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Como Escrever com Sucesso: em 10 minutos, por Stephen King – Parte 1

Stephen KingStephen King, Mestre do Terror e do Suspense, autor de mais de 50 romances, centenas de contos, uma porção de novelas, poemas, ensaios e livros de não ficção. Imagine o quanto um escritor iniciante pode aprender com uma fera dessas.

Agora pare de imaginar, corra até a livraria mais próxima e garanta seu exemplar de Sobre a Escrita – A Arte em Memória, livro que é tanto uma autobiografia de King quanto um manual de conselhos para quem quer escrever.

Para celebrar o lançamento (com 15 anos de atraso) do livro no Brasil , o Escriba Encapuzado publica um valioso ensaio escrito pelo próprio Mestre em 1986 para as páginas da revista The Writer.

Para facilitar a leitura, o texto foi dividido em duas partes: na primeira, o escritor revela como descobriu sua vocação para a escrita; na segunda, a qual será publicada amanhã, ele lista 12 conselhos que te ajudarão a ser um escritor de sucesso.

Confira a seguir a primeira parte do ensaio.

Tudo o que você precisa saber sobre escrever com sucesso: em dez minutos (Parte 1)
por Stephen King
I. A Primeira Introdução

É ISSO AÍ. Sei que até parece um anuncio de uma vil escola de escritores, mas eu vou mesmo contar tudo o que é preciso para que você busque uma carreira de sucesso e financeiramente gratificante escrevendo ficção, e vou mesmo fazê-lo em dez minutos, exatamente o tempo que levei para aprender. Na verdade, você levará cerca de vinte minutos para ler este ensaio, mas só porque preciso te contar uma história, e depois preciso escrever uma segunda introdução. Mas esse tempo não deve ser contabilizado nos tais dez minutos.

II. A História, ou, Como Stephen King Aprendeu a Escrever

Quando eu estava no colegial, fiz o que é esperado de colegiais arteiros: meti-me numa típica enrascada colegial. Eu escrevi e publiquei um jornalzinho satírico chamado O Vômito da Aldeia. Num artiguinho, satirizei alguns professores do Colégio Lisbon (no Maine), onde eu estudava. Não foram sátiras muito gentis; elas variavam do escatológico à crueldade pura.

Stephen KingEventualmente, uma cópia do jornalzinho chegou às mãos de um membro do corpo docente, e como eu havia sido imprudente o suficiente para colocar o meu nome ali (erro do qual ainda não me recuperei completamente, afirmam alguns críticos), eu fui levado à secretaria. Àquela altura, o zombador sofisticado já tinha voltado a ser o que era: um moleque de quatorze anos que tremia nas botas e imaginava se levaria uma suspensão… que nós chamávamos de “férias de três dias” nos indistintos idos de 1964.

Eu não fui suspenso. Fui forçado a pedir algumas desculpas – todas devidas, mas ainda assim eram como cocô de cachorro em minha boca – e a passar uma semana na sala de detenção. E o orientador providenciou o que, sem dúvida, ele pensou ser um canal mais construtivo para meus talentos.

Tratava-se de um emprego – condicionado à aprovação do editor – escrevendo sobre esportes para o Lisbon Enterprise, um desses semanários de doze páginas com os quais qualquer morador de cidade pequena estará familiarizado. O tal editor foi o homem que me ensinou, em dez minutos, tudo o que sei sobre escrever. O nome dele era John Gould – não o famoso humorista da Nova Inglaterra nem o romancista que escreveu The Greenleaf Fires, mas um aparentado de ambos, eu creio.

Ele me contou que necessitava de um escritor de esportes e que nós poderíamos “testar um ao outro”, se eu quisesse.

Eu contei a ele que sabia mais sobre álgebra avançada do que sobre esportes.

Gould assentiu e disse, “Você aprenderá”.

Eu disse que pelo menos tentaria aprender. Gould me deu um imenso rolo de papel amarelo e prometeu um ordenado de meio centavo por palavra. As duas primeiras peças que escrevi tratavam de uma partida de basquete colegial no qual um membro da equipe da minha escola quebrou o recorde de pontuação do Colégio Lisbon. Uma dessas peças era pura reportagem. A segunda era um artigo.

