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10 vantagens da autopublicação de livros

Principiante ou veterano, todo escritor já cogitou utilizar alguma plataforma de autopublicação. Eu confesso que o fiz várias vezes, mesmo vendo a publicação como um projeto de longuíssimo prazo. Costumo acompanhar novidades sobre o assunto, pois é sempre bom estar atento às possibilidades ofertadas pelo mercado editorial.

As plataformas de autopublicação estão proliferando no Brasil, graça, obviamente, à Internet. Além do pioneiro serviço da Amazon, o Kindle Direct Publishing, os escritores brasileiros têm agora à disposição o Publique-se da Livraria Saraiva, o iba, o Bookess, o Clube dos Autores, o Kobo Writing Life e o recente e-Galáxia.

Uma rápida pesquisa virtual revela essas e muitas outras plataformas. As seis supracitadas foram indicadas pelo site parceiro Listas Literárias, que indicou também o Google Play, para dispositivos móveis – este requer o pagamento de uma taxa de $25. Também são muitos os sites que enumeram os prós e contras da autopublicação.

Por esses dias, topei com um interessante infográfico que lista 10 razões pelas quais vale a pena autopublicar um livro. A seguir, compartilho a tradução livre do texto, pontuada por breves considerações minhas. Espero que seja de alguma utilidade para os colegas, aprendizes ou não, que já disponham de livros prontos para publicação.

Elaborado por Shawn Welch, autor de três livros, entre eles APE: Author, Publisher, Entrepreneur — How to Publish a Book, o infográfico está disponível no idioma original aqui.

Publicação Artesanal: TOP 10 razões para autopublicar
  1. Conteúdo e controle do projeto

    Quando autopublica um livro você pode controlar seu conteúdo, tamanho, e aparência. Mas caso o livro não seja bom não haverá editor ou comitê editorial para culpar.

    Toda liberdade implica em responsabilidade. O autor deve comprometer-se profissionalmente com sua obra. Em se tratando de e-books, as plataformas disponíveis hoje no mercado cuidam bem dos aspectos essências da produção, como diagramação e disponibilização em formatos compatíveis com diversos modelos de e-readers, tablets e celulares.

    Contudo, há pouca ou nenhuma preocupação com a questão visual (capa, ilustrações) e com a revisão do texto, por exemplo. O autor deve cuidar de tais questões por conta própria ou arcar com os custos de profissionais especializados, caso reconheça sua limitação ou deseje uma qualidade digna de obras lançadas por editoras.

  2. Tempo para comercializar

    O livro pode estar disponível no mercado em menos de uma semana tão logo se finalize uma versão revisada. Uma editora tradicional leva de seis a nove meses para pôr um livro impresso no mercado e não liberará uma versão digital antes da impressa.

    O livro sai mais rápido, mas, em contrapartida, não conta com todo o aparato de divulgação de uma editora, nem será promovido pela plataforma escolhida – a menos que se pague por isso. Caberá ao próprio autor divulgar o trabalho, o que requer tempo e dedicação – o esforço pode ser ainda maior, caso ele não tenha qualquer noção de marketing.

    A Internet é, obviamente, uma poderosa aliada do escritor, mas como qualquer ferramenta só é útil quando utilizada corretamente – e não, assinar comentários aleatórios em blogs, fóruns e grupos de discussão com o nome e local de compra do livro não é uma boa forma de divulgá-lo.

  3. Longevidade

    Quando uma editora tradicional deixa de comercializar um livro, o autor passa a ter pouco retorno financeiro. Com a autopublicação, você pode manter seu livro no prelo para sempre – ou ao menos pelo tempo necessário para que os leitores te descubram.

    Com a autopublicação você não corre o risco de ver seu livro tornar-se mais um espécime raro a habitar as prateleiras poeirentas de bibliotecas ou sebos por não ter conseguido acordo para novas (e maiores) tiragens.

  4. Revisões

    Na publicação tradicional podem ser necessários meses para reparar erros, pois as editoras só imprimem edições revisadas depois de esgotarem todo o estoque atual. O autopublicado pode revisar seus livros imediatamente junto aos revendedores de e-books online e às gráficas de impressão sob demanda.

    Sim, tal possibilidade é excelente, mas, como dito anteriormente, o ideal é prezar pela revisão profissional antes da disponibilização do livro no mercado – é claro que sempre existirão erros. Considero como vantagem também poder incrementar o livro posteriormente com apêndices, mapas, ilustrações, etc., permitindo a criação de edições comemorativas ou especiais.

    Eis o lado negro dessa facilidade: ceder à tentação de modificar tanto a obra quer por vontade própria quer para atender ao feedback de leitores que ela acabe se tornando outra coisa, o que não seria justo com os compradores das edições iniciais. Não acho improvável acontecer.

  5. Royalty maior

    O royalty recebido de uma editora tradicional varia entre 10% e 15% dos lucros das vendas do livro. A Amazon, por outro lado, paga royalty de 35% ou mais.

    No Brasil, a renda do escritor autopublicado normalmente gira em torno dos 30% – na Amazon é possível receber até 70%, desde que a obra seja inscrita num serviço especial chamado KDP Select, o qual impõe algumas restrições. Aparentemente, a porcentagem oferecida por essas plataformas ainda é superior àquela ofertada pelas editoras, o que é um grande atrativo, ainda mais para os escritores em início de carreira.

