Desafio Vocabular é uma série de breves artigos que coloca o leitor cara a cara com termos pouco usuais do nosso idioma. Ao contrário do que possa parecer, nenhuma das palavras selecionadas foi retirada de dicionários, mas de minhas próprias leituras casuais. Quer participar da brincadeira? Entre em contato.
Sabe o que é IGNOTO? Leia a frase abaixo e veja se descobre o significado dessa palavra.
Quem já não se sentiu meio ignoto na sétima série?
E aí? Descobriu? Provavelmente, não é o que você está pensando. Confira a resposta a seguir.
IGNOTO
Do Dicionário Aurélio:
Adjetivo.
1. V. ignorado.
Do Dicionário Houaiss:
n adjetivo e substantivo masculino
1. que ou o que é desconhecido, não sabido
Se você chegou perto, parabéns; é um grande conhecedor da Língua Portuguesa! Se você errou feio, não se preocupe; é apenas mais um dos meros mortais que se habituam a um vocabulário recorrente.
Que IGNOTO seja sua palavra de hoje. Tente usá-la em uma frase ao longo do dia. Seus amigos o agradecerão pela cultura. Só não vale usar a frase “você sabe o que é IGNOTO?”.
Ah, e não deixe de compartilhar sua frase nos comentários.
Há escritores divididos que não sabem se querem ser autores, críticos literários, blogueiros. A polêmica frase foi parafraseada de um comentário do escritor Raphael Draccon durante uma entrevista concedida ao podcast Ghost Writerem 2012.
À época, vi-me refletindo, não pela primeira vez, sobre meu papel neste cantinho virtual. Atualmente, tais palavras são como uma bussola. Mas é preciso interpretá-las com cuidado, sob o risco de ferirem-se egos sensíveis.
A crítica do autor não trata de classificações, estereótipos, de quem pode ou não considerar-se um escritor. Está bem claro que a mensagem é outra, direcionada especificamente àqueles que abraçaram o desejo de ter trabalhos publicados: o foco é fundamental, afinal, livros não se escrevem sozinhos. Em outras palavras, pare de reclamar da falta de tempo, corte as horas desperdiçadas em baboseiras no mundo virtual ou real, e dedique-se à produção de seu livro.
Draccon não é só conversa, mas um exemplo a ser seguido. Adorado pelos leitores, o escritor mantém um blog pessoal e um site dedicado à trilogia Dragões de Éter. Contudo, é fácil notar que sua presença nestes espaços é ocasional. Não é comum vê-lo publicar posts e mais posts e depois reclamar da falta de tempo para concluir aquele texto em que está trabalhando.
Autores como Eduardo Spohr (A Batalha do Apocalipse) e André Vianco (Os Sete) também se tornam menos acessíveis quando dedicados a um novo projeto – os dois possuem blogs. Por outro lado, há inúmeros casos de escritores que não passam um único dia sem postar algo em seu site, sem acompanhar discussões acaloradas em grupos e redes sociais, disseminar memes bobinhos e polêmicas vazias. São os mesmos que se queixam da correria do dia-a-dia e choram por viver às turras para concluir aquele(s) livro(s) que há anos estão tentando escrever.
O que eles têm que eu não tenho?
Draccon, Spohr, Vianco e outros autores não são seres com poderes paranormais. O dia deles tem vinte e quatro horas como o de todos os demais mortais, e, como estes, eles também tem de lidar com o cotidiano vertiginoso, com responsabilidades de toda ordem, muitas nem um pouco relacionadas à carreira literária. O segredo de seu sucesso é óbvio: eles levam a coisa a sério. Em outras palavras, são escritores profissionais.
Pare de perder tempo e reclamar da vida. Mãos à obra!
Não existe falta, mas si o mau uso do tempo. Alguém que passa horas navegando em sites na Internet, assistindo a filmes repetidos na TV, jogando videogame, e batendo pelada diária com os amigos não poderá reclamar de não ter tempo para escrever. Quando algo é importante de verdade, encontra-se uma forma de dedicar tempo a isto, nem que apenas por alguns minutos ao dia.
Nada disso significa que seja preciso abandonar um blog definitivamente ou nunca mais dar as caras no Facebook ou no Twitter. Pelo contrário, a Internet ainda é o melhor meio de entrar em contato com seu público, divulgar sua obra e angariar novos leitores. Mas se o objetivo é ser um escritor com livros publicados, então às vezes será preciso isolar-se do mundo para se dedicar totalmente à escrita.
