Um post breve motivado pelo assunto das revisões constantes. Encontrei uma imagem interessante no excelente siteInkygirl.com que revela bastante o que passa na cabeça de muitos escritores durante o processo de revisão de seus textos. Fiz uma livre tradução do texto. Vale a pena conferir e também visitar o site. Ah, e tentem não permitir-se ficar assim… lembrem-se, revisar é preciso!
TRADUÇÃO: “Mas eu AMO este parágrafo. Como posso apagá-lo? É uma das melhores coisas que já escrevi! Tudo bem, talvez ele nem contribua para a história geral, mas passei tanto tempo escrevendo-o! Se um único parágrafo pudesse ganhar o Pulitzer, este ganharia, com certeza. … evisão é superestimada, … já que eu passei tanto tempo… neste parágrafo. Por que eu tenho que me livrar de algo… ? Você não pode me obrigar, eu não o farei. Este parágrafo é tão… eu…”
Para saber mais:
Inkygirl.com: segundo slogan, um verdadeiro “guia ilustrado para escritores, bibliotecários, editoes e bibliófilos“. Boas charges e artigos.
Tornar-se um escritor não é trivial. Escrever e ler com regularidade é essencial, obviamente, mas não é o bastante. Para que o aprendizado seja menos árduo, é preciso saber identificar os obstáculos ao longo do caminho e as maneiras de superá-los.
Ainda que este seja um desafio pessoal, certas dificuldades – algumas maiores que outras – parecem ser universais: bloqueios inesperados, falta de inspiração, indisponibilidade de tempo, o abismo entre uma boa ideia e uma boa história, etc. Particularmente, eu luto para derrotar dois destes monstros: as revisões constantes e o medo de ser medíocre.
A revisão é imprescindível. Entre outros benefícios, ela permite identificar e corrigir falhas técnicas. Contudo, antes de revisar um texto, este deve estar completo, nem que seja na forma de um primeiro rascunho. Quando a revisão é feita de outra forma, isto é, sobre um texto inacabado (engavetado ou esquecido), pode ocorrer do autor focar a técnica em detrimento da mensagem ou desviar-se completamente da ideia original. Muito vago? Deixe-me tentar exemplificar.
Eu tive uma ideia para um conto e escrevi o primeiro rascunho por completo. Com a revisão, eu identifico erros ortográficos e gramaticais, trechos mal escritos, orações longas demais, etc. Além disso, surgem novas ideias para aprimorar a própria história – em outras palavras, durante a revisão eu acrescento, modifico ou excluo trechos do texto.
Tais alterações não seriam um problema, pois, por mais que as fizesse, eu já teria os principais pontos do conto em mãos e saberia aonde este deveria chegar. Contudo, ao revisar um texto inacabado corre-se o risco, por exemplo, de uma história ser modificada infinitamente; assim, uma miríade de universos alternativos nasceria e morreria prematuramente sem que o autor jamais concluísse seu trabalho.
“Estamos reunidos aqui hoje para revisar de uma vez por todas essa História Sem Fim!”
Ainda muito confuso? Eis outro exemplo, mais simples: eu tenho alguns contos inacabados separados em arquivos digitais onde coexistem diversas cópias pós-revisões; ao ler as versões 1 e 10 de, digamos, A Loura do Pontilhão, o leitor jamais imaginará que a última é fruto de 9 revisões anteriores de um rascunho inacabado – e que assim permanece até hoje.
Ao jamais revisar um texto antes de concluir um rascunho completo, como supracitado, eu superei esta barreira. Este hábito funciona bem ao escrever textos pequenos, como contos e artigos para o blog. Mas e quem está escrevendo um livro? Ainda não me atrevi a tanto, então eu não posso dizer com segurança. Contudo, imagino que uma boa prática seria:
Traçar um rascunho geral e pouco detalhado de todo o livro, dividindo em partes.
Dedicar-se ao desenvolvimento do rascunho de toda uma parte.
Tendo concluído aquela parte, revisá-la algumas vezes antes de seguir em frente.
Repetir os passos 2 e 3 até que todo o livro tenha sido escrito e revisado.
Com o livro concluído, partir para uma revisão geral.
Talvez não seja o método ideal para desenvolver um livro completo, mas é o que eu adotaria se fosse louco o bastante para fazê-lo neste momento. Eu recomendo que os aprendizes busquem conselhos de autores conceituados ou de escritores mais experientes.
