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Publicação, oficinas literárias e como ser escritor – Entrevista com Sérgio Fantini

Escritor Sérgio FantiniNo ano passado, o escritor belo-horizontino e mediador de literatura Sérgio Fantini concedeu a este seu discípulo uma entrevista para a coluna Café Literário, do blog Café com Notícias. Nesta terceira e última parte, eis mais considerações inéditas e valiosas sobre a vida de escritor profissional.

Não leu os conselhos anteriores? Sem problemas, confira a segunda parte da entrevista com Sérgio Fantini ou veja a entrevista desde a primeira parte.

Em tempo: no próximo dia 17, segunda-feira, Sérgio Fantini iniciará, em Belo Horizonte, mais uma edição da oficina de contos “Para gostar de escrever” no espaço Letras e Ponto. Recomendadíssimo

11. Como foi sua experiência com outras editoras no início da carreira?

  No início fiz muita publicação independente, sempre com luta e na camaradagem. Eu faço um furdunço para cada livro: é um amigo que faz a capa, outro que tira foto, um terceiro que cuida do projeto gráfico, e assim vamos fazendo, resolvendo caso a caso como pagar. É comum a troca também: “eu faço a diagramação para você e você faz a leitura crítica do meu livro de contos”. Sempre foi assim. Depois vieram duas edições lançadas em parceria com editora, que foram os livros Materiaes (Dubolso, 2000) e Coleta Seletiva (Ciência do Acidente, 2002). Mas a maioria foi toda por minha conta.

12. Como se deu seu contato com a editora Jovens Escribas, que publicou seu último livro?

  Conheci meu editor, o Carlos Fialho quando este esteve em Belo Horizonte em certa ocasião, e desde então nos tornamos amigos. Tempos depois ele leu A ponto de explodir, que lancei em 2008, e gostou tanto que se ofereceu para publicar uma segunda edição, em 2010. Na época eu disse que estava com outro projeto, que era o Silas, e o Fialho topou lançá-lo pela Jovens Escribas.

Recentemente, ele propôs republicar A ponto de explodir e lhe falei do Novella, mas desta vez ficou decidido que os dois livros seriam publicados. A paixão do Fialho pelo A ponto de explodir é algo tão estranho que acho até que o livro tá me traindo com ele.

Lançamentos da Jovens Escribas - Sérgio Fantini e Carlos Fialho

13. Há editoras em Belo Horizonte que dão atenção especial a escritores iniciantes?

  Não que eu saiba. Mas há algumas que estão entrando no mercado que talvez estejam mais abertas, como a Dom Quixote, a Scriptum. Há aquelas que lançam livros em parceria com o autor, como a Crisálida, a Asa de Papel. Tem outras: a Mazza Edições, a Alis, a Dimensão, a Autêntica, a Editora Lê, mas algumas se dedicam mais a livros infantis ou técnicos.

14. Faz mais de 4 anos que você oferece uma oficina de contos no espaço cultural Letras e Ponto. O que está experiência tem proporcionado? Qual é o perfil dos alunos que procuram a oficina?

  É uma troca; na possibilidade de passar o que já sei também aprendo e muitas vezes eu assimilo coisas que não teriam me ocorrido sozinho nem com outros amigos escritores, cujas conversas trazem uma perspectiva distinta.

Na oficina ocorrem casos e diálogos únicos, novos, então eu aproveito para ir acumulando tudo. Por lá já passaram pessoas de várias idades, mas prevalecem os mais velhos, profissionais liberais, que dispõe de tempo para produzir toda a semana e dinheiro, claro, afinal, trata-se de um investimento que nem todo mundo pode ou está disposto a fazer. Também há quem ache que não precisa fazer.

15. Escrever para você é profissão ou lazer? É possível viver de literatura no Brasil?

  É uma profissão de fé, algo que está dentro do meu âmbito profissional. Quem escreve literatura no Brasil não vive só de direito autoral: vive de feiras, de prefácios, de antologias, palestras, e outras coisas periféricas. Pessoas do meio já me afirmaram que são poucos, 6 ou 7, no máximo 10, os casos de escritores que vivem só de direito autoral. Todos os outros têm que saber dar suas reboladas.

16. O que você recomendaria a escritores iniciantes? Qual deve ser a principal preocupação deles?

Ler, ler, ler, escrever, ler, ler, ler, escrever.

E aí, leitor? Gostou das dicas do Fantini?

Para saber mais:

  1. Sérgio Fantini – 7 coisas que aprendi: confira a contribuição do mestre Fantini para a série.
  2. 5 dicas para escrever contos: confira 5 conselhos do renomado escritor de fantasia norte-americano Philip Athans.
  3. 5 livros que ensinam a escrever: uma recomendação de lista de livros sobre escrita disponíveis em português.
  4. Não perca a motivação – 10 dicas para escritores: minha tábua de mandamentos pessoais para os momentos de crise existencial.
  5. Serviço: Circuito Literário Mineiro: conheça e participe de diversos movimentos literários mineiros.
  6. Serviço: Oficinas Literárias: conheça algumas das oficinas literárias mais badaladas do Brasil.
  7. Jovens Escribas: site oficial da editora que publicou os últimos três livros de Sérgio Fantini.
  8. Sérgio Fantini fala sobre o novo livro Novella: entrevista com o escritor no Café Literário que também contém boas dicas para quem pensa em se tornar um escritor.

