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Livros não se escrevem sozinhos

Há escritores divididos que não sabem se querem ser autores, críticos literários, blogueiros. A polêmica frase foi parafraseada de um comentário do escritor Raphael Draccon durante uma entrevista concedida ao podcast Ghost Writer em 2012.

À época, vi-me refletindo, não pela primeira vez, sobre meu papel neste cantinho virtual. Atualmente, tais palavras são como uma bussola. Mas é preciso interpretá-las com cuidado, sob o risco de ferirem-se egos sensíveis.

A crítica do autor não trata de classificações, estereótipos, de quem pode ou não considerar-se um escritor. Está bem claro que a mensagem é outra, direcionada especificamente àqueles que abraçaram o desejo de ter trabalhos publicados: o foco é fundamental, afinal, livros não se escrevem sozinhos. Em outras palavras, pare de reclamar da falta de tempo, corte as horas desperdiçadas em baboseiras no mundo virtual ou real, e dedique-se à produção de seu livro.

Draccon não é só conversa, mas um exemplo a ser seguido. Adorado pelos leitores, o escritor mantém um blog pessoal e um site dedicado à trilogia Dragões de Éter. Contudo, é fácil notar que sua presença nestes espaços é ocasional. Não é comum vê-lo publicar posts e mais posts e depois reclamar da falta de tempo para concluir aquele texto em que está trabalhando.

Autores como Eduardo Spohr (A Batalha do Apocalipse) e André Vianco (Os Sete) também se tornam menos acessíveis quando dedicados a um novo projeto – os dois possuem blogs. Por outro lado, há inúmeros casos de escritores que não passam um único dia sem postar algo em seu site, sem acompanhar discussões acaloradas em grupos e redes sociais, disseminar memes bobinhos e polêmicas vazias. São os mesmos que se queixam da correria do dia-a-dia e choram por viver às turras para concluir aquele(s) livro(s) que há anos estão tentando escrever.

O que eles têm que eu não tenho?

Draccon, Spohr, Vianco e outros autores não são seres com poderes paranormais. O dia deles tem vinte e quatro horas como o de todos os demais mortais, e, como estes, eles também tem de lidar com o cotidiano vertiginoso, com responsabilidades de toda ordem, muitas nem um pouco relacionadas à carreira literária. O segredo de seu sucesso é óbvio: eles levam a coisa a sério. Em outras palavras, são escritores profissionais.

Pare de perder tempo e reclamar da vida. Mãos à obra!

Não existe falta, mas si o mau uso do tempo. Alguém que passa horas navegando em sites na Internet, assistindo a filmes repetidos na TV, jogando videogame, e batendo pelada diária com os amigos não poderá reclamar de não ter tempo para escrever. Quando algo é importante de verdade, encontra-se uma forma de dedicar tempo a isto, nem que apenas por alguns minutos ao dia.

Nada disso significa que seja preciso abandonar um blog definitivamente ou nunca mais dar as caras no Facebook ou no Twitter. Pelo contrário, a Internet ainda é o melhor meio de entrar em contato com seu público, divulgar sua obra e angariar novos leitores. Mas se o objetivo é ser um escritor com livros publicados, então às vezes será preciso isolar-se do mundo para se dedicar totalmente à escrita.

Escritor ermitão?

Todos sabem que o oficio de escritor é bem solitário, mas somente quem se pretende a sério como tal abraça este fato. É preciso estar preparado para passar horas diante de uma folha em branco (real ou virtual), tendo como companhia apenas os pensamentos e o desejo de criar.

Não é qualquer um que está disposto a abrir mão de um cineminha ou um dia na piscina do clube só para ficar enfurnado num quarto digitando palavras que talvez ninguém sequer venha a ler um dia. Mas é isso que fazem os escritores profissionais que tem obras publicadas.

O ideal é organizar-se, estabelecer períodos de dedicação exclusiva a este ou aquele projeto. Decida, por exemplo, que pelos próximos dois meses você se dedicará apenas a materializar em livro aquela ideia brilhante que há meses te atormenta.

Foque-se na escrita, custe o que custar: afaste-se das redes sociais, evite peladas e baladas, deixe o blog às moscas.

Uma dica: experimente preparar textos com antecedência, agendando publicações automáticas para seu o período de isolamento; acredite, funciona que é uma beleza.

Para saber mais:

  1. Ghost Writer 6 – Entrevista com Raphael Draccon: escute as sábias palavras do escritor neste episódio do podcast.
  2. Como permanecer focado durante a escrita: um breve artigo com dicas interessantes (em inglês).
  3. Raphael Draccon: blog pessoal do escritor.
  4. Dragões de Éter: site oficial da trilogia de livros de Draccon.
  5. André Vianco: site pessoal do escritor.
  6. Eduardo Spohr: blog pessoal do escritor.

Foco na escrita com o OmmWritter!

ommwritterConcentração é fundamental para um escritor. Obtê-la e preservá-la, porém, pode ser desafiador, sobretudo para os que utilizam um computador. Sempre em busca de ferramentas que me permitam transpor tal barreira, eu optei por testar um novo editor de textos.