Tenham em mente que aqui sou tão aprendiz quanto qualquer um. Ao compartilhar minhas dificuldades e o modo como lido com estas, eu espero auxiliar outros aprendizes de escritor (ou aspirante a autor, como ouvi outro dia num podcast). Espero, ainda, que outros compartilhem suas dificuldades de modo que possamos todos aprender um com os outros.
E como este texto já está relativamente grande, eu falarei sobre o medo de ser medíocre em outra oportunidade.
Para saber mais:
Metodologia 5+10: 5 regras e 10 orientações flexíveis que busco seguir em meu caminho para tornar-me um escritor.
Escrever um livro – Cinco obstáculos a eliminar: tradução de um artigo em francês excelente; trata da inércia, do medo, da falta de tempo, da motivação vacilante e do comprometimento impreciso.
Concentração é fundamental para um escritor. Obtê-la e preservá-la, porém, pode ser desafiador, sobretudo para os que utilizam um computador. Sempre em busca de ferramentas que me permitam transpor tal barreira, eu optei por testar um novo editor de textos.
O OmmWritter é um software simples com um propósito bem específico: fornecer um ambiente propício e livre de distrações para o escritor. Este programa está disponível na versão gratuita denominada Dana I, é compatível com PC, Mac e iPad, e funciona no Windows XP SP2 ou superior. É preciso cadastrar-se no site do desenvolvedor para baixar o programa.
Quando o OmmWritter é iniciado, a área de trabalho do computador é substituída por uma tela onde destacam-se árvores em uma espécie de parque coberto de neve; uma melodia suave toca ao fundo. De imediato, os tons de cinza da imagem me agradaram e logo constatei que são muito mais confortáveis aos olhos que o branco do Word ou do bloco de notas.
No centro, tracejados delimitam a área de texto, ladeada por seis ícones. Tudo é bem simples e não é preciso qualquer configuração: basta clicar na área de texto e começar a escrever; após alguns segundos, o tracejado e os ícones desaparecem, deixando o escritor a sós com as palavras.
Estaria ela utilizando o OmmWritter?
Escrevi o rascunho deste texto no programa; a experiência foi bastante agradável e nem mesmo a música de fundo ou os sons personalizados produzidos por cada tecla pressionada me incomodaram – e eu costumo ter problemas em escrever com músicas de fundo.
Qualquer movimento do mouse faz com que os ícones e o contorno da área de texto reapareçam – na parte inferior desta há um pequeno contador de caracteres ou letras digitadas.
Minha Opinião
Embora tenha gostado bastante do OmmWritter, me incomodou o tempo de instalação; o tempo de resposta na exibição do texto digitado também deixou a desejar em alguns momentos – provavelmente, graças ao meu maravilhoso Windows Vista!
O OmmWritter não faz uso de recursos de formatação de fonte (negrito, itálico, etc.), alinhamento, listas e vários outros existentes em editores como Notepad++, Wordpad ou Word. Ele é, praticamente, um bloco de notas construído num ambiente agradável e inspirador.
O programa foi pensado para permitir a escrita livre de distrações e isto ele faz muito bem. É ideal para aqueles momentos onde falta inspiração ou onde tudo que é preciso é um local para despejar as palavras e trabalhar as ideias. Pretendo utilizá-lo por mais algum tempo.
Algumas Configurações
É possível configurar os recursos do OmmWritter para torná-lo ainda mais agradável. O tamanho padrão da área de texto, por exemplo, pode ser alterado; para isto, basta mover o mouse para o contorno tracejado e reajustar a largura ou altura (ou ambos, simultaneamente, pelos cantos). Pode-se, ainda, mudar a localização da área, clicando no tracejado e movendo-o pela tela.
Não é permitido ajustar a área de texto para ocupar toda a tela do programa, e isto faz sentido, já que uma tela repleta de texto pode ser tão agressiva aos olhos quanto uma tela toda branca. Particularmente, eu preferi utilizar apenas a área mais central da tela, mantendo a área acima da linha das árvores.
