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10 artigos mais lidos do Escriba Encapuzado em 2014

TOP 10 Posts do Escriba Encapuzado - 2014Talvez o leitor não se lembre, mas 2014 começou para mim com um pedido de desculpas: comprometido com a conclusão do meu livro de contos, eu temia não conseguir atualizar o Escriba Encapuzado regularmente.

Felizmente, meus temores foram em vão. 2014 foi um ano frenético de escrita por aqui, com artigos bastante populares. Quatro deles se sobressaíram, atraindo muitos novos leitores – a propósito, sejam bem-vindos. Textos mais antigos foram redescobertos e compartilhados nas redes sociais.

Começo este ano de 2015 agradecendo a você, leitor, pela confiança. É você quem faz tudo isso fazer a pena!

Confira a seguir os 10 posts mais lidos do Escriba Encapuzado em 2014.

10 – 5 fatos sobre escrever primeiras versões (leia)

De repente você tem uma ideia na cabeça. Não importa se ela surgiu num lampejo de inspiração ou foi amadurecendo com o tempo, você chegou a um ponto em que não aguenta mais: ou descarrega a ideia no papel ou enlouquece. Mas entre a ideia e o texto final há um longo caminho que começa pelo rascunho. Identifique alguns problemas dessa fase para não tropeçar ainda nos primeiros passos.

Rascunhos

9 – Livros que ensinam a escrever (leia)

Eu sou um fanático por livros sobre escrita e escritores. É comum eu topar com volumes sobre motivação, inspiração, ato e desejo de escrever. Obras técnicas em português são mais raras, mas não impossíveis de encontrar – tem havido um lento, mas crescente interesse neste tipo de publicação pelas editoras nacionais. Confira minhas 5 indicações e outras tantas deixadas nos comentários.

Livros sobre escrita

8 – Metodologia 5+10 (leia)

Este foi um dos primeiros artigos publicados quando resolvi levar a sério essa história de ser escritor. Na época, eu pesquisei bastante sobre o assunto e topei com um artigo do jornal Guardian com conselhos de autores renomados. Daquela imensa lista, eu selecionei 86 tópicos, depois os filtrei e montei uma cartilha com 15 dicas para escritores iniciantes perdidos.  Se este é o seu caso, confira agora mesmo!

Criança Escrevendo

7 – Resenha: O Caçador de Androides (leia)

Li muitos livros em 2014, mas não escrevi sobre nenhum. Foi um opção pessoal. Resenhar consome muito tempo – sou meticuloso; penso e repenso todo texto que leio. Além disso, o Escriba Encapuzado não é um blog literário e sim um espaço sobre a escrita. Mas confesso que fiquei surpreso ao ver este post entre os mais lidos do ano. Será que lançaram um nova edição do livro ou do filme Blade Runner?

Cena do Filme "Blade Runner - O Caçador de Androides"

6 – 7 coisas que aprendi: 58 escritores compartilham experiências em eBook com textos inéditos (leia)

O anúncio do eBook gratuito que celebra os dois anos da série 7 coisas que aprendi figurando entre os posts mais lidos do ano? Ah, que que satisfação. A alegria só não é maior do que perceber que, desde o seu lançamento no início de 2014, o eBook que reúne os conselhos e dicas de 58 escritores nacionais  já foi baixado por mais de 1.800 pessoas! Ainda não conferiu? Corre lá e baixe seu exemplar.

Escritores Inéditos no eBook "7 coisas que aprendi"

5 – Metodologia na prática: escrevendo uma monografia (leia)

Outro post mais antigo que aparece entre os mais lidos de 2014. No texto, eu mostro como apliquei com sucesso a metodologia 5+10 para concluir sem esforço nem traumas meu trabalho de conclusão de curso. E você, está tendo dificuldades para terminar o seu? Quem sabe meu exemplo não te inspira? Dá uma conferida aí no artigo, parceiro. 😉

Metodologia 5+10 na prática

4 – Não perca a motivação: 10 dicas para escritores (leia)

 Todo escritor conhece as dores do caminho que escolheu. Não são poucas as vezes em que bate a vontade de chutar o balde, abandonar a crônica que parece conto, o conto que quer ser romance, o romance imenso que não chega a lugar nenhum. O amor pela arte costuma nos colocar de volta nos trilhos, mas, às vezes, precisamos de uma forcinha extra para não perder a motivação. Confira essas dicas preciosas.