Escritor ermitão?
Todos sabem que o oficio de escritor é bem solitário, mas somente quem se pretende a sério como tal abraça este fato. É preciso estar preparado para passar horas diante de uma folha em branco (real ou virtual), tendo como companhia apenas os pensamentos e o desejo de criar.
Não é qualquer um que está disposto a abrir mão de um cineminha ou um dia na piscina do clube só para ficar enfurnado num quarto digitando palavras que talvez ninguém sequer venha a ler um dia. Mas é isso que fazem os escritores profissionais que tem obras publicadas.
O ideal é organizar-se, estabelecer períodos de dedicação exclusiva a este ou aquele projeto. Decida, por exemplo, que pelos próximos dois meses você se dedicará apenas a materializar em livro aquela ideia brilhante que há meses te atormenta.
Foque-se na escrita, custe o que custar: afaste-se das redes sociais, evite peladas e baladas, deixe o blog às moscas.
Uma dica: experimente preparar textos com antecedência, agendando publicações automáticas para seu o período de isolamento; acredite, funciona que é uma beleza.
Para saber mais:
Ghost Writer 6 – Entrevista com Raphael Draccon: escute as sábias palavras do escritor neste episódio do podcast.
Em 2012 assumi de vez o desejo de tornar-me escritor e firmei o compromisso pessoal de me dedicar a isso seriamente. Dando continuidade à jornada, os objetivos para este novo ano são mais ambiciosos. Como antes, materializo e torno públicas as minhas resoluções para 2013, o ano da profissionalização.
Audácia em 6 resoluções
Estudar técnicas de estrutura literária
A boa escrita exige mais do que familiaridade com as palavras, assim como um livro não se sustenta apenas sobre uma ideia criativa. É preciso conhecer os instrumentos utilizados para compartilhar histórias: modos de narração, criação de personagens, desenvolvimento de cenas, entre outros aspectos.
Aprender por conta própria é possível – a Internet disponibiliza inúmeros recursos para isso –, mas há quem defenda que o ideal é ser instruído, desafiado e avaliado por profissionais experientes, cujos currículos listem trabalhos publicados e reconhecidos. No meu caso, optarei por ambos: além de continuar usufruindo das dicas de sites como Ficção em Tópicos, Writer’s Digest e Vida de Escritor, participarei de uma oficina de escrita criativa.
Fazer um curso sobre mercado editorial
Engana-se quem pensa que o trabalho do autor termina com o ponto final. Há ainda um caminho longo e repleto de pedras a percorrer, mas a viagem pode ser mais agradável para os que sabem o que esperar dela.
Modalidades de publicação, direitos autorais, acordos contratuais; estes e muitos outros são conhecimentos fundamentais para quem pretende iniciar uma carreira de escritor. O curso mais completo e acessível que encontrei até o momento é prestado on-line por Thalita Rebouças, escritora renomada com mais de 11 anos de experiência.
Acompanhar as narrativas digitais e o mercado de e-books
Dois temas que têm atraído meu interesse nos últimos anos. O primeiro diz respeito às novas maneiras de contar histórias, criando experiências mais interativas – há projetos interessantíssimos nesta área, alguns da autoria de brasileiros. O segundo tem se destacado com a chegada da Amazon ao país, e, naturalmente, pretensos escritores como eu devem estar sintonizados.
Participar de eventos literários
O ofício de escritor é solitário por natureza, mas é importante não se tornar um ermitão. Cercar-se de tudo relacionado à literatura não só permite estar atento às tendências como também possibilita contato (e aprendizado) com escritores em diversos estágios da carreira e, mais importante, com leitores.
Escrever um livro
A participação no NaNoWriMo demonstrou que, com a medida certa de estímulo, preparação e dedicação, produzir uma obra não é o pesadelo que eu imaginava. O objetivo é pôr logo em prática a experiência adquirida nos estudos citados acima. Ideias não me faltam, mas devo optar por uma de duas que há algum tempo me imploram para serem escritas.