A maioria dos recursos do OmmWritter está disponível nos seis ícones que surgem ao lado da área de texto e podem ser alterados com poucos cliques. Eis o que pode ser configurado:
altera o formato (fonte) do texto; são 4 opções, incluindo Arial e Times New Roman.
altera o tamanho do texto; 4 opções.
altera a imagem de fundo; 3 opções; recomendo utilizar a padrão, pois o branco cansa as vistas rapidamente e o cinza puro é muito escuro.
altera a música de fundo; 3 opções ou desligar; recomendo utilizar a padrão ou a segunda opção.
altera os sons do teclar; 3 opções; o padrão é mais suave; considero desnecessário.
opções de salvamento (.TXT e .OMM apenas) e abertura de arquivos.
O OmmWritter apresenta os recursos básicos de edição (copiar, recortar, desfazer, etc.) e um menu simples que é exibido ao se arrastar o mouse até o topo da tela. Ali é possível abrir e salvar textos, e também exportá-los no formato .PDF. Caso seja preciso recuperar as configurações visuais padrões basta acessar a opção View no menu.
E você, leitor, o que achou do OmmWritter? Conhece ou usa programa semelhante? Compartilhe nos comentários.
Para saber mais:
Metodologia 5+10: 5 regras e 10 orientações flexíveis que busco seguir em meu caminho para tornar-me um escritor.
Um dos maiores desafios deste aprendiz de escritor é lidar com distrações. Chamem-me de paranoico, mas sempre que decido escrever um novo texto é como se o mundo inteiro conspirasse contra mim.
A televisão exibe aquele filme favorito, um rádio qualquer toca músicas no último volume, o e-mail indica uma oferta relâmpago e/ou atualizações no site favorito, o cachorro começa a latir, familiares e amigos buscam um pouco de atenção. Tudo e todos parecem batalhar por minha atenção!
Concentração é primordial para o escritor, mas como este se concentra é algo muito pessoal. Há quem consiga fazê-lo ao som de uma música suave ou do canto dos pássaros ou mesmo com o televisor ligado ao fundo.
Definitivamente, não é o meu caso. Meu ambiente ideal é aquele onde coexistem o silêncio, as palavras e eu, nada mais. Não há frustração maior do que ver uma repentina inspiração literária ser afugentada por entidades alienígenas.
Utilizo um computador para escrever a maioria de meus textos. Sim, eu faço anotações breves no celular, caderno, bloquinho de post-it e folhas de rascunho quando tenho ideia para um novo texto, frases de efeito ou nomes para personagens. Mas quando se trata de escrever realmente, mesmo que apenas um rascunho inicial, eu recorro ao computador.
Esta ferramenta que tanto flexibiliza a produção de textos, porém, costuma ser também minha maior perdição; é um verdadeiro paraíso de distrações, com ícones aparentemente infinitos de músicas, vídeos, jogos e tantos outros arquivos tentando tirar meu foco do texto – acrescente a isto conexão à Internet e tudo está perdido! Belo paradoxo, não?
“Concentrar você deve!”
Quando penso na quantidade de distrações circulando por aí, eu respiro profunda e pacientemente, e tento convencer-me de que não é o fim do mundo. Distrações fazem parte da vida, logo é preciso saber lidar com estas. Algumas se evita mais facilmente, outras requerem um pouco mais de autodisciplina, estratagemas, conversações.
A Internet, por exemplo, não costuma ser um grande problema para mim: tudo o que tenho a fazer é desconectar o modem, trancá-lo em outra sala e voilá! Liberdade! Permitam-me compartilhar outro exemplo.
Há muito tempo que escrevo meus textos no Word, o velho editor da Microsoft, e percebi que a vasta lista de recursos destes pode ser uma fonte de distração – obviamente que as opções de formatação e revisão são importantes, mas apenas para textos próximos de sua conclusão; de que valem para alguém que se propõe a escrever somente um rascunho, por exemplo? Pode-se contornar tal situação, porém, com alguns ajustes simples nas configurações, ocultando os menus e ícones de modo a manter a tela mais limpa.
Alguns podem questionar por que não utilizo logo o bloco de notas. Explico: por pura aversão; sinto-me estranhamente incomodado ao usá-lo, é algo inexplicável. E como todo incômodo gera distração, eu tratei de afastar-me desta. A propósito, é importante sentir-se o mais confortável possível ao escrever; um ambiente bem organizado e iluminado e uma poltrona aconchegante, por exemplo, beneficiam a produtividade e a saúde.
