Principiante ou veterano, todo escritor já cogitou utilizar alguma plataforma de autopublicação. Eu confesso que o fiz várias vezes, mesmo vendo a publicação como um projeto de longuíssimo prazo. Costumo acompanhar novidades sobre o assunto, pois é sempre bom estar atento às possibilidades ofertadas pelo mercado editorial.
As plataformas de autopublicação estão proliferando no Brasil, graça, obviamente, à Internet. Além do pioneiro serviço da Amazon, o Kindle Direct Publishing, os escritores brasileiros têm agora à disposição o Publique-se da Livraria Saraiva, o iba, o Bookess, o Clube dos Autores, o Kobo Writing Life e o recente e-Galáxia.
Uma rápida pesquisa virtual revela essas e muitas outras plataformas. As seis supracitadas foram indicadas pelo site parceiro Listas Literárias, que indicou também o Google Play, para dispositivos móveis – este requer o pagamento de uma taxa de $25. Também são muitos os sites que enumeram os prós e contras da autopublicação.
Por esses dias, topei com um interessante infográfico que lista 10 razões pelas quais vale a pena autopublicar um livro. A seguir, compartilho a tradução livre do texto, pontuada por breves considerações minhas. Espero que seja de alguma utilidade para os colegas, aprendizes ou não, que já disponham de livros prontos para publicação.
Elaborado por Shawn Welch, autor de três livros, entre eles APE: Author, Publisher, Entrepreneur — How to Publish a Book, o infográfico está disponível no idioma original aqui.
Publicação Artesanal: TOP 10 razões para autopublicar
- Conteúdo e controle do projeto
Quando autopublica um livro você pode controlar seu conteúdo, tamanho, e aparência. Mas caso o livro não seja bom não haverá editor ou comitê editorial para culpar.
Toda liberdade implica em responsabilidade. O autor deve comprometer-se profissionalmente com sua obra. Em se tratando de e-books, as plataformas disponíveis hoje no mercado cuidam bem dos aspectos essências da produção, como diagramação e disponibilização em formatos compatíveis com diversos modelos de e-readers, tablets e celulares.
Contudo, há pouca ou nenhuma preocupação com a questão visual (capa, ilustrações) e com a revisão do texto, por exemplo. O autor deve cuidar de tais questões por conta própria ou arcar com os custos de profissionais especializados, caso reconheça sua limitação ou deseje uma qualidade digna de obras lançadas por editoras.
- Tempo para comercializar
O livro pode estar disponível no mercado em menos de uma semana tão logo se finalize uma versão revisada. Uma editora tradicional leva de seis a nove meses para pôr um livro impresso no mercado e não liberará uma versão digital antes da impressa.
O livro sai mais rápido, mas, em contrapartida, não conta com todo o aparato de divulgação de uma editora, nem será promovido pela plataforma escolhida – a menos que se pague por isso. Caberá ao próprio autor divulgar o trabalho, o que requer tempo e dedicação – o esforço pode ser ainda maior, caso ele não tenha qualquer noção de marketing.
A Internet é, obviamente, uma poderosa aliada do escritor, mas como qualquer ferramenta só é útil quando utilizada corretamente – e não, assinar comentários aleatórios em blogs, fóruns e grupos de discussão com o nome e local de compra do livro não é uma boa forma de divulgá-lo.
- Longevidade
Quando uma editora tradicional deixa de comercializar um livro, o autor passa a ter pouco retorno financeiro. Com a autopublicação, você pode manter seu livro no prelo para sempre – ou ao menos pelo tempo necessário para que os leitores te descubram.
Com a autopublicação você não corre o risco de ver seu livro tornar-se mais um espécime raro a habitar as prateleiras poeirentas de bibliotecas ou sebos por não ter conseguido acordo para novas (e maiores) tiragens.
- Revisões
Na publicação tradicional podem ser necessários meses para reparar erros, pois as editoras só imprimem edições revisadas depois de esgotarem todo o estoque atual. O autopublicado pode revisar seus livros imediatamente junto aos revendedores de e-books online e às gráficas de impressão sob demanda.
Sim, tal possibilidade é excelente, mas, como dito anteriormente, o ideal é prezar pela revisão profissional antes da disponibilização do livro no mercado – é claro que sempre existirão erros. Considero como vantagem também poder incrementar o livro posteriormente com apêndices, mapas, ilustrações, etc., permitindo a criação de edições comemorativas ou especiais.
