicas de Sara Farinha.

  3. Escritora Parceira: Sara Farinha apresentando a parceria com a simpática escritora lisboeta.

  4. 7 coisas que aprendi – a valiosa contribuição de Sara para a série.

Li e Comento: O Cientista Frank (Conto)

PenaPenaPena

Saiba antes de ler: além de romances e livros sobre a arte da escrita, tenho o hábito de ler historietas avulsas por aí. Senti a vontade de comentar sobre esses textos breves, portanto, eu comentarei por aqui sobre contos, novelas e outras leituras mais enxutas. Note-se que este post não é uma resenha, mas um apanhado de considerações breves suscitadas após a leitura do texto.

Escrito pelo paraibano Bráulio Tavares, O Cientista Frank me marcou menos pela boa história e mais pela reflexão a que me levou: é válido usar uma imagem para complementar o sentido de um texto de ficção ou este deve se fazer entender por si só?

Velho, gordo, baixinho e recém-divorciado, Frank é um cientista cujas descobertas prometem uma grande revolução. Ultimamente, porém, seu único interesse é a mulher maravilhosa que conheceu num site de relacionamentos. Quando ela também demonstra interesse, o cientista não hesita em partir ao seu encontro.

Gosto do trabalho do Bráulio, porém, eu fiquei cismado depois da leitura deste conto. Junto ao texto há uma fotografia que, a princípio, pareceu-me deslocada, mas que no decorrer da narrativa passou a fazer sentido – e até me antecipou o desfecho. É aí que reside minha cisma.

Imaginei se eu teria compreendido a história sem a ajuda da tal fotografia – apesar de haver ali referências sutis que, numa leitura posterior mais cuidadosa, consegui identificar. Encafifado, copiei apenas o texto, enviei-o por e-mail a uma querida amiga e pedi sua opinião. Ela gostou e disse estar ansiosa para descobrir como tudo terminava e qual era o mistério carregado pelo Frank.

Uma imagem vale mais que mil palavras? (Arte: Juan Osborne)

Expliquei que não haveria continuação, que se tratava de um conto, e passei o link da fonte. Só depois de ver a fotografia (que não é essa aí em cima) no post original é que minha amiga entendeu a história. Enviei o texto para mais uma pessoa e o mesmo aconteceu.

DESAFIO

Decidi fazer o teste com os leitores do Escriba Encapuzado. Reproduzo o conto abaixo com a autorização do autor. O texto é exatamente o mesmo publicado no Mundo Fantasmo, blog pessoal onde Bráulio reproduz os textos publicados em sua coluna no Jornal da Paraíba.

Convido-o a ler o conto e tirar suas próprias conclusões; visite o site do escritor para conferir a fotografia à qual me refiro e depois deixe seus comentários ao final deste post. Tenho certeza de que o assunto pode render uma boa discussão. E então? Aceita o desafio?

O Cientista Frank
por Bráulio Tavares

Frank se considerou o sujeito mais azarado do mundo quando sua esposa o largou. Felizmente (pensou ele) tenho meu laboratório de Topologia Quântico-Temporal. As descobertas que fiz nos últimos seis meses, e que estão sendo codificadas por meus assistentes, estão com resultados muito melhores do que os que eu previa, e o relatório está gerando uns três artigos que irão desencadear um novo “Ano Miraculoso” na ciência.

Serões e mais serões se sucediam, e ocorreu que num daqueles intervalos de descontração, que às vezes duravam duas ou três horas, Frank viu-se preenchendo cadastro num saite de relacionamentos. E considerou-se o sujeito mais sortudo do mundo quando, poucos dias depois de se pavonear nos chats, fóruns e assemelhados, descobriu que tinha uma alma gêmea. Uma modelo, muito conhecida e fotografada, mas sofrendo de solidão crônica, tédio e repulsa pelo meio dos paparazzi e do show-business. Queria jogar tudo pra cima, casar, ter uma casa bem tradicional e alegre, ter filhos… “Eu nasci de quina pra lua”, disse, numa frase-feita equivalente, o pobre Frank. “Com 68 anos, gordo, baixinho, vivendo de salário de universidade pública… e uma mulher dessa quer casar comigo”. A essa altura, Frank já conferira que a modelo existia mesmo, e uma rápida intimação ao Google lhe produziu fotos bastante animadoras.

Depois alguns meses de correspondência cada vez mais íntima, ele passou a insistir para que ela o visitasse em Oklahoma, e ela dizendo sempre que estava na ponta aérea entre Paris, Londres, Milão, Zurique e Istambul. Ele terminou de redigir o terceiro “paper” enquanto revisava o segundo e abria a revista que acabava de publicar o primeiro. Logo voltou a se achar o sujeito mais azarado do mundo, porque a prometida turnê dela pela Costa Oeste tinha sido cancelada. Teria sido o encontro dos dois face a face, certamente um jantar juntos, quem sabe mais o quê! Ela disse que ia fotografar uma campanha na Bolívia. Se ele quisesse…

O aeroporto da Bolívia parecia um posto de gasolina, mas quem disse isso foi o executivo da poltrona ao lado; para ele, que nunca saíra de seu Estado, aquilo era um mundo de pulp fiction ou de seriado de TV. O hotel era desconfortável, e na portaria ele recebeu um envelope. O bilhete explicava que a sessão fotográfica tinha sido cancelada. Que ela estava indo para Amsterdam. Mas que por acaso deixara para trás uma de suas malas. Será que ele podia ser um doce, e trazer a mala dela para Amsterdam, onde ele o esperava cheia do amor pra dar? Eu sou o sujeito mais sortudo do mundo, disse ele. Por uma mulher como essa eu faço qualquer coisa.

Para saber mais:

  1. Li e Comento: minhas breves considerações sobre contos, novelas e outras narrativas curtas.
  2. Mundo Fantasmo: blog pessoal do escritor Bráulio Tavares
  3. Bráulio Tavares no Skoob: algumas obras do escritor.
  4. Juan Osborne: site oficial do artista responsável pela incrível arte que ilustra este post.
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