Cabe aqui uma importante questão: o conforto dos olhos. Visualizar a tela branca do Word por horas a fio pode ser extramente exaustivo, monótono e pouco inspirador, especialmente para quem usa óculos. Para atenuar o cansaço das vistas, eu costumava ajustar as configurações de vídeo do computador, mas logo percebi que era irritante ter que reajustá-las posteriormente para ver um filme ou jogar.
Assim, eu encontrei uma alternativa menos trabalhosa: reduzir o tamanho da janela do Word de modo que eu pudesse visualizar um pouco a área de trabalho por trás. Para evitar distrações, instalei também um programa que oculta os ícones da área de trabalho; e se o papel de parede é muito colorido ou chamativo, altero-o para um fundo preto. Pode parecer bobagem, mas percebi que o desconforto visual tarda muito mais a surgir quando trabalho nestas condições.
Vale tudo para livrar-se das distrações e aumentar a produtividade. Há muitas ferramentas disponíveis para auxiliar o escritor em seu trabalho, mas, às vezes, a solução mais simples é a ideal. É importante contar com o apoio de tais programas, mas deve-se ter em mente que o essencial para se tornar um escritor é escrever, seja no bloco de notas, no Word, num post-it ou num guardanapo.
O mais difícil é convencer o mundo a esquecer-se de você por algumas horas.
Para saber mais:
Metodologia 5+10: 5 regras e 10 orientações flexíveis que busco seguir em meu caminho para tornar-me um escritor.
Dicas de editores de texto: este artigo lista quatro programas que ajudam a concentrar-se na escrita; publicado no portal IDGNow em maio de 2011.
Dicas para concentrar-se na escrita: este artigo postado no blog Escrevemos.com apresenta 6 boas dicas para manter a concentração ao escrever um texto.
Concentração e Distração: artigo sobre o modo como a Internet prejudica a concentração; publicado em 2010 no portal AdNews.
O Minidicionário Aurélio da Língua Portuguesa define metodologia como sendo “o conjunto de métodos, regras e postulados utilizados em determinada disciplina e sua aplicação”.
“Regras” soou restritivo demais para mim, por isso, durante a elaboração da minha metodologia, cuidei para que houvesse somente 5 regras verdadeiras e 10 orientações flexíveis.
Embora a metodologia esteja adequada ao meu perfil, eu espero, sinceramente, que outros escritores iniciantes possam tirar algo de proveitoso dela.
Inspirado pelas dicas de autores famosos publicadas pelo jornal on-line Guardian, eu comecei a planejar uma metodologia de escrita que se adaptasse ao meu atual estilo de vida. Depois de ler e reler o artigo duplo do jornal, eu tinha em mãos 86 dicas (não regras, note-se) com as quais havia me identificado – algumas interessantes, outras inusitadas (veja o quadro no final do post).
Uma lista com 86 itens pode ser um pouco assustadora (ou mesmo desmotivadora), por isso decidir reduzi-la a dez tópicos que cobrissem o fundamental para o escritor iniciante. Logo percebi que estes itens poderiam definir bem minha metodologia, mas não ter qualquer valia para outros aprendizes. Assim, eu adicionei cinco regras de ouro que considero ser o fundamental do fundamental para qualquer pretenso escritor.
Apresento-lhes a Metodologia 5+10.
5 Regras de Ouro
Quanto mais cedo você começar a ler, melhor.
Quer escrever? Então leia: todo escritor é, antes de tudo, um leitor. Ler te ajuda a ampliar ovocabulário, abrir a mente para outrosestilos e formas de narrativa, e a se divertir com outras histórias e mundos. Mas seja criterioso com o que lê, pois, segundo P.D. James (Children of Men), “a má escrita é contagiosa”.
Quer escrever? Então escreva: não fique só na vontade. Escreva sobre o mundo ao seu redor, sobre os seus desejos, opiniões, fantasias, enfim, sobre o que quiser ou sentir necessidade de escrever! “Continue despejando palavras na página”, aconselhou Anne Enright (O Encontro).
Escrever é reescrever: não tenha dó de cortar as palavras que pouco acrescentarem, os trechos com má sonoridade (ver regra 4), enfim, tudo o que lhe parecer ruim. É recomendado deixar o texto descansar por um tempo antes de reescrevê-lo.
Ouça seu texto: ler o que você escreveu em voz alta ajuda a perceber os problemas no ritmo da narrativa.