Lisbon High School

Eu levei ambas para Gould no dia seguinte ao jogo para que ele pudesse colocá-las no jornal, o qual saia às sextas-feiras. Ele leu a peça objetiva, fez duas pequenas correções, e meteu nela uma tachinha. Então ele partiu para o artigo com uma grande caneta preta e me ensinou tudo o que eu necessitava saber sobre meu oficio. Quisera eu ter ainda a tal peça – ela merece ser emoldurada, mesmo com as correções editoriais –, mas consigo recordar muito bem como ela ficou depois que Gould terminou.

Eis um exemplo:

(após as marcas editoriais indicadas na cópia original de King)

Na noite passada, no popular ginásio do Colégio Lisbon, partidários e fãs de Jay Hills foram surpreendidos por um desempenho atlético sem precedentes na historia da escola: Bob Ransom, também conhecido por Bob “Bala” tanto por seu tamanho quanto por sua precisão, marcou trinta e sete pontos. Ele pontuou com elegância e velocidade… e também com uma estranha cortesia, cometendo só duas faltas em sua busca cavaleirosa por um recorde que escapava aos atletas de Lisbon desde 1953…

Quando Gould terminou de rasurar minha cópia como indicado acima, ele olhou para cima e deve ter visto algo em meu rosto. Creio que ele pensou ser horror, mas não era: era revelação.

“Eu só removi os trechos ruins, sabe”, ele disse, “A maior parte está muito boa”.

“Eu sei”, eu disse, concordando com as duas coisas: sim, a maior parte daquilo era boa, e sim, ele apenas havia removido as partes ruins. “Não farei de novo”.

“Se isso for verdade,” ele disse, “você nunca precisará trabalhar de novo. Você pode viver disso.” Então ele jogou a cabeça pra trás e gargalhou.

E ele estava certo; estou vivendo disso, e enquanto continuar vivendo, eu espero nunca ter que trabalhar de novo.

III. A Segunda Introdução

Stephen KingTudo o que se segue já foi dito antes. Se você se interessa o bastante por escrita para ser um comprador desta revista*, você já terá escutado ou lido (quase) tudo isso antes. Milhares de cursos de escrita são ministrados pelos Estados Unidos todos os anos; seminários são constituídos; conferencistas convidados falam, respondem perguntas, bebem o tanto de gin e tônica que suas diárias permitem, e tudo se resume ao que se segue.

Eu vou te contar essas coisas de novo porque as pessoas normalmente só escutam – escutam de verdade – alguém que ganha muito dinheiro fazendo a coisa da qual ele está falando. É triste, mas é verdade. E te contei a história acima não para soar como um personagem saído de um romance de Horatio Alger, mas para estabelecer um argumento: vi, escutei, e aprendi.

Até aquele dia no pequeno gabinete de John Gould, eu escrevia primeiras versões de histórias que ultrapassariam 2.500 palavras. As segundas versões chegariam às 3.300 palavras. Depois daquele dia, as primeiras versões de 2.500 palavras se transformaram em segundas versões de 2.200 palavras. E dois anos mais tarde, eu vendi meu primeiro livro.

Amanhã: a segunda parte com 12 dicas de Stephen King para ser um escritor de sucesso.

Para saber mais:

  1. Livro de Stephen King com conselhos para escritores iniciantes sai no Brasil: saiba mais sobre o livro nesta matéria da Folha de São Paulo.
  2. Relembre 20 filmes inspirados nos livros de Stephen King: você pode até não conhecer o Mestre do Terror e do Suspense, mas com certeza já deve ter topado com algum trabalho dele. Confira essa lista na Super Interessante.
  3. A Vida e a Obra de Stephen King – Parte1 e Parte 2: a galera do podcast Ghost Writer dedicou dois episódios ao mestre. Confira.
  4. King of Maine: um dos mais completos sites em português sobre Stephen King.
  5. StephenKing.com.br: um concorrente de peso para o King of Maine.

Conheça a Liga de Autores Mineiros

Liga de Autores MineirosNo ano passado, eu participei da Bienal do Livro de Minas. Uma das mais gratas surpresas do evento foi conhecer um promissor grupo de escritores: com o objetivo de divulgar suas obras – publicadas de forma independente ou por pequenas editoras –, eles se uniram para compor a Liga de Autores Mineiros.

Ainda não conhece? Então deixa eu te apresentar.

A Origem

Em julho de 2014, a Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte promoveu a Semana do Escritor: na agenda, constava o 1º Encontro de Jovens Autores e Blogueiros Literários, com a participação de Bernardo Sabino – sim, o filho do Fernando. Das 24 pessoas presentes, 14 se reuniram após o encontro e decidiram dividir um estande na iminente Bienal e promover seus livros; nascia a Liga de Autores Mineiros.