O OmmWritter é um software simples com um propósito bem específico: fornecer um ambiente propício e livre de distrações para o escritor. Este programa está disponível na versão gratuita denominada Dana I, é compatível com PC, Mac e iPad, e funciona no Windows XP SP2 ou superior. É preciso cadastrar-se no site do desenvolvedor para baixar o programa.

Quando o OmmWritter é iniciado, a área de trabalho do computador é substituída por uma tela onde destacam-se árvores em uma espécie de parque coberto de neve; uma melodia suave toca ao fundo. De imediato, os tons de cinza da imagem me agradaram e logo constatei que são muito mais confortáveis aos olhos que o branco do Word ou do bloco de notas.

No centro, tracejados delimitam a área de texto, ladeada por seis ícones. Tudo é bem simples e não é preciso qualquer configuração: basta clicar na área de texto e começar a escrever; após alguns segundos, o tracejado e os ícones desaparecem, deixando o escritor a sós com as palavras.

Estaria ela utilizando o OmmWritter?

Escrevi o rascunho deste texto no programa; a experiência foi bastante agradável e nem mesmo a música de fundo ou os sons personalizados produzidos por cada tecla pressionada me incomodaram – e eu costumo ter problemas em escrever com músicas de fundo.

Qualquer movimento do mouse faz com que os ícones e o contorno da área de texto reapareçam – na parte inferior desta há um pequeno contador de caracteres ou letras digitadas.

Minha Opinião

Embora tenha gostado bastante do OmmWritter, me incomodou o tempo de instalação; o tempo de resposta na exibição do texto digitado também deixou a desejar em alguns momentos – provavelmente, graças ao meu maravilhoso Windows Vista!

O OmmWritter não faz uso de recursos de formatação de fonte (negrito, itálico, etc.), alinhamento, listas e vários outros existentes em editores como Notepad++, Wordpad ou Word. Ele é, praticamente, um bloco de notas construído num ambiente agradável e inspirador.

O programa foi pensado para permitir a escrita livre de distrações e isto ele faz muito bem. É ideal para aqueles momentos onde falta inspiração ou onde tudo que é preciso é um local para despejar as palavras e trabalhar as ideias. Pretendo utilizá-lo por mais algum tempo.

Algumas Configurações

É possível configurar os recursos do OmmWritter para torná-lo ainda mais agradável. O tamanho padrão da área de texto, por exemplo, pode ser alterado; para isto, basta mover o mouse para o contorno tracejado e reajustar a largura ou altura (ou ambos, simultaneamente, pelos cantos). Pode-se, ainda, mudar a localização da área, clicando no tracejado e movendo-o pela tela.

Não é permitido ajustar a área de texto para ocupar toda a tela do programa, e isto faz sentido, já que uma tela repleta de texto pode ser tão agressiva aos olhos quanto uma tela toda branca. Particularmente, eu preferi utilizar apenas a área mais central da tela, mantendo a área acima da linha das árvores.

A maioria dos recursos do OmmWritter está disponível nos seis ícones que surgem ao lado da área de texto e podem ser alterados com poucos cliques. Eis o que pode ser configurado:

ommicon1altera o formato (fonte) do texto; são 4 opções, incluindo Arial e Times New Roman.
ommicon2altera o tamanho do texto; 4 opções.
ommicon3altera a imagem de fundo; 3 opções; recomendo utilizar a padrão, pois o branco cansa as vistas rapidamente e o cinza puro é muito escuro.
ommicon4altera a música de fundo; 3 opções ou desligar; recomendo utilizar a padrão ou a segunda opção.
ommicon5altera os sons do teclar; 3 opções; o padrão é mais suave; considero desnecessário.
ommicon6opções de salvamento (.TXT e .OMM apenas) e abertura de arquivos.

O OmmWritter apresenta os recursos básicos de edição (copiar, recortar, desfazer, etc.) e um menu simples que é exibido ao se arrastar o mouse até o topo da tela. Ali é possível abrir e salvar textos, e também exportá-los no formato .PDF. Caso seja preciso recuperar as configurações visuais padrões basta acessar a opção View no menu.

E você, leitor, o que achou do OmmWritter? Conhece ou usa programa semelhante? Compartilhe nos comentários.

Para saber mais:

  1. Metodologia 5+10: 5 regras e 10 orientações flexíveis que busco seguir em meu caminho para tornar-me um escritor.
  2. Os primeiros passos da jornada: onde devaneio sobre o tempo, o desejo de escrever e dicas de escrita.
  3. Pare o mundo que eu quero escrever! texto sobre minha labuta contra as distrações do cotidiano.
  4. Instale e teste o OmmWritter: site oficial do desenvolvedor de onde é possível baixar o programa.
  5. OmmWritter no Twitter: siga este perfil e fique por dentro das novidades ou entre em contato com os desenvolvedores.
  6. OmmWritter no iPad: review sobre a versão para o tablet da Apple publicado no site Túaw em Junho de 2011.

Pare o mundo que eu quero escrever!

Um dos maiores desafios deste aprendiz de escritor é lidar com distrações. Chamem-me de paranoico, mas sempre que decido escrever um novo texto é como se o mundo inteiro conspirasse contra mim.