Comecei determinando períodos exclusivos para isso, livres de preocupação com trabalho e outras responsabilidades; durante eles ficarei inacessível para a maioria das pessoas, a exemplo do que fiz em novembro passado, quando escrevi oito contos, totalizando mais de 50 mil palavras. Maiores detalhes sobre o livro não serão compartilhados tão cedo, porém, tenciono manter um diário de produção que divulgarei posteriormente por aqui.
Quem mais se atreve a escrever um livro em 2013?
Buscar pareceres profissionais de textos autorais
Tenho trabalhos inacabados que pretendo finalizar e disponibilizar para a avaliação de um profissional antes de publicá-los – o que também vale para meu primeiro livro, assim que a primeira versão estiver finalizada. Espero que este retorno, somado à participação em oficina criativa, contribua para meu amadurecimento como escritor.
Ainda sob o capuz
Aí estão minhas resoluções para 2013. Algumas são atrevidas, admito, mas há pouco valor na conquista sem um pouco de ousadia. Obviamente, também pretendo escrever bastante nesse ano, afinal, isso é o que faz um escritor. Mas, com exceção dos artigos do blog e uma ou outra historieta despretensiosa, a minha produção ainda não deverá ser disponibilizada aos leitores.
Tal decisão é tremendamente angustiante, pois o desejo de ser lido (e reconhecido, é claro) é maior que tudo. Conter a ansiedade de divulgar trabalhos que ainda não estão completamente finalizados não será fácil – de fato, este será um dos grandes desafios do ano –, mas creio que é preciso por ora.
E vocês, aprendizes, o que planejam para este novo ano?
Para saber mais:
25 resoluções de escritor para 2013 (e além): tendo dificuldades em elaborar suas resoluções de ano novo? Dê uma olhada nas listadas neste interessante artigo; algumas delas podem se aplicar a você (em inglês).
O problema das resoluções de ano novo: artigo do Jornal do Empreendedor. Recomendo a leitura.
Mercado editorial para escritores iniciantes: os bastidores de tudo o que você precisa saber para publicar e divulgar o seu livro. Curso ministrado on-line pela escritora Thalita Rebouças.
Ficção em Tópicos: Diego Schutt compartilhar dicas valiosas sobre desenvolvimento de ideias, estrutura, estilo, criação e muito mais. O site mais completo sobre a arte de escrever.
Vida de Escritor:site do escritor e parceiro Alexandre Lobão, repleto de dicas sobre escrita e mercado. Também publica os artigos da série 7 coisas que aprendi.
Writer’s Digest: disponibiliza dicas, livros, arquivos digitais, propostas de escrita, e um vasto acervo de recursos para escritores (em inglês).
Amazon.com.br: versão nacional da maior varejista on-line do mundo. Atualmente, só o Kindle e seus livros estão disponíveis para compra.
Resoluções de Escritor:post de 2012 onde discorro sobre o valor de assumir resoluções publicamente.
Repleto de bênçãos, conquistas, momentos especiais e histórias compartilhadas; assim foi o ano de 2012 para mim. Impossível estar mais feliz com um saldo tão proveitoso. É gratificante constatar as influências positivas da escrita nos últimos dozes meses desta montanha-russa chamada vida.
Esse foi um tempo decisivo; abracei meu lado escritor e, como tal, comprometi-me com algumas resoluções. Agora, na aurora de um novo ano, é chegado o momento de rever metas, refletir sobre o que foi cumprido ou não, e compor novas diretrizes para um promissor 2013.
Um bom ano
Em 2012, tomei para mim seis compromissos e compartilhei-os aqui com os fieis leitores. A razão era materializar minhas aspirações para que não se perdessem no rol das resoluções que nunca são cumpridas. Agora é hora de ver como me saí. Vamos lá?
Estudar e aperfeiçoar o uso do tempo
O tempo é o que fazemos dele. Graças a uma radical mudança de atitude e ao uso de uma metodologia de gerenciamento do tempo, 2012 foi muito mais produtivo que o ano anterior. Escrever não é mais um mero passatempo e se tornou tão importante para mim quanto família e amor.
Determinar horário e local para escrever
Sou mais produtivo de manhã. Vez por outra, sob uma súbita inspiração, a tarde dá bons resultados. Contudo, a noite é um período perdido. Após o trabalho, a mente, mesmo fervilhando de ideias, recusa-se a fazer mais do que registrá-las sem esmero.