    Contudo, cabe sempre frisar que é indispensável ler com atenção todas as clausulas do contrato para evitar surpresas desagradáveis no futuro. Outra preocupação é ficar atento às políticas de exclusividade.

  6. Controle de Preço

    A autopublicação permite alterar livremente o preço do livro. Você pode determinar um valor mais baixo para tentar vender mais cópias ou um valor mais alto para sinalizar a qualidade do produto.

    Perfeito para promover promoções. Contudo, é preciso ter consciência e confiança no valor de seu trabalho para não correr o risco de praticamente dar o livro apenas para ser lido ou tornar-se conhecido. Escrever, afinal, é uma profissão.

  7. Distribuição global

    A autopublicação permite alcançar a distribuição global do e-book já no primeiro dia. O Kindle Direct Publishing listará seu e-book em 100 países. O iBookstore da Apple alcança 50 países.

    A princípio, não vejo vantagem aqui, a não ser que o livro esteja disponível em outros idiomas e conte com uma tradução profissional – nada de tacar o texto num tradutor automático e sair por aí publicando, como muitos picaretas têm feito.

  8. Controle de Direitos Estrangeiros

    Caso o livro seja um sucesso, editoras estrangeiras te contatarão para adquirir os direitos para seus países. Neste cenário, é possível que seu lucro seja maior por não precisar compartilhar receita com uma editora tradicional.

    Ei, não custa sonhar, certo?

  9. Estatísticas

    A maioria dos revendedores de e-books online e das gráficas de impressão sob demanda dão os resultados das venda em tempo real, ou quase. Editoras tradicionais fornecem extratos de royalty duas vezes ao ano – imagine gerir um negócio com dois relatórios de vendas por ano.

  10. Flexibilidade de Negociação

    O autopublicado pode firmar qualquer tipo de acordo com qualquer tipo de organização. As editoras tradicionais vendem apenas para os revendedores, exceto por vendas volumosas para grandes organizações.

    Vale reforçar: é preciso ficar de olho no contrato e nas políticas da plataforma utilizada, já que algumas podem exigir exclusividade sobre a distribuição da obra.

E aí, caro leitor, você concorda com as vantagens listadas pelo senhor Welch? Comente abaixo.

Para saber mais:

  1. Autopublicar ou procurar uma editora? – dicas do escritor parceiro Alexandre Lobão.
  2. Os abacaxis da publicação independente: o outro lado da moeda, pelo escritor Henry Alfred Bugalho.
  3. 7 plataformas para autopublicação: artigo do site parceiro Listas Literárias, de Douglas Eralldo
  4. Podcast Ghost Writer – Ebooks: episódio com a participação dos escritores Eduardo Spohr e Marcelo Amaral.
  5. Curso Self-Publishing: com o apoio Terracota Editora, Vanderley Mendonça, editor independente com formação nos EUA e Alemanha, ministrará este curso em São Paulo em setembro e outubro deste ano (2013).
  6. APE: Author, Publisher, Entrepreneur — How to Publish a Bookblog do livro de Shawn Welch, autor do infográfico traduzido e disponibilizado neste post.
  7. 7 coisas que aprendi – por Douglas Eralldo: a contribuição do autor de Morgan: O Único e O Titereiro dos Mortos.
  8. 7 coisas que aprendi – por Marcelo Amaral: a contribuição do autor de Palladinum – Pesadelo Perpétuo.

5 dicas para escrever contos

Há pouco tempo o escritor americano Philip Athans publicou em seu blog algumas dicas sobre como produzir um conto completo numa única sessão de escrita.

Imaginem quantas histórias uma pessoa que escreve regularmente poderia produzir assim? Bom demais para ser verdade? Talvez, mas é possível. E nem é preciso ser um best-seller como Athans.

5 atitudes ao escrever contos
  1. “Tenha a história quase pronta em sua imaginação antes de começar.”

    Não é preciso montar um roteiro completo, mas imaginar uma parte do todo ajuda bastante. Particularmente, procuro visualizar primeiro personagens (não muitos; de dois a três, às vezes só um) com características e históricos inusitados – costumo ser detalhista neste ponto, o que não é o ideal para narrativas curtas (tenho trabalhado esta questão, mas falo disso outro dia).

    O próximo passo é imaginar o conflito do conto, algo que os personagens queiram e que os coloque em atrito um com os outros ou consigo mesmos. A seguir, eu imagino o momento ou a cena em que o conflito eclodirá (o clímax), explicitamente ou não. Às vezes tento antecipar também o final, mas se não o encontro me contento com o que já tenho.

  2. “Não ligue o computador até que saiba qual será a sua primeira frase.”

    Acrescento: e até que saiba como o conto começará. A página em branco intimida, confunde. Ela tenta te convencer de que sua ideia não é tão boa quanto parece e, por isso, não merece ser escrita. Como ela ousa?! Felizmente, a página em branco tem ponto fraco: uma vez preenchida (quanto mais palavras, melhor), ela perde seu poder. Arme-se antes de desafiá-la.

    Travou? Dê um tempo e tente novamente.

  3. “Não se preocupe com os detalhes. Deixe-os para depois.”

    Não se trata de escrever algo superficial. Detalhes são importantes, dão cor e vida próprias ao texto. Mas a preocupação agora é tirar aqueles fragmentos de informação da cabeça e uni-los para contar uma história. Neste momento não importa o tipo de tecido do vestido daquela mulher sedutora nem o nome do drinque que o psicopata lhe paga.