A maioria de seus membros reside em Belo Horizonte e região; como tantos outros escritores por aí, eles possuem outras profissões: há professores, atores, programadores, estudantes, servidores públicos. Diversidade é mesmo o ponto forte do grupo: seus trabalhos compreendem variados tipos de público (infantil, juvenil, adultos) e gêneros (fantasia, policiais, ficção científica).

Engana-se, porém, quem acha que o objetivo destes novos escritores é apenas vender livros: a Liga de Autores pretende promover encontros regulares para compartilhar experiências com seus leitores e, principalmente, colegas escritores e aspirantes.

E o primeiro já aconteceu.

Livos no 1º Encontro da Liga de Autores Mineiros

Que mesa linda! Livros e brindes sorteados no 1º Encontro da Liga de Autores Mineiros.

O Primeiro Encontro

Foi no último sábado, dia 11, na Biblioteca Infantil e Juvenil de Belo Horizonte, berço oficial da Liga. Breve, mas instrutivo, o encontrou contou com uma apresentação sobre o processo de escrita e de publicação independente de um livro: Ana Faria, Ledinilson Moreira e Thais Lopes lançaram luz sobre muitas duvidas comuns aos escritores em início de carreira.

Ana é autora de Um Ano Bom (Ases da Literatura, 2014); autor de Portais (O Lutador, 2010), Ledinilson está com lançamento de dois novos livros marcados para o próximo dia 25; Thais é autora de O Ciclo da Morte (Senhor da Lenda, 2014) e Sentinela (Senhor da Lenda, 2015) – ela é a única da Liga que também trabalha como capista, diagramadora e revisora.

Brindes do 1º Encontro da Liga de Autores MineirosAo fim do encontro, os autores sortearam alguns exemplares de seus livros, camisas e outros brindes. Foi ótimo rever estes e outros colegas – infelizmente, nem todos os autores puderam estar presentes – que fiz na Bienal.

Gostei de conhecer outros escritores, como Breno Himura (conhecer Stephen King em pessoa não é pra qualquer um!) e Betzaida Mata, que me presenteou com um exemplar de seu primeiro livro, O Fundo e a Luz (Kazuaá, 2015) (menção honrosa em prêmio literário também não é pra qualquer um!).

A Biblioteca Infantil e Juvenil de Belo Horizonte é um verdadeiro paraíso para o leitor nerd. O acervo de quadrinhos deles é um show à parte; encontrei pérolas da minha infância, como as revistas da Marvel em formatinho. Também topei com o trio Dragão (Brasil, Dourado e Magazine) e muitos livros de RPG (sim!). Recomendo demais a visita! Olha aí o endereço: Rua Carangola, 288, Santo Antônio.

Siga a Liga de Autores Mineiros

A Liga está planejando muitos outros encontros para compartilhar os vários aspectos da vida de escritor e da produção de um livro. A distribuição, por exemplo, é uma questão tão ampla que será abordada mais detalhadamente no futuro. Há também indícios de uma oficina sobre escrita criativa no horizonte.

Não quer marcar bobeira? Então siga a página da Liga de Autores Mineiros no Facebook e fique ligado nos próximos eventos. Visite também o site oficial da Liga para saber mais sobre os autores e seus trabalhos.

E que venham mais encontros e mais livros destes guerreiros sonhadores.
Liga de Autores Mineiros

Da esquerda para a direita: Ledinilson Moreira, Ana Faria, Poliana Nogueira, Thais Lopes, Lavínia Rocha, Samuel Medina, Edna Barbosa e Ariálisson Fonseca.

eBook 7 coisas que aprendiMembro da Liga de Autores Mineiros, Samuel Medina está entre os escritores que contribuíram para a série “7 coisas que aprendi”. Quer saber mais? Confira aqui a experiência do grande Samuel.

Para saber mais:

  1. Liga de Autores Mineiros: site oficial do grupo de novos escritores.
  2. Página da Liga de Autores Mineiros no Facebook
  3. Design Editorial Magic: página (no Facebook) de serviços prestados pela capista, diagramadora e revisora Thais Lopes.
  4. Betzaida Mata: perfil da autora de O Fundo e a Luz no site da editora Kazuá.