O local é irrelevante, desde que não haja barulho nem interrupções; quando inspirado, estes não são problema, senão, um alfinete caindo no vizinho do outro lado da rua já é uma grande perturbação.
Escrever por 21 dias
O objetivo era fixar o hábito de escrever num mesmo horário e local, ou seja, assumir a postura de um verdadeiro profissional.
Ainda que tenha escrito com maior frequência que em 2011, não consegui manter o ritmo ininterrupto que esperava, nem mesmo durante minha participação no Mês (Inter)Nacional de Escrita de Romances (do inglês National Novel Writing Month ou NaNoWriMo) – dos 30 dias previstos, eu escrevi durante 23, e destes somente os últimos 17 foram seguidos.
Experimentar outro gênero
Deixando um pouco de lado a fantasia medieval, meu gênero favorito, eu enveredei por gêneros tão diversos quanto horror, erótico, policial. Alguns textos foram publicados no blog (vejam a seção Histórias), mas a maioria permanece inédita.
Há ainda oito contos frutos da minha participação no NaNoWriMo que serão revisados antes que eu tenha coragem de disponibilizá-los aos leitores.
Ser mais social
Limitei-me a acompanhar alguns sites sobre escrita, mas não interagi tanto com seus autores quanto esperava, em parte por ter de optar em dar mais atenção à escrita e ao seu estudo.
No entanto, por intermédio do projeto “7 coisas que aprendi”, iniciado em parceria com Alexandre Lobão, eu travei contato com escritores diversos e pude aprender bastante com seus depoimentos (vejam a seção Aprendiz de Escritor).
Recrutar leitores pessoais
Tive dificuldades para encontrar leitores críticos. Não queria pessoas próximas demais cujas críticas fossem resguardadas, nem totais desconhecidos que pudessem apropriar-se de meu trabalho (medo tolo, eu reconheço).
Acabei encontrando três leitores, dos quais só um é fixo – como verdadeiro profissional das palavras, suas criticas sinceras (e cruéis) são exatamente o tipo de retorno de que preciso. Também criei mecanismos de avaliação dos textos publicados no blog; mesmo com uma participação ainda modesta, os leitores contribuem imensamente para minha formação como escritor.
O que esperar de 2013
Sou um espírito inquieto e ambicioso. Sim, o passado foi ótimo, mas o futuro pode (e deverá) ser ainda melhor. Os planos são muitos, por isso preciso refletir com calma sobre o que focar neste ano que se inicia. Falarei mais a respeito no próximo post, mas já adianto isto: este será o ano da profissionalização.
E vocês, aprendizes de escritor e fieis leitores, o que planejam para este novo ano?
Para saber mais:
Resoluções de Escritor: reveja o post onde falo sobre o valor de assumir resoluções publicamente.
O problema das resoluções de ano novo: texto interessantíssimo do Jornal do Empreendedor que aborda, inclusive, o problema dos livros de autoajuda. Recomendo a leitura.
5 resoluções de ano novo para escritores: reservar tempo para escrever, abraçar seu estilo de escrita, revisar enquanto escreve, sair da zona de conforto, e denominar-se escritor. Saiba mais neste interessante artigo no Writer’s Digest (em inglês).
A Internet é uma aliada poderosa do escritor em qualquer estágio de sua carreira e um meio excelente de divulgação de suas obras. Como qualquer ferramenta, porém, quando utilizada de forma inadequada, ela pode ser mais prejudicial do que benéfica. Tomemos como exemplo os blogs: estes podem tanto atrair quanto afugentar leitores.
O aspecto negativo não diz respeito às características ou estilo dos textos, às preferências de gênero, etc., afinal, tais questões são subjetivas e comuns – sempre haverá quem goste ou não disto ou daquilo. O problema é outro, bem mais perigoso, pois desacredita o autor sem que seus trabalhos tenham sequer sido conferidos: a desorganização.
É inacreditável a quantidade de blogs que sofrem deste mal. Note-se que estes, geralmente, pertencem a escritores independentes ou publicados sob um selo menor. Contudo, não creio que a questão seja carência de profissionalismo. O que falta mesmo é esmero e consideração pelos visitantes, ou seja, o público-alvo.