    Quando não consigo evitar a necessidade de ser específico, faço uma consulta rápida a um dicionário, a uma enciclopédia, a um conhecido ou mesmo ao Google – ainda não consegui me convencer a não escrever com Internet ligada –, mas, se não encontro o que procuro, escrevo algo genérico, destacado em negrito e caixa-alta, e sigo em frente.

  4. “Continue escrevendo, o mais rápido que puder, não importa como.”

    Não pense, apenas escreva. Não se preocupe com os erros de ortografia e gramática, ignore as frases mal construídas e os diálogos patéticos, deixe passar as falhas de continuidade. Não releia o texto, coloque palavra atrás de palavra e prossiga. Escreva, escreva, escreva. E então…

    Entregue-se à escrita.

  5. “Quando achar que chegou a um ponto onde a história deve acabar, pare.”

    Normalmente ele está em algum lugar logo após o clímax do conflito. É mais fácil identificar esse ponto, obviamente, quando se conhece de antemão o desfecho do conto. Por outro lado, também é possível que o final se forme na mente durante a escrita. Mas se nenhum dos dois casos se aplicarem, o melhor é seguir a intuição. De qualquer modo, uma vez exposto o conflito, é importante não se alongar e concluir o conto o quanto antes.

“E atenção: se liga aí que é hora da revisão.”

Com um pouco de prática, é perfeitamente possível escrever um conto numa única sentada, parafraseando Athans. A satisfação de ver sua história narrada do inicio ao fim bem ali, diante de seus olhos, é única – igualável apenas, talvez, pela satisfação de concluir um romance.

Mas calma lá!

O texto está terminado, mas não está pronto para ser apresentado ao mundo, pelo contrário. Esta é apenas a primeira versão e é bem provável que seja horrível – não se podem esquecer os problemas ignorados lá atrás, correto? Antes de enviá-lo para os amigos ou postá-lo no blog será preciso lapidar (e muito) esse diamante bruto.

Deixe isso para outra oportunidade. Por ora, encoste o texto e esqueça-se dele por uns dias. Fique feliz por ter escrito um conto completo de uma só vez e vá pegar aquele agradinho que prometeu a si mesmo caso conseguisse cumprir mais este desafio.

Aproveite um repouso merecido.

E vocês, leitores? Como costumam escrever seus contos?

Para saber mais:

  1. Não perca a motivação – 10 dicas para escritores: minha tábua de mandamentos pessoais para os momentos de crise existêncial. :)
  2. O pesadelo das revisões constantes: um desabafo sobre essa dificuldade que, felizmente, tenho conseguido superar.
  3. Metodologia 5+10: 5 regras e 10 orientações flexíveis que busco seguir em meu caminho para tornar-me um escritor.
  4. Estrutura dramática de um conto: ótimo artigo escrito pela escritora parceira Sara Farinha.
  5. The one-sitting short story: onde Philip Athans fala sobre como escreveu um conto de 6.000 palavras numa única noite. Visite outras seções do blog para saber mais sobre o escritor (em inglês).

Metodologia na prática: escrevendo uma monografia

Quem se lembra da Metodologia 5+10? Inspirada em dicas profissionais, esta coletânea de 5 regras e 10 orientações fundamentais para escritores iniciantes foi organizada e publicada aqui há cerca de… três anos!?

Mesmo após tanto tempo, ainda a tenho como um guia indispensável – e, até agora, imutável. Deixem-me explicar o porquê com um exemplo prático.

Minha jornada de escritor teve início em 2010. Na época, eu tencionava usar a metodologia 5+10 para escrever contos, mas, por estar graduando, tive de me dedicar exclusivamente a outro tipo de texto: monografia.

Sem dúvida, o tal trabalho de conclusão de curso, como também é conhecido, é um desafio torturante. Contudo, surpreendentemente, a metodologia facilitou bastante todo o processo.

“Quer escrever? Então leia.”

A definição do tema era a dificuldade mais recorrente entre meus colegas. Para mim isso não foi problema e creio que o motivo seja só este: antes eu li muita coisa relacionada à área – não somente livros, mas revistas, jornais e artigos de sites confiáveis. Com um conhecimento geral de assuntos diversos, eu só precisei escolher aquele com o qual mais me identifiquei.

“Faça uma tempestade de ideias.”

Meu tema era muito abrangente e eu nunca seria capaz de esgotá-lo num único trabalho. Assim, dentre as abordagens possíveis, optei por duas ou três mais intrigantes; refleti sobre os aspectos principais, a satisfação em explorá-los, os resultados que renderiam, e coloquei tudo no papel. Esses rascunhos tornaram proveitosos os encontros com minha orientadora: nossos debates indicavam pontos positivos, negativos e suscitavam novas ideias.

“Pesquisar é preciso.”

Definido o escopo, era hora de elaborar a bibliografia e pesquisar livros e artigos científicos. Reservei um bom tempo para esta fase, e fui muito criterioso na validação das informações, das biografias dos autores. Busquei não só textos de qualidade, mas que agregassem valor. Para não surtar com a oferta vasta (ler tudo era impraticável) eu fiz uma triagem inicial através de leituras superficiais ou resumidas.

Não tente abraçar o mundo durante a pesquisa.

“Tenha um caderninho sempre à mão.”

Quando já contava com um acervo bibliográfico considerável, reli os textos selecionados com atenção. De certo modo, eu ainda estava pesquisando, porém, mais profundamente. As fontes que se confirmavam valiosas eram registradas em cadernos (físicos e virtuais) para facilitar consultas futuras – bem como citações e parágrafos que se destacaram durante a leitura.