O desafio de escrever diariamente

(ou “De como Kazuo Ishiguro escreveu um romance premiado em 4 semanas”)
Escritor Kazuo Ishiguro

Kazuo Ishiguro: sorriso de Mona Lisa

Escrever é um desafio. Do iniciante ao profissional, não há escritor que discorde. É claro que nem todos admitirão em voz alta, sabe-se lá por quê. Já os que o fazem, ah, abençoados sejam por sua humanidade!

Em artigo publicado no The Guardian e traduzido pela Companhia das Letras, o escritor nipo-britânico Kazuo Ishiguro conta como escreveu o premiado romance Os Resíduos do Dia em 4 semanas. Dá vontade de chorar, não? Calma lá, que a coisa não é tão simples quanto parece.

O segredo

Pra começar, Ishiguro largou um emprego regular para se dedicar à carreira. Isso ocorreu no ano em que foi publicada Uma pálida visão dos montes, sua primeira obra – e é bem provável que o sucesso do livro tenha influenciado na decisão do autor. Assim fica fácil, certo? Nem tanto.

Nos anos seguintes, Kazuo estabeleceu, em suas palavras, “um ritmo razoável de produção”. Não bom, não ideal, razoável. Ainda assim, isso bastou para garantir a conclusão do segundo livro, Um artista do mundo flutuante. O sucesso de público, porém, trouxe a ruína da rotina: agora era preciso gerenciar rumos para a carreira, convites para jantares, palestras, viagens.

Foi nesse contexto que Kazuo começou a escrever Os Resíduos do Dia. Quase um ano depois, porém, tudo o que havia do novo livro era o primeiro capítulo… e nada mais. Percebendo que era preciso se livrar das novas distrações – que escritor não gostaria de lidar com elas, hein? –, Kazuo se dedicou apenas à escrita do romance por 4 semanas.

Livros de Kazuo Ishiguro

Romances de Kazuo Ishiguro em Português

O confronto

Nada de agenda, de visitas, de cartas nem telefonemas, nada de trabalhos domésticos. Por 4 semanas. Das nove da manhã às dez e meia da noite, de segunda a sábado, com uma hora pra almoço e duas pra o jantar, Kazuo se isolou em seu estúdio com seus mapas e notas. A esposa garantia que ninguém o incomodasse.

Kazuo Ishiguro, 1989

Ishiguro e seu romance premiado, 1989.

Ao término do prazo, o livro estava pronto. Não parece lá tão difícil, hein? Segura o reggae! O texto daqueles dias não era o mesmo que foi premiado com o Booker Prize em 1989. O próprio Kazuo confessou que aquela primeira versão estava repleta de inconsistências, diálogos falhos, cenas desnecessárias. Contudo, a essência da história e toda a criatividade do autor estavam ali.

Todo o esforço de pesquisa já tinha sido despendido quando o autor se lançou ao “confronto” de 4 semanas, é claro. Ishiguro tinha claro em sua mente os conhecimentos necessários sobre a ambientação, personagens, enfim, sobre a história que queria contar. Algumas influências indiretas, frutos de vivências e não de qualquer pesquisa, também surgiram no caminho, o que é interessante.

O desafio

Identifiquei-me com todo o relato de Kazuo, já que seu processo não foi diferente do que eu mesmo empreguei durante minha participação no NaNoWriMo, o evento internacional que te desafia a escrever um livro em 30 dias – e eis aí outro bom argumento contra os detratores.

Calendário do Escritor, por Diego Schutt

Não quebre a corrente: escreva todos os dias!

Assim, qual é a principal lição que Ishiguro nos passa? Escreva. Escreva todos os dias, mesmo que um pouco, mesmo sem inspiração, mesmo quando tudo está horrível. É muito mais fácil trabalhar um livro que existe em uma versão ruim, defeituosa, mas que está ali, concreto, te desafiando, do que um livro que existe apenas em sua cabeça.

O contrário não é impossível, não é o que estou dizendo, mas, ao menos pra mim, é muito mais complicado trabalhar dessa maneira. Abençoado seja Ishiguro por sua humanidade!

Você conseguiria escrever um livro em 4 semanas? Dê sua opinião nos comentários.

Para saber mais:

  1. Como escrevi Os Resíduos do Dia em quatro semanas: tradução do artigo de Kazuo Ishiguro publicado no blog da Companhia das Letras.
  2. Calendário do Escritor: gostou do calendário na imagem? Pois você pode baixar um igualzinho (e de graça!) no Ficção em Tópicos, site do parceiro Diego Schutt. Tá esperando o quê?