Eis o lado negro dessa facilidade: ceder à tentação de modificar tanto a obra quer por vontade própria quer para atender ao feedback de leitores que ela acabe se tornando outra coisa, o que não seria justo com os compradores das edições iniciais. Não acho improvável acontecer.
- Royalty maior
O royalty recebido de uma editora tradicional varia entre 10% e 15% dos lucros das vendas do livro. A Amazon, por outro lado, paga royalty de 35% ou mais.
No Brasil, a renda do escritor autopublicado normalmente gira em torno dos 30% – na Amazon é possível receber até 70%, desde que a obra seja inscrita num serviço especial chamado KDP Select, o qual impõe algumas restrições. Aparentemente, a porcentagem oferecida por essas plataformas ainda é superior àquela ofertada pelas editoras, o que é um grande atrativo, ainda mais para os escritores em início de carreira.
Contudo, cabe sempre frisar que é indispensável ler com atenção todas as clausulas do contrato para evitar surpresas desagradáveis no futuro. Outra preocupação é ficar atento às políticas de exclusividade.
- Controle de Preço
A autopublicação permite alterar livremente o preço do livro. Você pode determinar um valor mais baixo para tentar vender mais cópias ou um valor mais alto para sinalizar a qualidade do produto.
Perfeito para promover promoções. Contudo, é preciso ter consciência e confiança no valor de seu trabalho para não correr o risco de praticamente dar o livro apenas para ser lido ou tornar-se conhecido. Escrever, afinal, é uma profissão.
- Distribuição global
A autopublicação permite alcançar a distribuição global do e-book já no primeiro dia. O Kindle Direct Publishing listará seu e-book em 100 países. O iBookstore da Apple alcança 50 países.
A princípio, não vejo vantagem aqui, a não ser que o livro esteja disponível em outros idiomas e conte com uma tradução profissional – nada de tacar o texto num tradutor automático e sair por aí publicando, como muitos picaretas têm feito.
- Controle de Direitos Estrangeiros
Caso o livro seja um sucesso, editoras estrangeiras te contatarão para adquirir os direitos para seus países. Neste cenário, é possível que seu lucro seja maior por não precisar compartilhar receita com uma editora tradicional.
Ei, não custa sonhar, certo?
- Estatísticas
A maioria dos revendedores de e-books online e das gráficas de impressão sob demanda dão os resultados das venda em tempo real, ou quase. Editoras tradicionais fornecem extratos de royalty duas vezes ao ano – imagine gerir um negócio com dois relatórios de vendas por ano.
- Flexibilidade de Negociação
O autopublicado pode firmar qualquer tipo de acordo com qualquer tipo de organização. As editoras tradicionais vendem apenas para os revendedores, exceto por vendas volumosas para grandes organizações.
Vale reforçar: é preciso ficar de olho no contrato e nas políticas da plataforma utilizada, já que algumas podem exigir exclusividade sobre a distribuição da obra.
E aí, caro leitor, você concorda com as vantagens listadas pelo senhor Welch? Comente abaixo.
Para saber mais:
- Autopublicar ou procurar uma editora? – dicas do escritor parceiro Alexandre Lobão.
- Os abacaxis da publicação independente: o outro lado da moeda, pelo escritor Henry Alfred Bugalho.
- 7 plataformas para autopublicação: artigo do site parceiro Listas Literárias, de Douglas Eralldo
- Podcast Ghost Writer – Ebooks: episódio com a participação dos escritores Eduardo Spohr e Marcelo Amaral.
- Curso Self-Publishing: com o apoio Terracota Editora, Vanderley Mendonça, editor independente com formação nos EUA e Alemanha, ministrará este curso em São Paulo em setembro e outubro deste ano (2013).
- APE: Author, Publisher, Entrepreneur — How to Publish a Book – blog do livro de Shawn Welch, autor do infográfico traduzido e disponibilizado neste post.
- 7 coisas que aprendi – por Douglas Eralldo: a contribuição do autor de Morgan: O Único e O Titereiro dos Mortos.
- 7 coisas que aprendi – por Marcelo Amaral: a contribuição do autor de Palladinum – Pesadelo Perpétuo.
As coisas que me acontecem, enternecem meu pobre coração.
Muito obrigado.
Nos anos 8O, eu ganhava prêmio na BIENAL DO LIVRO DE BELO HORIZONTE (que não sei se mudou de nome,…
Disse um dia aqui que escrevi livrinhos bens ruinzinhos, estava elogiando a LIGA. Não sei se graças a isso, tive…
Ei, Rosângela. Sim, o narrador é uma das vítimas. :) Abraço e obrigado pela leitura.