Tenha disciplina: não fique à mercê da inspiração e sempre termine o que começar, mesmo que o resultado final não seja bom. Defina uma metodologia e a siga. Pretende escrever diariamente? Estabeleça uma meta: escreva uma página ou 500 palavras por dia, por exemplo. Jeanette Winterson (A Guardiã do Farol) afirma que a “disciplina permite a liberdade criativa”.
10 Orientações
Escolha seu espaço e tempo:estabeleça um local e um horário ideais para escrever e não deixe ninguém mais interferir. Tranque a porta, desligue o celular, feche as janelas ecortinas se for preciso (não se esqueça de ligar o ventilador ou ar-condicionado). E desligue a Internet: a grande rede é a pior inimiga da concentração necessária a um escritor.
Onde George Lucas escreveu a nova trilogia de Star Wars.
Faça uma tempestade de idéias: tente ter uma visão geral, um esboço da história que pretende contar. Leonel Caldela (Trilogia Tormenta) afirmou, recentemente, num podcast que costuma ter toda a trama delineada na cabeça ou em anotações; tendo isso como base, ele esmiúça os acontecimentos em tópicos e detalha a história durante a escrita.
Sugerida por Michael Moorcok (Elric of Melniboné Saga), a divisão em três partes – a introdução dos personagens e da trama, desenvolvimento dos mesmos, e conclusão, onde os pontos são amarrados e os mistérios resolvidos – talvez seja um facilitador para este processo.
Tenha um caderninho sempre à mão: ou guardanapo, smartphone, netbook, celular, enfim, qualquer coisa que lhe permita fazer anotações rápidas. Nunca se sabe quando uma boa idéia irá surgir e é sempre bom “manter o poço de idéias cheio”, disse Michael Morpurgo (Eu Acredito em Unicórnio).
Pesquisar é preciso: a menos que você domine completamente o assunto sobre o qual escreverá, reserve alguns dias para pesquisar sobre o mesmo. Tome cuidado com suas fontes, especialmente quando utilizar a Internet e nunca, jamais, pesquise enquanto estiver escrevendo.
Encare o bloqueio: sentir-se travado na hora de escrever é comum, mas nem pense em dar uma volta; sente-se, respire fundo e reveja o que escreveu, refazendo todos os passos a fim de descobrir o que deu errado. Se você ainda não escreveu nada, vá escrever outra coisa. Lembre-se sempre das regras de ouro 2 e 3: despeje palavras na página, depois reescreva tudo. Lembre também da regra de ouro 5: disciplina sempre.
Não sobrecarregue a escrita: evite parágrafos longos demais, frases redundantes, adjetivos e advérbios desnecessários. Evite palavras difíceis quando as simples bastam.
Cuidado com as descrições: elas são difíceis e refletem uma opinião sobre as coisas. A descrição do ponto de vista implícito do personagem é sempre mais rica que a do “olho de deus”, como alega Hilary Mantel (Além da Escuridão). Não exagere nas descrições: deixe espaço para o leitor imaginar os personagens, lugares, clima. Muita descrição quebra o ritmo da leitura.
Não olhe para trás: retome a escrita sempre do ponto onde parou e siga em frente. Quando tiver terminado, afaste-se do texto por algum tempo e, somente então, volte ao início e avalie a necessidade de reescrever.
Faça um Test-Read: quando acreditar que seu texto está pronto, peça a duas ou três pessoas para lê-lo. Não escolha parentes nem amigos, a menos que estes tenham senso crítico. Outra alternativa é criar um blog na Internet e disponibilizar seus textos, mas saiba discernir as críticas pertinentes – Neil Gaiman (Sandman) diz que quando as pessoas dizem que “algo está errado ou não funciona para elas, estas estão quase sempre certas.
Quando te dizem exatamente o que acham que está errado e como consertar, elas estão quase sempre erradas”. Algo importante: antes de disponibilizar trabalhos originais para avaliação alheia, é bom sempre ter o cuidado de protegê-los, registrando-os.
Confie no leitor: não caia na armadilha de tentar esmiuçar tudo. Como Stephen King (Duma Key, série A Torre Negra) recomenda, não enrole o leitor e “vá direto ao ponto ou tente chegar logo ao ponto”. Não gaste tempo demais explicando o pano de fundo da história ou do mundo.
Sobre isso, Hilary Mantel aconselha a concentrar-se no ponto de mudança da narrativa, já que “as pessoas não reparam no ambiente em que vivem e na sua rotina diária” – quando os personagens vão para outros lugares ou as coisas mudam ao seu redor é que o escritor deve preencher os detalhes do mundo ao redor deles.