Especial NaNoWriMo:

  1. 30 dias para escrever um livro – saiba mais sobre o evento no primeiro artigo da série sobre o evento.
  2. As críticas e o valor do desafio – saiba porque o evento é visto com desconfiança por escritores e demais profissionais do mercado editorial.
  3. Como escrevi um livro em 30 dias – onde detalho minha participação no evento em 2012.
  4. Diário de escrita – onde falo sobre valor de se manter um diário e compartilho o meu próprio.
  5. Guia de sobrevivência – dicas para aqueles que ousarem aceitar o desafio!
  6. National Novel Writing Month: página oficial do evento (em inglês).

4 modelos de publicação para seu livro

Livro Concluído

“Tá pronto, pode publicar!”

Enfim você concluiu o livro no qual trabalhou por muito, muito tempo? Parabéns, você está começando a se destacar entre inúmeros aspirantes a escritor – incluindo este aqui. Brinde à vitória com seus amigos e desfrute de um merecido descanso. Logo mais você enfrentará um novo desafio: a publicação.

Faça uma busca no Google e você encontrará milhares de dicas de como publicar um livro. Algumas são bastante úteis, outras nem tanto; fiz (e continuo fazendo) minha própria seleção – afinal, um dia (muito breve, espero) eu concluirei meu livro.

Recentemente, um leitor e querido amigo me escreveu em busca de conselhos; dividi minhas dicas com ele e, agora, divido-as aqui com você. Quem sabe elas também te possam ser úteis?

Mas antes: você tem certeza absoluta de que o livro está pronto? Eu recomendaria a seleção ou contratação de alguns leitores críticos (família e amigos próximos não valem) e uma ampla revisão do texto, pelo menos. Só quando tiver certeza de que tem a versão final e “aprovada” do livro você deve pensar em publicar. É importantíssimo também que você faça o registro na Biblioteca Nacional para garantir seus direitos autorais sobre a obra.

Confira agora algumas formas de publicar seu livro.

Publicação Tradicional
Livros

O sonho de todo escritor. Vai dizer que não?

Se você escolher a publicação tradicional, saiba que há muitas editoras por aí que não passam de gráficas disfarçadas. Algumas pedem que você pague apenas parte do custo de publicação, mas mesmo assim pode ser furada. Eu não aconselho pagar para ser publicado.

As razões são várias, mas a principal é que, depois de impressa a tiragem, essas “editoras” não costumam investir na divulgação, distribuição, deixando esse esforço todo para o autor – sim, você teria, por exemplo, que negociar a venda de sua obra em livrarias. É um consenso na Internet de que editoras sérias NÃO exigem que o autor arque com os custos do livro.

Por outro lado, as editoras sérias costumam levar um bom tempo para avaliar originais e não dão muito espaço a iniciantes. E aqui vai uma dica importante: é preciso escolher a editora de acordo com o gênero do livro (fantasia, terror, mainstream); não adianta nada mandar ficção científica para uma editora que só publica autoajuda, por exemplo.

Publicação (Eletrônica) Independente

A autopublicação em eBook é uma alternativa; entre os serviços gratuitos que a possibilitam estão Amazon KDP, Publique-se, Bookess – a Bookess oferece ainda a impressão sob demanda, serviço interessante caso você prefira publicar livros físicos. É preciso estar atento aos contratos, pois algumas destas editoras online impõem restrições ao autor, como exclusividade ou redução da margem de lucros.

Livro e Kindle

Livro ou eBook? A escolha é sua!

Você deve tentar publicar em tantas plataformas quanto for possível; também deve cuidar para estrear com um preço razoável, afinal, você ainda é um autor desconhecido. Ainda será preciso investir na divulgação (Facebook, GoogleAds, mídia impressa, etc.), mas estes gastos estarão sobre seu controle.

Períodos de promoção ou até de distribuição gratuita (algumas horas, um dia, etc.) são mais que recomendados. Sem sombra de dúvida, você deve, pelo menos, disponibilizar o primeiro capítulo ou trechos do livro. Outra boa forma de se divulgar é firmar parcerias com blogueiros literários sérios, com muitos seguidores, negociando (sem pagar!) uma resenha ou sorteio da obra.