“Quer escrever? Então escreva.”

Vale ressaltar que mesmo durante a pesquisa eu já colocava em prática outra regra de ouro: escrever. As leituras constituem a fundamentação da monografia, mas ela deve conter o toque pessoal do graduando, suas impressões. Em outras palavras, é com base nos textos lidos que o autor escreve suas considerações sobre o tema.

A melhor maneira de fazer isso, para mim, foi resenhando tudo o que lia. Contendo informações sobre a fonte (autor) do texto, as principais ideais abordadas e minha opinião fundamentada, as resenhas permitiram uma abordagem por tópicos que, futuramente, foram relacionados e reescritos nas versões finais.

Resenhar os textos lidos ajuda a preparar o marco teórico.

“Não olhe para trás.”

Todo o marco teórico estava praticamente finalizado em minhas resenhas. Deixei-as de lado por um tempo para focar na estruturação da monografia segundo as normas de apresentação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Findo esse trabalho mecânico, elaborei os aspectos metodológicos: forma de coleta de dados, execução de testes, e tudo mais que fosse ao encontro ou não do resultado proposto. Aqui a metodologia 5+10 foi de pouca valia. Na verdade, esta foi a etapa em que mais penei durante a produção da monografia.

“Escrever é reescrever.”

Concluídas as atividades mais práticas, era o momento de discorrer sobre seus resultados à luz do que foi descrito nos textos que elaborei. Novamente, não tive qualquer problema aqui: de posse das resenhas, só precisei relê-las e reescrevê-las.

Reordenei, adaptei, intercalei, eliminei trechos e inclui interpretações suscitadas pela releitura até finalmente obter um texto consistente. Foi a etapa mais agradável de todo o processo.

“Tenho um semestre inteiro pra fazer o TCC.”

“Tenha disciplina.”

A disciplina foi fundamental em todo o processo. Estabelecidos os momentos para pesquisa, leitura e escrita, com tempo e espaço reservados para cada, foi preciso um tremendo esforço para executar tudo o que havia sido exaustivamente planejado.

Na maior parte do tempo, a Internet e outras distrações cruéis (nada de videogames e filmes) foram mantidas à distância – estar off-line é uma das melhores recomendações aos escritores de nosso tempo.

“Encare o bloqueio.”

Obviamente, nem tudo foram flores. Houve momentos em que me vi às caras com o terrível bloqueio. Às vezes tentei driblá-lo escrevendo o que viesse à mente, sem preocupar-me com a qualidade, mas eu quase sempre desistia após alguns minutos – ou por não indisposto, ou por não conseguir fazer vista grossa às atrocidades que escrevia.

Ainda assim, quando retornava ao texto horas (dias) depois, o fato de ver algo escrito ali era muito mais estimulante do que encontrar uma página em branco.

Ei, tá faltando coisa aí…

Nem todas as orientações da metodologia 5+10 foram postas em prática, afinal, como dito, o foco dela é a produção de ficção. Contudo, muitas foram fundamentais para que eu concluísse minha monografia sem grandes sustos. Eu não poderia esperar menos do que isso de dicas dadas por escritores profissionais.

E você? Já experimentou a metodologia 5+10? Conhece outros processos de escrita? Que tal compartilhar um exemplo prático nos comentários?

Para saber mais:

  1. Metodologia 5+10: 5 regras e 10 orientações flexíveis que busco seguir em meu caminho para tornar-me um escritor.
  2. Não perca a motivação – 10 dicas para escritores: minha tábua de mandamentos pessoais para os momentos de crise existêncial. 🙂
  3. Pare o mundo que eu quero escrever! – texto sobre minha labuta contra as distrações do cotidiano.
  4. O pesadelo das revisões constantes: um desabafo sobre essa dificuldade que, felizmente, tenho conseguido superar.

Não perca a motivação: 10 dicas para escritores

Quero crer que todo escritor profissional, em algum momento da vida, sente-se angustiado e abatido, quiçá certo de que jamais escreverá algo digno de ser lido. Tal pensamento conforta este pobre e extremamente exigente aprendiz.

Além disso, recorro sempre a uma listinha com 10 breves dicas motivacionais que elaborei para essas ocasiões não tão raras. Se o capuz também lhe serviu, querido leitor, reserve uns minutinhos para lê-las e, talvez, pregá-las num lugar bem visível.

10 dicas para não perder a motivação
  1. Pare de sentir pena de si mesmo: e de lamuriar por não nunca ter tempo para escrever, por ser sempre importunado nas raríssimas vezes em que consegue fazê-lo, por ninguém ler os seus textos, por terem “roubado” aquela sua ideia brilhante e única para um livro, por não ser tão reconhecido quanto Cicrano ou Beltrano. Essa atitude não fará de você um escritor – muito pelo contrário.
  2. Identifique e supere suas limitações: aceite cada dificuldade como um desafio a ser vencido, não como uma barreira intransponível. Avalie os problemas que se apresentam e a si mesmo. Faça o que for possível dentro das atuais condições, sem condicionar-se a atitudes de terceiros ou situações de um futuro muito distante. Se algo não está funcionando, tente fazer de outro modo.
  3. Seja humilde: não inicie uma luta solitária contra o mundo; peça ajuda quando não for capaz de lidar com suas limitações por conta própria. Ouça o que colegas escritores mais experientes têm a dizer e aprenda com eles. Não amaldiçoe os que te ignorarem, pois isso não os torna maus, apenas pessoas com vidas tão ou mais atribuladas quanto a sua. Saiba aceitar críticas: se construtivas, seja grato e procure melhorar; se não, ignore-as – todos têm direito à opinião.
  4. Pegue leve consigo: exija de si a disciplina de dedicar ao menos alguns minutos de seu dia à escrita, mas não se frustre se seu texto não apresentar a quantidade ou a qualidade esperada. Encare cada linha, parágrafo, página como uma vitória e alegre-se. Um espaço preenchido com palavras é sempre uma visão mais estimulante do que um em branco – e não se preocupe se elas não forem exatamente as que você procura; lembre-se que escrever é reescrever.