Antes de encerrar é importante dizer o seguinte: a metodologia não deve ser algo rígido, ela deve se adequar ao seu perfil. Caso algo não funcione para você, simplesmente mude por algo que funcione!
Menções Honrosas
Algumas dicas publicadas no Guardian são bem inusitadas. Ei-las:
“Não beba e escreva ao mesmo tempo.” (Richard Ford)
“Nada de álcool, sexo ou drogas enquanto estiver trabalhando.” (Colm Tóibín)
“Seja seu próprio editor/crítico. Simpático, mas impiedoso!” (Joyce Carol Oates)
“Se tudo mais falhar, há (…) São Francisco de Sales, o santo patrono dos escritores (…)” (Sarah Waters)
Há muitas pessoas que querem ser escritores, mas não sabem por onde começar. Por algum tempo, este humilde escriba foi uma delas.
Motivado por textos, conversas e até mesmo um podcast, eu decidi dar início a uma longa jornada de aprendizado.
Embora aparentemente árduo, o caminho não é impossível de ser trilhado, especialmente se contarmos com os conselhos de alguns autores conceituados.
Eu tenho uma relação conturbada com o tempo: nunca consigo conciliar sua passagem com algumas atividades que gostaria de realizar. Trabalho, estudo, família, lazer, estas coisas sempre encontram um lugar em minha agenda, mas por que é difícil encaixar aquelas paixões às quais eu desejo dedicar-me?
Pensei (e li) muito sobre isso nas últimas semanas e conclui: falta-me organização e planejamento.Sempre amei escrever. Impelido por este sentimento, criei este blog com o objetivo de divulgar meus textos, desenvolver meu estilo, aprender com as críticas, mas, acima de tudo, organizar-me.
Caneca motivacional: nada como café para as madrugadas insones.
Não é algo fácil – desviei-me da proposta original diversas vezes –, mas aprendi o bastante para tentar novamente. Na verdade, recentemente, duas coisas motivaram-me a isso: um podcast de uma entidade careca e um artigo do blog literário do jornal Guardian.
No Laboratório do Dr. Careca, o autor J.M. Trevisan disponibilizou um podcast especial onde ele e o escritor Leonel Caldela (Trilogia Tormenta) discorrem sobre escritores, editores e outros tópicos voltados à produção de livros.
Embora um pouco longo demais, o papo entre ambos foi esclarecedor, especialmente o tópico sobre a metodologia empregada por Caldela na produção de seus romances (assunto abordado por volta dos 10 minutos de reprodução).
O artigo do Guardian foi publicado em duas partes e contém uma seleção de dicas de escrita propostas por autores bem conceituados, entre eles Neil Gaiman (Sandman, Stardust) e Michael Moorcock (Elric of Melniboné Saga). Identifiquei-me com muitas sugestões dadas ali, mas uma (das mais freqüentes ao longo do texto) atingiu-me em cheio: se você quer escrever, então escreva, não fique só na vontade.
Conclusão: elaborei uma coletânea com 86 dicas que pretendo utilizar como base para criar uma metodologia própria – este ainda é um número alto e tentarei filtrar o que é realmente essencial desta lista.
Escrevendo Ficção – Guia para Patetas: o caminho das pedras… sem as pedras!
Ademais, estou organizando melhor minha agenda, reservando espaço para esta minha paixão e planejando a semana antecipadamente – algo que aprendi num blog voltado para quem quer organizar bem o tempo de que dispõe (talvez eu fale mais a respeito disso no futuro).
No próximo post, eu disponibilizarei a primeira versão de minha metodologia. Se o leitor também é um aprendiz de escritor ou se as idéias deste texto despertaram seu interesse, eu sugiro escutar o podcast do Dr. Careca e ler o artigo do Guardian (em inglês; veja os links abaixo).
E fica aqui a sugestão aos autores espalhados por toda a grande rede mundial: que tal compartilhar a metodologia de vocês? Quais são as suas dicas de escrita?
Para saber mais:
Laboratório do Dr. Careca: ouça o podcast com dicas para escritores com J.M. Trevisan e Leonel Caldela.
Guardian.co.uk: veja a primeira parte do artigo contendo dicas de autores conceituados (em inglês).