Em que o autor independente deve investir? Se você optar por esta modalidade de publicação, é importante reservar verba para, pelo menos: uma avaliação crítica do original; um revisor; um diagramador; um capista; publicidade. Lembrando que a autopublicação em formato físico requer ainda gastos com impressão, distribuição, armazenamento.

Financiamento Coletivo
Escritora Paga

“Quero autografo, dedicatória e brindes, hein?!”

Esta é uma modalidade mais recente na Internet. Muitos autores têm conseguido angariar fundos dessa forma, mas, de novo, todo o esforço fica por parte do autor: a impressão, a divulgação, a distribuição, etc. O Catarse é uma das principais ferramentas dos escritores que fogem das editoras, mas há também aquelas especializadas na publicação de livros, como a Bookstart e a Bookstorming.

Uma questão importante: para um financiamento ser bem sucedido, é preciso inovar nas recompensas dadas aos investidores; só garantir uma cópia do livro me parece pouco; o ideal seria providenciar uns badulaques, como nome nos agradecimentos, marcadores de páginas, pôsteres, camisas, bonés, canecas, quebra-cabeças, chaveiros, conto onde o financiador seja um personagem, coisas assim.

Concursos Literários

Concursos e editais literários são sempre uma opção para quem escreve romances e contos. Três grandes aqui em Minas são o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura, Prêmio Cidade de Belo Horizonte e o Concurso Nacional de Literatura / Prêmio João de Barro. Há também o Prêmio Sesc de Literatura, muito reconhecido e uma excelente oportunidade para iniciantes. Os vencedores destes concursos sempre contam com o amparo dos patrocinadores e editoras que os promovem – claro, as premiações em dinheiro também são muito bem vindas.

O prazo para participar do Prêmio Sesc de Literatura 2015 está acabando. As inscrições se encerram na próxima semana, no dia 01 de março. Fica a dica. 😉

Prêmio Sesc de Literatura 2014

Alexandre M. Rodrigues e Débora Ferraz: vencedores do Prêmio Sesc de Literatura.

E se você não quiser nada disso?

Estas são formas mais comuns de se publicar um livro hoje em dia, mas não são as únicas, é claro. Eu ficarei muito feliz se você compartilhar outras alternativas por aqui. Mais abaixo montei uma lista de sites úteis que conheço. Pretendo expandi-la e mantê-la atualizada sempre que possível e convido você a me ajudar nesta tarefa. Deixe suas indicações e dicas nos comentários abaixo. Vamos discorrer sobre as inúmeras estradas que levam ao paraíso (?) da publicação.

Então, como você pretende publicar seu livro?

Para saber mais:

EDITORAS E CONCURSOS LITERÁRIOS

  1. Mesa do Editor: site que facilita a interação entre editoras, autores e agentes literários.
  2. Concursos Literários: vários concursos onde o autor pode inscrever seu livro.
  3. Prêmio Sesc de Literatura: um dos concursos literários mais tradicionais do país.

AUTOPUBLICAÇÃO

  1. Publiki: um portal recente com dicas de autopublicação; tem boas dicas.
  2. Amazon KDP: plataforma de publicação da Amazon.
  3.  Publique-se: portal de autopublicação da Saraiva.
  4. Bookess: publicação onLine

FINANCIAMENTO COLETIVO

  1. Financiamento Coletivo Literário: dicas da escritora Ronize Aline sobre essa modalidade de produção.
  2. Catarse: uma das mais famosas plataformas de financiamento coletivo.
  3. Bookstorming: plataforma de financiamento coletivo literário.
  4. Bookstart: outra plataforma de financiamento coletivo.

PROFISSIONAIS DO MERCADO EDITORIAL

  1. Kyanja Lee: profissional que oferece aconselhamento editorial, entre outros serviços. Muito bem recomendada.
  2. James McSill: coach literário reconhecido internacionalmente.

SITES FUNDAMENTAIS

  1. Biblioteca Nacional: saiba como garantir os direitos autorais sobre sua obra.

Como Terminar o Que Você Começa – Um Plano de 5 Passos para Escritores

Write to Done

Write to Done
é uma fonte valiosa de informações para romancistas, blogueiros, publicitários e autores de não ficção. Editado por Mary Jaksch, autora de obra traduzida em 7 idiomas, este site parceiro disponibiliza o eBook gratuito The (nearly) Ultimate Guide to Better Writing e inúmeras dicas que serão compartilhadas aqui em traduções regulares.

O texto de hoje é de Ali Luke, escritora e orientadora literária. Confira o artigo no idioma original no Write to Done.