  5. Confie em sua criatividade: não desista de um projeto somente por ter descoberto que algo semelhante já foi escrito. Acredite em sua capacidade de adicionar aquele toque pessoal a um tema recorrente, enriquecendo-o com novas interpretações, pontos de vista, e situações não imaginadas. Se tal pensamento derrotista imperasse, talvez Drácula de Bram Stoker – ou outro texto ainda mais antigo – fosse até hoje a única história de vampiro conhecida.
  6. Escreva com convicção: acredite naquilo que escreve e escreva aquilo em que acredita. Não se deixe intimidar pelo medo de expor o que pensa ou pelo que pensarão de você. Atente para o que os outros gostariam de ler, mas na medida certa: não se anule para agradar seu público-alvo. Seja polêmico, filosofe, explore o controverso, instigue à reflexão. Mas sempre respeite as crenças e opiniões alheias, ainda que discordantes. Deste modo, outros também respeitarão suas ideias – pelo menos a maioria civilizada o fará.
  7. Não seja (muito) ansioso: é natural que escritores iniciantes queiram ter seus textos lidos, comentados, compartilhados e, principalmente, publicados o quanto antes. Não se culpe por desejar reconhecimento imediato, mas procure dominar a ansiedade. Aceite que será preciso escrever, reescrever, revisar, e avaliar seus trabalhos antes de soltá-los no mundo. O resultado pode até não agradar a todos – quem é capaz disso? –, mas ao menos você estará certo de ter se dedicado para oferecer o melhor aos leitores.

  8. Teime, teime, teime: não duvide de que haverá momentos em que a vida parecerá conspirar para afastá-lo da escrita: agendas estudantis e profissionais, questões financeiras, familiares. Como se não bastasse, você achará sua escrita patética e se questionará se não deveria se ater às listas de compras. Quando isso ocorrer, respire bem fundo, lembre-se de que está nessa por amor às palavras – ninguém está te obrigando a escrever – e persevere. Logo tudo melhorará.
  9. Nunca pare de aprender: o caminho do escritor tem diversos destinos, mas não é finito. Não pense que sua jornada terá chegado ao fim somente por ter dominado técnicas, encontrado a própria voz, ter obras publicadas, reconhecidas. Quando se sentir confortável demais, desafie-se: experimente um novo gênero, brinque com as estruturas literárias, deturpe as regras que tanto se esforçou para conhecer. Sempre há algo novo a aprender, explorar e experimentar.
  10. Divirta-se: aprecie cada momento dedicado à escrita. Se a experiência estiver sendo penosa, considere afastar-se por um tempo: leia um livro, assista a um filme, encontre uns amigos. Mas se acaso nunca experimentou a satisfação de ver ideias transmutando-se em palavras nem se alegrou com um texto que saiu melhor do que o previsto, então talvez esta jornada não seja pra você.
Eis minhas dicas motivacionais. E vocês, leitores? Como costumam se motivar?

Dica Bônus

Faça exercícios físicos: alguns escritores podem ser criaturas muito sedentárias, ainda mais aqueles nascidos em certo estado do Nordeste – sou baiano, note-se. 😉 Além de prejudicial à saúde, obviamente, tal estilo de vida não é exatamente uma fonte de inspiração e criatividade. Além disso, as dores resultantes da inatividade excessiva comprometem os momentos de escrita. Como escritores ficam sentados na maior parte do tempo – alguém escreve de pé ou andando? – é importante alongar-se, praticar esportes, enfim, exercitar-se com regularidade.

Para saber mais:
  1. How to Find Your Daily Writing Motivation: este artigo sobre motivação para escritores apresenta dicas utéis e as interessantes regras de recompensa. Vale uma conferida; (em inglês).
  2. Metodologia 5+10: 5 regras e 10 orientações flexíveis que busco seguir em meu caminho para tornar-me um escritor.
  3. Pare o mundo que eu quero escrever: onde desabafo sobre meu desafio de lidar com as distrações do cotidiano.
  4. O pesadelo das revisões constantes: algumas palavras sobre como identificar e superar este terrível obstáculo.

O escritor Alexandre Lobão escreveu textos interessantes sobre motivação para escritores no Vida de Escritor. Confira-os a seguir.

  1. Como vencer sua inércia
  2. Tudo o que você queria saber sobre motivação para escritores e não tinha pra quem perguntar…
  3. Por que continuar escrevendo?
  4. Persistência, Motivação e Foco

Serviço: Circuito Literário Mineiro

Entre minhas metas para 2013 está me envolver mais com a literatura, participando mais de eventos. Numa dessas coincidências da vida, topei com um artigo na revista Metáfora que tratava justamente de alguns movimentos literários mineiros.