Escritora Feliz

3 – É preciso fazer faculdade para ser escritor? (leia)

Uma das primeiras dúvidas que pinta na cabeça do aspirante a escritor. Procure pelas redes sociais da vida e você verá inúmeras variações desta pergunta se repetindo infinitamente. Não é de se estranhar, portanto, que este texto tenha recebido a medalha de bronze dos posts mais lidos aqui no Escriba Encapuzado em 2014. Ah, a resposta à pergunta você pode conferir no texto. 😉

Escritora Graduada
2 – 8 mentiras que escritores iniciantes contam para si mesmos (leia)

Este foi de longe um dos o post mais lidos do ano passado, perdendo por muito pouco a medalha de ouro. Escrito pelo meu (sumido) parceiro Diogo Ruan Orta, este texto leve e divertido teve grande repercussão nas redes sociais e atraiu muitos novos leitores para o Escriba Encapuzado. Dê uma conferida na lista do Diogo e veja se identifica com alguma mentira. Eu? Com todas, meu caro, com todas.

Escritor Pinóquio

1 – 5 dicas para escrever contos (leia)

E chegamos ao vencedor, o post mais lido do Escriba Encapuzado. Inspirado em dicas do escritor norte-americano Philip Athans, o texto traz dicas para quem deseja escrever um texto completo em uma única sessão de escrita. Bom demais para ser verdade? Talvez, mas é possível. Saiba como lendo o artigo e praticando agora mesmo!

R. A. Salvatore (esquerda) e Philip Athans (direita)

E você, leitor, o que quer ver mais por aqui em 2015? Deixe suas sugestões nos comentários.

Para saber mais – Bônus de outros 5 posts mais lidos:

  1. NaNoWriMo: 30 dias para escrever um livro: saiba mais sobre o evento que te desafia a escrever um livro em um mês.
  2. Aprenda com os Grandes – Hábitos de Escrita de 7 Escritores Espetaculares: um pouco do processo criativo de Stephen King, Ernest Hemingway, Vladimir Nabokov e outros autores renomados.
  3. 10 dicas para escritores por J.R.R. Tolkien: que aspirante a escritor não gostaria de aprender os segredos do ofício com um mestre?
  4. 8 dicas para escrever um texto em poucos minutos: tópicos breves sobre escrever para a Internet. Muito útil para quem pretende começar um blog.
  5. Como ser escritor? Qual é o caminho certo que conduz ao sonho de ser um autor reconhecido?

Resenha: O Caçador de Andróides

PenaPenaPena

Saiba antes de ler: não sou crítico literário nem detentor da verdade absoluta. O texto abaixo relata as impressões que tive após a leitura deste livro e não traz quaisquer revelações quanto ao enredo.

Escrito pelo americano Philip K. Dick, O Caçador de Androides* é uma ficção científica indicada ao Prêmio Nebula de 1968, ano de sua publicação. Foi editado no Brasil somente em 1983, um ano após o lançamento de Blade Runner: O Caçador de Androides, adaptação cinematográfica dirigida por Ridley Scott e estrelada por Harrison Ford. A despeito do lapso temporal, a obra se mantém atual nas reflexões que propõe, mas pode não agradar aos fãs do filme.

O cenário é a Terra do futuro**, arruinada por uma guerra sobre a qual restam pouquíssimos registros. Suas consequências, porém, estão presentes no cotidiano: a radioatividade impregna o planeta; flora e fauna praticamente extintas dão lugar a réplicas artificiais. Os incapazes de se refugiar nas colônias marcianas estão fadados à sobrevivência num ambiente miserável, inóspito e repudiado.

Insuflada pela necessidade e pela monstruosa engenhosidade humana, a tecnologia evoluiu e atingiu o zênite com o advento dos androides orgânicos. Feitos à imagem e semelhança do ser humano, eles somente podem ser distinguidos por intermédio de testes especiais de empatia, faculdade que mal podem emular; isto representa uma ameaça, pois os androides, tidos como mão-de-obra escrava, acabam por revoltar-se contra sua condição.

Nesta distopia tétrica vive Rick Deckard, caçador de recompensas de meia-idade a serviço da polícia que é convocado para localizar e “aposentar” androides rebeldes fugitivos de Marte. Vivendo uma crise matrimonial e de consciência, Deckard busca conforto na aquisição de uma ovelha legítima, um artigo de luxo. Envolvido na caçada contra sua vontade está J.R. Isidore, um “especial” cuja vida é a própria representação da realidade sinistra desta sociedade pós-apocalíptica.