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Quatro Fantasmas

4 SombrasDirijo. Ao lado, pela janela entreaberta, o mundo, nítido. À frente, trânsito. Tarde da noite, e trânsito. As horas do dia pesam; corpo e mente clamando por piedade. Ignoro-os. Tento ficar atento ao meu redor, preciso encontrar aquele algo, o click, o insight. Nada.

O estômago urra – quando foi a última vez que comi? Os faróis são apagados pelo esplendor da praça iluminada. Luzes de Natal… Natal! Jesus, família, significados deturpados, o verdadeiro espírito da festa. Nada.

Bá, não me vem nada que já não tenham alardeado por aí; exceto, talvez, que a figura do velhinho bonachão de roupinha e sacolão vermelhos é uma criação da Coca Cola – disso eu não sabia. Carros e pedestres, pedestres e carros. E a Musa? Essa está de férias já há algum tempo, talvez se preparando para celebrar o Natal. Que tal música? Essa sempre inspira algo. Ah, rádio quebrado, esqueci. Celular. Podcast de literatura. Quem sabe?

Paro de prestar atenção em tudo. Ao som do burburinho, sou visitado por fantasmas, mortos e vivos. Eis Nelson Rodrigues, repórter, cronista e conselheiro de relacionamentos, tudo no mesmo dia; ao seu lado, Bráulio Tavares, com caderno e caneta em mãos, escrevendo mais um de seus inúmeros textos para sua coluna diária. Diária! Os dois caminham com sorriso zombeteiro pela calçada ao meu lado; vão na direção de um clássico Plymouth Fury dirigido por Stephen King, que os aguarda com um monte de folhas, ansioso para lhes mostrar mais duas mil palavras escritas hoje.

Antes que o carro dispare por uma rua livre do trânsito – nojentos! – e suas risadas se dissipem ao longe, os ouço comentar sobre uma visita a Rioky Inoue: o recordista mundial lhes contará de novo como passou, em algum momento da década de 90, a escrever três livros por dia. Obrigo-me a pensar em Joyce e na anedota onde ele revela a um amigo – ou a esposa, depende da versão –, ter tido um dia produtivo após escrever três frases (ou quatro, vai saber).

Mais adiante, estrada livre, disparo no limite da via, pensando. Penso no livro de contos que se arrasta há dois anos, nos cursos que pretendo fazer e que, espero, tornem-me um escritor melhor. Penso que talvez esteja perdendo tempo ou enganando-me sobre ter algum talento com a palavra.

Penso, penso, penso. Já me disseram que penso demais, que eu deveria sair da minha cabeça com mais frequência e ver o mundo lá fora. E eles têm razão, mas hoje o mundo não me oferece nada além de enfado e isso já tenho de sobra, obrigado. Onde está aquele universo em movimento e sua promessa de inspiração, de histórias a contar? Dormindo? Volto pra dentro, mesmo sabendo que ali só há angústia, dúvida, birra até – como é possível querer mesmo viver de tanta frustração? Bá, melhor é desligar.

Casa. Janta, banho, sofá, sono. Dentes escovados, cama feita, cabeça no travesseiro. Luzes apagadas. Click. Luzes acesas. Meio inconformado, pego o caderno e começo a rabiscar este texto. Quem sabe o amanhã não vem com o insight, a revelação – quiçá a Musa me ligue ou mande um cartão postal? Mas, caso isso não aconteça… Rabisco, revejo, penso, repenso. Melhor garantir algo para o encontro de amanhã. Suspiro alto, chateado e irritado por cair no clichê de mais uma crônica sobre a falta de assunto.

Este texto foi escrito durante a oficina Caro Leitor: A Cronista e as Palavras, ministrada pela escritora Ana Elisa Ribeiro em Belo Horizonte em novembro de 2014.

3 hábitos que separam bons escritores de presunçosos trágicos

Write to Done

Write to Done é uma fonte valiosa de informações para romancistas, blogueiros, publicitários e autores de não ficção. Editado por Mary Jaksch, autora de obra traduzida em 7 idiomas, este site parceiro disponibiliza o eBook gratuitoThe (nearly) Ultimate Guide to Better Writing e inúmeras dicas que serão compartilhadas aqui em traduções regulares.

O texto de hoje foi escrito por Glen Long, instrutor de escrita criativa. Confira o artigo no idioma original no Write to Done.

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