Todo escritor é, antes de tudo, um leitor, certo? Então se coloque neste papel e responda: ao visitar um blog cujo autor mal e mal se dispõe a revisar os textos de suas postagens ou, ainda pior, de destacar os próprios trabalhos publicados, qual seria sua impressão? Provavelmente, como eu, no mínimo, você pensaria duas vezes antes de comprar um livro dele.
Você teria paciência para procurar textos neste site?
Por incontáveis vezes passei por tal situação e afirmo com propriedade que é desmotivador e frustrante ter de fuçar páginas e mais páginas para encontrar uma simples sinopse. Se houver uma, note-se, pois há quem se limite a compartilhar excertos e resenhas.
Pode-se dizer que é uma estratégia para prender o visitante, mas, se for, é injusta, apelativa e, perdoem-me, burra. O efeito disto é justamente o contrário, pois o internauta malogrado não hesitará em deixar o blog à procura de algo que lhe atenda melhor.
Mesmo tipos como eu, cuja teimosia permite uma resistência maior que a média, eventualmente se cansam de tentar encontrar uma agulha no palheiro. Ora, o autor não faz questão de alardear o próprio livro, então que se dane!
Como leitor, eu gosto de conhecer uma obra em linhas gerais antes de enveredar por trechos de capítulos desta. Tendo uma ideia de a que se propõe aquele trabalho, eu posso avaliar os excertos e decidir se o escritor será capaz de fisgar ou não a minha atenção por completo. Já com relação às resenhas sou mais cuidadoso.
Atualmente, há uma tendência terrível de se revelar detalhes (os spoilers) do livro resenhado. É preciso ter muito cuidado ao compartilhá-las com o intuito de divulgação, pois o tiro pode sair pela culatra. Sempre tomo cuidado em meus textos para não estragar a experiência do leitor, como muitos também deveriam.
Seu blog deve ser organizado como uma biblioteca.
Assim, eu quero fazer um apelo aos escritores, principalmente nacionais, que mantêm blogs pessoais – aqueles dedicados a trabalhos específicos não sofrem destes problemas, por razões óbvias. Ei-lo: tenham mais consideração por seus visitantes. Cuidem melhor de seus espaços digitais, revisem seus textos antes de publicá-los.
Organizem as informações para que estas sejam encontradas mais facilmente; façam uso de recursos simples como categorização, estruturação em seções e subseções, definição de tags e termos recorrentes, buscadores internos, etc.
Façam isso e vejam seus visitantes se tornarem fãs e leitores assíduos de suas obras. A não ser, obviamente, que eles não se identifiquem com seu estilo ou gênero literário. Mas isto já não é seu problema, certo?
É, colega, ninguém disse que a vida de escritor era fácil.
Encontrar tempo e um refúgio para dedicar-se à escrita é um desafio. Por isto, é frustrante ver-se diante da página em branco e perceber que não tem sobre o que escrever. Mas há algo ainda pior: passar a semana inteira com uma ideia na cabeça e vê-la tomar chá de sumiço no momento de desenvolvê-la.
Felizmente, isto é mais comum do que parece – que escritor nunca passou por isto? Algumas atitudes simples ajudam a superar este bloqueio: passear, exercitar-se, ler, assistir um filme, encontrar amigos. Particularmente, porém, vejo um problema aí: tais atividades podem ocupar um tempo que deveria ser destinado à escrita, e nada mais.
Uma caminhada na vizinhança pode renovar o espírito e a criatividade, mas de que adiantará se não houver ocasião para escrever no mesmo dia? Nada garante que o bloqueio não voltará amanhã também. O que fazer, então? Não despregar da cadeira até reencontrar aquela ideia perdida? Vasculhar a Internet por um assunto da moda?
Tudo isto é contraproducente (principalmente a Internet): o tempo voará e a angústia apenas aumentará. Há maneiras mais eficientes de superar tal barreira. Pode-se, por exemplo, manter listas de assuntos de interesse e ideias – tratarei disto em outra oportunidade – ou utilizar uma proposta de escrita.
Escreva! Eu o desafio!
Na aula de redação, o professor pede aos alunos que escrevam um texto sobre a preservação ambiental. Na embalagem do achocolatado, a chamada do concurso promete prêmios para o relato de férias mais criativo. Numa brincadeira, amigos desafiam uns aos outros a criar frases contendo determinadas palavras.