Ainda que livro e filme se fundamentem na mesma premissa, há diferenças consideráveis, a começar pela caracterização do ambiente. A película apresenta uma Terra superpopulosa, com arranha-céus decadentes, carros voadores, e letreiros luminosos bombardeando propagandas a todo instante. A combinação de sombra e luz traduz um clima decante e sujo, mas ao mesmo tempo fascinante e brilhante.

Cena do Filme. Superpopulação?

No romance, impera a sensação de desolação. O mundo é um lugar escuro, silencioso, vazio; a visão de Dick é soturna, desesperadora, e sobressai-se à de Scott. Este aspecto é nítido nas cenas protagonizadas pelo marginalizado Isidore, responsável por expor o horror e a penúria de sua subsistência ao leitor.

Duas particularidades instigantes do cenário que foram ignoradas no cinema se destacam: a existência de uma tecnorreligião – que, infelizmente, surge envolta numa aura de confusão, o que talvez justifique não ter sido abordada no filme – e a possibilidade de manipulação das emoções humanas via estímulos elétricos.

O autor expõe as particularidades de sua visão pessimista do futuro com maestria, mas peca ao conduzir a ação em torno da perseguição aos androides. Exceto por dois pontos específicos da trama, é difícil ao leitor preocupar-se com o destino do protagonista – apesar do texto frisar a capacidade superior dos androides, Deckard nunca parece estar verdadeiramente ameaçado por eles.

Fãs da obra de Scott ficarão incomodados também com a frágil descrição do combate final contra o androide Roy, que é descrito como o mais poderoso do grupo caçado: o confronto aqui é patético se comparado a da versão cinematográfica, repleta de energia e poesia.

Contudo, Dick consegue acertar em cheio no tom em alguns pontos, como quando Deckard é confrontado com uma possibilidade aterradora que o leva a questionar a si mesmo, num dos momentos mais bem trabalhados do enredo – este deve ter inspirado a eterna questão acerca da natureza do protagonista no filme, dúvida esta que logo é sanada no livro.

O desfecho deixa a desejar: lento e inesperado, representa um verdadeiro anticlímax, ainda que induza a muitas reflexões. Toda a história ocorre num único dia da vida do protagonista, o que é curioso. Infelizmente, isto reforça a sensação de que Deckard jamais esteve em perigo, tornando-o excessivamente habilidoso e capaz em seu trabalho – e também inverossímil.

O valor da obra de Dick está justamente na proposição de questões filosóficas e sua leitura proporciona um exercício de reflexão, em vista da complexidade dos temas. Quem buscar aqui a grandiosidade cinematográfica do filme de Scott irá se decepcionar. Não é, em absoluto, uma leitura fácil. Pelo contrário, O Caçador de Androides é aquele tipo de livro que requer releituras com um olhar atento, maduro, para lhe decifrar os mistérios. Concedo-lhe, assim, 3 penas-tinteiro (estrelas).

E esta é a humilde opinião de um escriba.

Notas:

* Tradução aberrante do título original, Do Androids Dream With Eletric Sheep

** Na edição original a história era ambientada no ano de 1992, mas esta data foi alterada em edições posteriores para 2021 pelas filhas do autor, detentoras de seu espólio. A intenção era evitar que o livro parecesse datado ou ultrapassado.

Para saber mais:

  1. Sobre o autor: onde escrevo um pouco sobre a curiosa figura de Philip K. Dick.
  2. Obras de Philip K. Dick reeditadas no Brasil: artigo no site do Estadão sobre a reedição de várias obras do escritor pela Editora Aleph.
  3. Obras no site da Editora Aleph: confira os cinco livros de Dick já reeditados pela editora, que promete publicar outros trabalhos do escritor.
  4. Análise do livro O Caçador de Andróides: interessante dissertação de mestrado por Gustavo Piacentini.
  5. Blade Runner – O Caçador de Androides – 30 Anos: artigo no site Omelete relembra o cult de Ridley Scott.
  6. Resenha Crítica do Filme: publicada por Renato Alves no portal cultural Cranik.
  7. Diferenças entre livro e filme: para quem está curioso sobre O Caçador de Androides literário e o cinematográfico.

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