Se o leitor também busca imergir nesse ambiente, clique abaixo e saiba o que rola em Minas Gerais.

A lista a seguir foi elaborada e publicada na edição 15 da revista Metáfora, mas as descrições foram sintetizadas por mim a partir das informações disponíveis nos sites de cada evento.

E a propósito: ainda não descobri oficinas de escrita criativa aqui em Belo Horizonte. Caso alguém conheça alguma, favor compartilhar nos comentários.

ATUALIZAÇÃO: enfim encontrei! O Letras e Ponto oferece oficinas de contos e literatura semestrais. Mais tarde falarei sobre eles por aqui. Por ora, confiram mais sobre esse excelente espaço proporcionado pela escritora Dagmar Braga.

“Circuito Literário Mineiro”

Sempre um Papo

http://www.sempreumpapo.com.br

Programa cultural de grande credibilidade no país. Além de Belo Horizonte, está presente em 30 outras cidades, oito estados, o Distrito Federal e em Madri, na Espanha. O que começou como encontros entre autores e personalidades mundiais atualmente é dividido em diversos projetos, que incluem um programa de TV homônimo – os episódios são disponibilizados para download livre no YouTube – e outro de rádio, o Mondolivro, veiculado na rádio CBN.

Ofício da Palavra

http://www.mao.org.br/port/programacao.asp

Iniciativa do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, este evento é caracterizado pelo incentivo à leitura, a divulgação de escritores e suas obras e bate-papos descontraídos sobre literatura. O Ofício da Palavra, que completa sete anos em 2013, já contou com a participação de Fabrício Carpinejar, Arnaldo Antunes, Marcelino Freire, Nelson de Oliveira, Carlos Heitor Cony, e muitos outros. O evento é sediado mensalmente no Museu de Artes e Ofícios, com entrada franca.

Fórum das Letras de Ouro Preto

http://www.forumdasletras.ufop.br

O Fórum das Letras é promovido pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e desde 2005 possibilita a interação entre escritores e público participante. Suas as atrações gratuitas dividem-se em Programação Principal, Fórum das Letrinhas, Ciclo de Jornalismo e Literatura, e Via-Sacra Poética. O evento conta também com a participação de editores, agentes literários e demais profissionais do ramo. O tema da edição de 2012 foi a fabricação de livros.

Literata de Sete Lagoas

http://www.literata.net

Nascida em 2010, a festa literária de Sete Lagoas ainda é pouco tradicional, mas tem atraído atenções a cada ano. Palco para interação com escritores e para discussões sobre a produção literária brasileira, a Literata está sob a curadoria do escritor Humberto Werneck. Cada edição do evento tem sido dedicada a um grande autor nacional: já foram homenageados Guimarães Rosa, Fernando Sabino e Monteiro Lobato.

Felit de São João Del-Rei

http://www.felit.com.br

Sediado na cidade eleita Capital Brasileira da Cultura de 2007, o Festival de Literatura de São João Del Rey conta com a participação de escritores, críticos, professores e personalidades da vida cultural do país. Além de mesas redondas, o evento oferece feira de livros, oficinas, café literário com apresentações musicais, e muitas outras atrações. A Felit completou seis anos de existência em 2012.

Bienal do Livro de Minas

Em breve

Sediado em Belo Horizonte, a Bienal é um programa cultural que reúne atrações para todos os gostos e idades. Um de seus destaques é o Café Literário, que possibilita encontros e debates com escritores, jornalistas e personalidades sobre a literatura brasileira, o processo criativo, entre outros temas. Em 2012 o evento, que homenageava Carlos Drummond de Andrade, acabou cancelado devido a problemas na estrutura do Expominas, onde estava sendo sediado.

Flipoços de Poços de Caldas

http://www.feiradolivropocosdecaldas.com.br

Ano passado, a Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas teve grande repercussão nacional e conquistou lugar entre os mais importantes eventos do Circuito Nacional de Feiras de Livro, segundo avaliação da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Em 2013, a oitava edição já tem data marcada e homenageará ninguém menos que o fundador da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis.

Coletivo 21

http://www.coletivo21.com.br

O Coletivo 21 não é um evento, mas um grupo literário que reúne escritores mineiros. Criado em 2011, o Coletivo possibilita conhecer os perfis de seus membros e os serviços que cada um oferece, além de textos de sua autoria. É também uma boa forma de se manter por dentro dos acontecimentos literários no Estado. Dentre os integrantes, destaque para o nome de Luís Giffoni, autor de Infinito em Pó, livro resenhado por mim aqui no blog.

Para saber mais:
  1. Revista Metáfora: site onde é possível realizar a assinatura e adquirir números atrasados.
  2. Serviço – Oficinas Literárias: recomendações enquanto não nada parecido é encontrado em BH.
  3. Resoluções de 2013: onde discorro sobre minhas pretensões para o ano.
  4. Infinito em Pó: minha resenha sobre esta obra do escritor mineiro Luís Giffoni.

Serviço: Oficinas Literárias

Como já devem saber, 2013 é para mim o ano da profissionalização; é quando pretendo, entre outras coisas, participar de uma oficina de escrita. Lendo a respeito, topei com o excelente artigo “Escritor em construção”, publicado na edição 15 da revista Metáfora.Nele, Luciano Velleda mostra que a oferta de tais cursos tem crescido no Brasil, mas defende que é preciso avaliar bem antes de optar por um.