Não é preciso ser um escritor profissional para perceber que há propostas de escrita por toda parte. Trata-se, simplesmente, de um tema sugerido sobre o qual se desenvolverão ideias. Este pode se apresentar como combinações de palavras, uma frase, parágrafo, imagens, manchetes de jornal, perguntas, hipóteses, etc.
Uma proposta de escrita é como um gatilho que, disparado, desbloqueia a mente, estimula a criatividade e impulsiona a escrita. O resultado pode ser uma coleção de notas desencontradas e cruas, uma simples descrição, um conto, ou até mesmo um romance. No entanto, isto pouco importa. O objetivo é fornecer um foco e um ponto de partida ao escritor, que pode ater-se à proposta ou extrapolá-la por completo.
Trata-se de um recurso útil que permite escrever sem medo nem inibições. Assim, é estranho que este não seja, aparentemente, tão utilizado por aqui quanto nos países de língua inglesa. E basta uma busca pelas palavras writingprompts para ser direcionado a inúmeras propostas de escrita, em seus diversos formatos. Mas talvez eu apenas não tenha sido feliz na escolha dos termos equivalentes em português.
Atualização (25/03/14): uma tradução mais adequada para writing prompt seria provocação, termo utilizado em algumas oficinas de escrita literária.
Quatro benefícios e um apelo
Em DailyWritingTips, Simon Kewin aponta quatro razões para se utilizar propostas de escrita.
Permitem que a criatividade flua livremente: quando intimidado por uma página em branco, experimente escrever sobre qualquer outro assunto por 10 minutos. Depois retorne ao seu trabalho principal e veja como as palavras surgem naturalmente.
Fornecem material valioso: palavras e ideias podem ser utilizadas num futuro projeto de escrita ou aproveitadas num atual. Não se preocupe se algo parecer cru demais, já que tudo sempre pode ser trabalhado posteriormente.
Desenvolvem o hábito da escrita: encaradas como verdadeiros exercícios, evitam que o escritor seja completamente improdutivo quanto a inspiração faltar.
Promovem a interação em comunidades de escritores: através do compartilhamento das propostas e dos textos resultantes é possível obter avaliações, encorajamento e dicas.
Kewin está absolutamente certo em suas colocações. Tenho comprovado isto no dia-a-dia. As propostas de escrita são um modo eficiente de livrar-se dos bloqueios e devem ser utilizadas. Alguns dos textos que compartilho neste blog nasceram delas, ainda que um ou outro tenha se desviado muito da proposta inicial. Mas o que realmente importa é que desfrutei do tempo reservado à escrita para fazer o que um escritor deve fazer: escrever.
Assim, deixo aqui um apelo aos colegas escritores, aprendizes ou profissionais: façamos mais uso das propostas de escrita. Estimulemos mais nossas mentes com palavras, imagens, música. Vamos desafiar mais uns aos outros, compartilhar e avaliar os resultados, percorrer juntos esta estrada eterna de aprendizado.
E, então, amigo escritor? Topa o desafio de compartilhar suas próprias propostas de escrita?
Para saber mais:
Exercícios de Criação: o site Gambiarra Literária é o que mais se aproxima de um acervo de propostas de escrita em português. Vale a pena conferir.
Duelo de Escritores: a cada 15 dias um tema é proposto aos duelistas, que escrevem e disponibilizam seus textos. O escritor mais bem votado pelo público propõe, então, um novo tema.
Writers Digest, Prompts: propostas de escrita disponibilizadas por uma das revistas sobre escrita mais conceituadas do mundo (em inglês).
Propostas Visuais: propostas acompanhadas de imagens. Site muito bom (em inglês).
Cinco meses. Este é um tempo longo demais para estar afastado de uma paixão. Como o amor, a escrita requer diligência e dedicação, qualidades que, se negligenciadas, prejudicam qualquer relacionamento. E como tenho sido negligente!
Minha falta é ainda mais grave, pois não se limita só a falta de atividade neste espaço: nem mesmo meus trabalhos mais íntimos receberam o mínimo da atenção que mereciam. Um hiato improdutivo e triste, muito triste.
Eis que acontece, então: o ano se renova e, repentinamente, dozes meses repletos de potencial se estendem diante dos olhos, todos à disposição para que se exerça a criatividade, transformem-se pensamentos em palavras, compartilhem-se experiências, e histórias. Novos planos são traçados, decisões são tomadas, e uma afirmação positiva e esperançosa retumba na mente: agora tudo será diferente.