A televisão exibe aquele filme favorito, um rádio qualquer toca músicas no último volume, o e-mail indica uma oferta relâmpago e/ou atualizações no site favorito, o cachorro começa a latir, familiares e amigos buscam um pouco de atenção. Tudo e todos parecem batalhar por minha atenção!

Concentração é primordial para o escritor, mas como este se concentra é algo muito pessoal. Há quem consiga fazê-lo ao som de uma música suave ou do canto dos pássaros ou mesmo com o televisor ligado ao fundo.

Definitivamente, não é o meu caso. Meu ambiente ideal é aquele onde coexistem o silêncio, as palavras e eu, nada mais. Não há frustração maior do que ver uma repentina inspiração literária ser afugentada por entidades alienígenas.

Utilizo um computador para escrever a maioria de meus textos. Sim, eu faço anotações breves no celular, caderno, bloquinho de post-it e folhas de rascunho quando tenho ideia para um novo texto, frases de efeito ou nomes para personagens. Mas quando se trata de escrever realmente, mesmo que apenas um rascunho inicial, eu recorro ao computador.

Esta ferramenta que tanto flexibiliza a produção de textos, porém, costuma ser também minha maior perdição; é um verdadeiro paraíso de distrações, com ícones aparentemente infinitos de músicas, vídeos, jogos e tantos outros arquivos tentando tirar meu foco do texto – acrescente a isto conexão à Internet e tudo está perdido! Belo paradoxo, não?

“Concentrar você deve!”

Quando penso na quantidade de distrações circulando por aí, eu respiro profunda e pacientemente, e tento convencer-me de que não é o fim do mundo. Distrações fazem parte da vida, logo é preciso saber lidar com estas. Algumas se evita mais facilmente, outras requerem um pouco mais de autodisciplina, estratagemas, conversações.

A Internet, por exemplo, não costuma ser um grande problema para mim: tudo o que tenho a fazer é desconectar o modem, trancá-lo em outra sala e voilá! Liberdade! Permitam-me compartilhar outro exemplo.

Há muito tempo que escrevo meus textos no Word, o velho editor da Microsoft, e percebi que a vasta lista de recursos destes pode ser uma fonte de distração – obviamente que as opções de formatação e revisão são importantes, mas apenas para textos próximos de sua conclusão; de que valem para alguém que se propõe a escrever somente um rascunho, por exemplo? Pode-se contornar tal situação, porém, com alguns ajustes simples nas configurações, ocultando os menus e ícones de modo a manter a tela mais limpa.

Alguns podem questionar por que não utilizo logo o bloco de notas. Explico: por pura aversão; sinto-me estranhamente incomodado ao usá-lo, é algo inexplicável. E como todo incômodo gera distração, eu tratei de afastar-me desta. A propósito, é importante sentir-se o mais confortável possível ao escrever; um ambiente bem organizado e iluminado e uma poltrona aconchegante, por exemplo, beneficiam a produtividade e a saúde.

Cabe aqui uma importante questão: o conforto dos olhos. Visualizar a tela branca do Word por horas a fio pode ser extramente exaustivo, monótono e pouco inspirador, especialmente para quem usa óculos. Para atenuar o cansaço das vistas, eu costumava ajustar as configurações de vídeo do computador, mas logo percebi que era irritante ter que reajustá-las posteriormente para ver um filme ou jogar.

Assim, eu encontrei uma alternativa menos trabalhosa: reduzir o tamanho da janela do Word de modo que eu pudesse visualizar um pouco a área de trabalho por trás. Para evitar distrações, instalei também um programa que oculta os ícones da área de trabalho; e se o papel de parede é muito colorido ou chamativo, altero-o para um fundo preto. Pode parecer bobagem, mas percebi que o desconforto visual tarda muito mais a surgir quando trabalho nestas condições.

Vale tudo para livrar-se das distrações e aumentar a produtividade. Há muitas ferramentas disponíveis para auxiliar o escritor em seu trabalho, mas, às vezes, a solução mais simples é a ideal. É importante contar com o apoio de tais programas, mas deve-se ter em mente que o essencial para se tornar um escritor é escrever, seja no bloco de notas, no Word, num post-it ou num guardanapo.

O mais difícil é convencer o mundo a esquecer-se de você por algumas horas.

Para saber mais:

  1. Metodologia 5+10: 5 regras e 10 orientações flexíveis que busco seguir em meu caminho para tornar-me um escritor.
  2. Os primeiros passos da jornada: onde devaneio sobre o tempo, o desejo de escrever e dicas de escrita.
  3. Dicas de editores de texto: este artigo lista quatro programas que ajudam a concentrar-se na escrita; publicado no portal IDGNow em maio de 2011.
  4. Dicas para concentrar-se na escrita: este artigo postado no blog Escrevemos.com apresenta 6 boas dicas para manter a concentração ao escrever um texto.
  5. Concentração e Distração: artigo sobre o modo como a Internet prejudica a concentração; publicado em 2010 no portal AdNews.
  6. Concentração e Distração: artigo publicado no site do Estadão em 2010.

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