Nessa mesma matéria, o escritor gaúcho e ministrante de oficina, Charles Kiefer, faz quatro recomendações precisas aos interessados: primeiro, avalie até que grau o autor é reconhecido; segundo, saiba se este tem uma boa didática, pois pode ser excelente escritor, mas não saber ensinar; terceiro, tenha contato com a obra do professor; quarto, esteja aberto à crítica.

Velleda enumera algumas oficinas conceituadas e formadoras de bons escritores, como a de Assis Brasil, de onde saíram, por exemplo, Marcelino Freire, que hoje tem a própria oficina, e Leonel Caldela (O Caçador de Apóstolos). Prestando um serviço aos aprendizes de escritor por aí, reproduzo a lista abaixo, com informações de contato e preços cobrados. Fui um pouco além e acrescentei outras duas que têm certo destaque e podem ser boas opções.

Marcelino Freire (esq.), Assis Brasil (centro) e Leonel Caldela (dir.).

Quero aproveitar para deixar registrado aqui minha indignação, afinal, onde estão as oficinas mineiras? Ainda não encontrei nada semelhante em Belo Horizontem exceto por professores de outros estados que de tempos em tempos dão as caras por aqui. Alô, alô, escritores mineiros, quando começarão a olhar para os aspirantes conterrâneos (e agregados)?

ATUALIZAÇÃO: enfim encontrei! O Letras e Ponto oferece oficinas de contos e literatura semestrais. Mais tarde falarei sobre eles por aqui. Por ora, confiram mais sobre esse excelente espaço proporcionado pela escritora Dagmar Braga.

“Por dentro das Oficinas”

por Luciano Velleda

Oficina Literária Raimundo Carreiro

Recife (PE)

Informações: (81) 9495-2583

www.raimundocarrero.com.br

Duração: sem término definido

Valor: R$ 150,00 / mês

Oficina de Escrita Criativa, com Rosângela Petta

São Paulo (SP)

Informações: (11) 3255-2003 / 3257-6268

www.oficinadeescritacriativa.com.br

Também no Facebook

Duração do curso de ficção: 4 meses

Valor: R$ 3.300

Oficina de criação literária, com Marcelino Freire

b_arco Centro Cultural Contemporâneo

Informações: (11) 3081-6986

www.barco.art.br

Duração: 5 meses

Valor: R$ 1.800

Oficina de Escrita Criativa, com Noemi Jaffe

Casa do Saber

Informações: (11) 3707-8900 / 3552-1280

www.casadosaber.com.br

Duração: 4 meses

Valor: R$ 2.080

Oficina de Escrita Criativa, com Rodrigo Petrônio

Fundação Cultural Ema Klabin

Informações: (11) 3062-5245

www.emaklabin.org.br

Duração: 4 meses

Valor: R$ 1.900

Oficina Literária, com João Silvério Trevisan

Informações: (11) 3258-5619 ou jstrevisan@uol.com.br

Duração: 3 meses

Oficina Literária Charles Kiefer

Porto Alegre (RS)

Informações: 51 8116-7928

http://oficinaliterariacharleskiefer.blogspot.com.br/

Duração: sem término definido

Valor: R$ 300 / mês

Oficina de Criação Literária Assis Brasil

Informações: (51) 3320-3676

www.pucrs.br/fale/oficinaliteraria

Duração: 6 meses

Outras duas opções

Oficina de Escrita Criativa OnLine,

com Marcelo Spalding

Informações: marcelo@marcelospalding.com

http://www.escritacriativa.com.br/

Duração: 3 meses

Valor: R$ 180,00 para todo o curso

Workshop de Escrita de Ficção,

com Alexandre Lobão e Oswaldo Pullen

Brasília (DF)

Informações:

Oswaldo Pullen: (61) 3344-2596 – (61) 8138-7998

Alexandre Lobão: (61) 8112-2415

http://workshop.escritacriativa.net/

Duração: 3 dias

Valor: R$ 765,00 (inclui curso, alimentação e hospedagem)

Para saber mais:

  1. Revista Metáfora: site onde é possível realizar a assinatura e adquirir números atrasados.
  2. Charles Kiefer: blog pessoal do escritor gaúcho.
  3. 10 passos para ser escritor: texto de Charles Kiefer publicado na Revista Metáfora e reproduzido em seu blog.
  4. Releituras – Charles Kiefer: site que disponibiliza alguns textos do escritor.
  5. Assis Brasil: site pessoal do escritor Assis Brasil, ministrante de uma das oficinas mais famosas do pais.
  6. Ossos do Ofídio: blog do escritor pernambucano Marcelino Freire.
  7. Marcelino Freire no Twitter: acompanhe o cotidiano do escritor pela rede social.
  8. Caldela no Twitter: siga-o e veja o que ele tem a dizer.
  9. Caldela no Skoob: veja as obras já publicadas pelo autor e torne-se um fã na rede social de leitores.
  10. Vida de Escritor: site do escritor parceiro Alexandre Lobão, que também ministra uma oficina de escrita criativa.
  11. Escrita Criativa: site do escritor Oswaldo Pullen.
  12. Marcelo Spalding: site pessoal do escritor.

Libere a criatividade com propostas de escrita

Encontrar tempo e um refúgio para dedicar-se à escrita é um desafio. Por isto, é frustrante ver-se diante da página em branco e perceber que não tem sobre o que escrever. Mas há algo ainda pior: passar a semana inteira com uma ideia na cabeça e vê-la tomar chá de sumiço no momento de desenvolvê-la.