Sempre a mesma doce ilusão, ano após ano. E, no entanto, uma vez mais me deixo seduzir. Há quem diga que o maior problema com esta atitude é a falta de comprometimento pessoal – aparentemente, o ser humano se esforça mais no cumprimento de promessas feitas a outrem do que das que toma pra si. Ridiculamente verdadeiro. Ter as resoluções confinadas na mente é outro obstáculo. Mas (ainda) não é o fim do mundo.
Para fazer deste um ano realmente diferente, busco agir de modo diferente. Inspirado por textos de escritores começo, então, materializando meus objetivos, transformando-os em palavras, tornando-os palpáveis. Assumo-os aqui, publicamente, firmando compromissos com o leitor, a quem este espaço e uma parcela de meu tempo são dedicados. Estabeleço metas a cumprir como aprendiz de escritor, cuidando para não ser metódico demais.
Comprometer-se consigo é o principal desafio das resoluções de ano novo.
A escrita não pode ser racionalizada completamente. Planejamento e organização são válidos e, de fato, permitem maior produtividade, mas apenas quando aplicadas no momento propício. Contudo, há aspectos que não se pode precisar, como o surgimento de uma ideia ou o desenvolvimento desta – não há como estabelecer, por exemplo, o prazo de duas semanas para criar as origens de um dado personagem.
Assim, não é adequado comprometer-se a escrever um romance ou conto num dado prazo quando a premissa destes mal foi trabalhada ou sequer é conhecida. Fazê-lo torna o ato de escrever angustiante, cria uma pressão desnecessária e pode resultar em grande frustração caso o objetivo não seja alcançado. William Nascimento abordou bem esta questão num texto valioso, do qual recomendo a leitura (ver link no final desta postagem).
Retomando o assunto, minhas resoluções para este ano são:
Estudar e aperfeiçoar o uso do tempo: é preciso fazer bom uso deste bem tão escasso, dedicando-o às coisas importantes. Chega de dizer que não há tempo para escrever! Ele está lá, apenas está sendo desperdiçado com irrelevâncias.
Determinar horário e local para escrever: já está mais do que comprovado que o hábito de escrever num determinado período e local ajuda na produtividade. Obviamente, nada impede que eu também escreva sempre que a disposição e a oportunidade se fizerem presentes.
Escrever por 21 dias: cientificamente, afirma-se que qualquer hábito pode ser incorporado, desde que praticado por 21 dias ininterruptos (sim, incluindo fins de semana e feriados). Este vai ser um bom desafio. Note-se que não defini o que escrever; somente sentar-me-ei diante do computador e escreverei, sem pressões.
Experimentar outro gênero: este ano pretendo enveredar por outro gênero literário que não o da literatura fantástica, pelo qual sou fascinado.
Carregue suas resoluções sempre consigo.
Ser mais social: visito muitos sites e blogs de escritores e sobre literatura, mas interajo muito pouco com seus autores. Contudo, como não é possível estar em todo canto a todo o momento, estabeleci uma lista de autores com quem eu gostaria de manter um contato mais próximo.
Recrutar leitores pessoais: eles serão responsáveis por comentar criticamente meu trabalho, estilo de escrita, etc. Eles serão avaliadores, editores, musas, puxadores de orelha e caçadores de piolhos mais próximos. Obviamente, os demais leitores são encorajados a sempre compartilhar suas impressões nos comentários e receberão de mim a mesma atenção.
Aí estão: minhas resoluções de ano novo – em tempo, buscarei relaxar mais e manter minha auto-exigência em níveis adequados a uma pessoa sã (quero só ver!). Agora é começar a trabalhar para tornar tudo isso realidade antes que o apocalipse maia caia sobre nós.
Metas para uma nova escrita: Wilian Nascimento defende que é preciso ser cuidadoso ao estabelecer metas de escrita.
Writer Resolutions: Traci Brimhall escreve sobre suas resoluções e demonstra um ponto de vista muito próximo ao de Wilian Nascimento (em inglês).
Don’t Break the Chain: artigo que aborda o método utilizado por Jerry Seinfeld (famoso comediante americano) para ser mais produtivo (em inglês). É um texto antigo, mas pode ser útil para aqueles que se propõe a cumprir suas resoluções de ano novo.