Felizmente, isto é mais comum do que parece – que escritor nunca passou por isto? Algumas atitudes simples ajudam a superar este bloqueio: passear, exercitar-se, ler, assistir um filme, encontrar amigos. Particularmente, porém, vejo um problema aí: tais atividades podem ocupar um tempo que deveria ser destinado à escrita, e nada mais.

Uma caminhada na vizinhança pode renovar o espírito e a criatividade, mas de que adiantará se não houver ocasião para escrever no mesmo dia? Nada garante que o bloqueio não voltará amanhã também. O que fazer, então? Não despregar da cadeira até reencontrar aquela ideia perdida? Vasculhar a Internet por um assunto da moda?

Tudo isto é contraproducente (principalmente a Internet): o tempo voará e a angústia apenas aumentará. Há maneiras mais eficientes de superar tal barreira. Pode-se, por exemplo, manter listas de assuntos de interesse e ideias – tratarei disto em outra oportunidade – ou utilizar uma proposta de escrita.

Escreva! Eu o desafio!

Na aula de redação, o professor pede aos alunos que escrevam um texto sobre a preservação ambiental. Na embalagem do achocolatado, a chamada do concurso promete prêmios para o relato de férias mais criativo. Numa brincadeira, amigos desafiam uns aos outros a criar frases contendo determinadas palavras.

Não é preciso ser um escritor profissional para perceber que há propostas de escrita por toda parte. Trata-se, simplesmente, de um tema sugerido sobre o qual se desenvolverão ideias. Este pode se apresentar como combinações de palavras, uma frase, parágrafo, imagens, manchetes de jornal, perguntas, hipóteses, etc.

Uma proposta de escrita é como um gatilho que, disparado, desbloqueia a mente, estimula a criatividade e impulsiona a escrita. O resultado pode ser uma coleção de notas desencontradas e cruas, uma simples descrição, um conto, ou até mesmo um romance. No entanto, isto pouco importa. O objetivo é fornecer um foco e um ponto de partida ao escritor, que pode ater-se à proposta ou extrapolá-la por completo.

Trata-se de um recurso útil que permite escrever sem medo nem inibições. Assim, é estranho que este não seja, aparentemente, tão utilizado por aqui quanto nos países de língua inglesa. E basta uma busca pelas palavras writing prompts para ser direcionado a inúmeras propostas de escrita, em seus diversos formatos. Mas talvez eu apenas não tenha sido feliz na escolha dos termos equivalentes em português.

Atualização (25/03/14): uma tradução mais adequada para writing prompt seria provocação, termo utilizado em algumas oficinas de escrita literária.

Quatro benefícios e um apelo

Em DailyWritingTips, Simon Kewin aponta quatro razões para se utilizar propostas de escrita.

  1. Permitem que a criatividade flua livremente: quando intimidado por uma página em branco, experimente escrever sobre qualquer outro assunto por 10 minutos. Depois retorne ao seu trabalho principal e veja como as palavras surgem naturalmente.

  2. Fornecem material valioso: palavras e ideias podem ser utilizadas num futuro projeto de escrita ou aproveitadas num atual. Não se preocupe se algo parecer cru demais, já que tudo sempre pode ser trabalhado posteriormente.

  3. Desenvolvem o hábito da escrita: encaradas como verdadeiros exercícios, evitam que o escritor seja completamente improdutivo quanto a inspiração faltar.

  4. Promovem a interação em comunidades de escritores: através do compartilhamento das propostas e dos textos resultantes é possível obter avaliações, encorajamento e dicas.

Kewin está absolutamente certo em suas colocações. Tenho comprovado isto no dia-a-dia. As propostas de escrita são um modo eficiente de livrar-se dos bloqueios e devem ser utilizadas. Alguns dos textos que compartilho neste blog nasceram delas, ainda que um ou outro tenha se desviado muito da proposta inicial. Mas o que realmente importa é que desfrutei do tempo reservado à escrita para fazer o que um escritor deve fazer: escrever.

Assim, deixo aqui um apelo aos colegas escritores, aprendizes ou profissionais: façamos mais uso das propostas de escrita. Estimulemos mais nossas mentes com palavras, imagens, música. Vamos desafiar mais uns aos outros, compartilhar e avaliar os resultados, percorrer juntos esta estrada eterna de aprendizado.

E, então, amigo escritor? Topa o desafio de compartilhar suas próprias propostas de escrita?

Para saber mais:

  1. Exercícios de Criação: o site Gambiarra Literária é o que mais se aproxima de um acervo de propostas de escrita em português. Vale a pena conferir.
  2. Duelo de Escritores: a cada 15 dias um tema é proposto aos duelistas, que escrevem e disponibilizam seus textos. O escritor mais bem votado pelo público propõe, então, um novo tema.
  3. Writers Digest, Prompts: propostas de escrita disponibilizadas por uma das revistas sobre escrita mais conceituadas do mundo (em inglês).
  4. Propostas Visuais: propostas acompanhadas de imagens. Site muito bom (em inglês).
  5. Creative Writing Prompts: grande acervo de propostas de escrita (em inglês).
  6. Sobre Propostas de Escrita: artigo de Simon Kewin no site Daily Writing Prompts (em inglês).
  7. Pequenas propostas: o site One Writer Minute disponibiliza propostas para textos rápidos, ideais para o escritor com problemas de agenda (em inglês).
  8. Propostas no Twitter: uma busca por #writingprompt pode trazer centenas de propostas (em inglês).
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