Contos, revisões e leitura crítica – Entrevista com Sérgio Fantini

Escritor Sérgio Fantini - Caricatura de Giovanni BarbosaQuem melhor para dar dicas de escrita do que um escritor profissional com mais de 30 anos de estrada? Confira o que mais o Mestre Fantini tem a ensinar nestes trechos inéditos da entrevista concedida à coluna Café Literário, do portal Café com Notícias.

O quê? Não leu a primeira parte da entrevista do escritor Sérgio Fantini? E o que está esperando?

Em tempo: no próximo dia 17, segunda-feira, Sérgio Fantini iniciará, em Belo Horizonte, mais uma edição da oficina de contos “Para gostar de escrever” no espaço Letras e Ponto. Recomendadíssimo

6. Você escreve, principalmente, contos. Já escreveu uma novela, como disse, mas nunca um romance. Por que essa predileção pelas narrativas curtas? Produzir um romance é difícil?

Não é questão de ser mais fácil ou mais difícil. Eu gosto do conto porque é um espaço curto, de experimentação, onde não é preciso contar, necessariamente, uma história. Eu gosto de contar e ouvir histórias também. Mas acho que eu não tenho ainda o fôlego para passar dias, semanas, meses elaborando; é preciso uma dedicação que não casa com minha característica psicológica. Até tentei, duas vezes, mas vi que não ia dar em lugar nenhum, que estava muito ruim, daí parei.

7. Talvez uma boa característica do conto seja essa de permitir escrever histórias distintas em, relativamente, pouco tempo. No caso do romance você fica muito tempo preso a uma mesma narrativa, tema, personagens, época. Não que isso seja algo ruim, mas, às vezes, o escritor que experimentar coisas novas com uma regularidade maior.

  É preciso mais tempo para dedicar a um romance; deve-se cuidar da sequencia lógica e dos personagens para evitar incoerências. É bem isso mesmo, você tem que ficar muito tempo concentrado, dedicado a uma única história. Acho que ainda não chegou minha hora pra isso.

Escrever um romance requer planejamento.

Planejar e escrever um romance é um verdadeiro desafio. Que tal começar com contos curtos?

8. Sabe-se que um bom escritor é, antes de tudo, um bom leitor. Há escritores que afirmam ler livros do gênero no qual estão trabalhando no momento para ver o que já foi feito e o que eles podem acrescentar. Você faz o mesmo ou lê coisas diferentes para desligar-se da produção e estabelecer um novo paralelo criativo?

  Eu leio normalmente, não mudo nada. Até porque talvez o conto não demande tanto.

9. Após finalizada uma obra, qual é o seu processo de revisão? Você contrata um revisor ou leitor crítico?

  Eu mesmo reviso, exaustivamente, até achar que posso mostrar pra alguém. Às vezes posso até ficar muito tempo, mas não é um tempo continuo: fiz hoje, não estou satisfeito; leio amanhã e decido mudar algo. Vou lendo e mudando, a cada leitura posso mexer, isso durante muito tempo. Tenho dois, três amigos que sempre fazem uma leitura crítica. Costumo brincar que eles devem ler com um machado na mão. Dependo do retorno, eu mexo mais ou menos no texto.

10. Até que ponto essas opiniões influenciam as mudanças no texto, ou o processo criativo?

  Eu estou 100% aberto às críticas embasadas; não é só dizer “o final” tá ruim e ponto. Existe coisa melhor que um retorno crítico de um escritor tão ou mais experiente que você? É ótimo para o processo criativo no sentido de você não repetir erros que já foram apontados, a gente vai se aprimorando de acordo com as críticas e sugestões que recebe. Claro que pode acontecer de eu discordar de algo, talvez por querer que algo fique mesmo de certo jeito, meu jeito; eu tenho clareza quanto a essa opção.

Odeio quando alguém me pede pra ler e depois fica resistente. Como também ofereço serviços de leitura crítica, eu já aviso antes, coloco lá no contrato as condições, para deixar tudo claro.

Confira a última parte da entrevista com Sérgio Fantini.

Para saber mais:

  1. Sérgio Fantini – 7 coisas que aprendi: confira a contribuição do mestre Fantini para a série.
  2. 5 dicas para escrever contos: confira 5 conselhos do renomado escritor de fantasia norte-americano Philip Athans.
  3. 5 livros que ensinam a escrever: uma recomendação de lista de livros sobre escrita disponíveis em português.
  4. Não perca a motivação – 10 dicas para escritores: minha tábua de mandamentos pessoais para os momentos de crise existencial.
  5. Serviço: Circuito Literário Mineiro: conheça e participe de diversos movimentos literários mineiros.
  6. Serviço: Oficinas Literárias: conheça algumas das oficinas literárias mais badaladas do Brasil.
  7. Sérgio Fantini fala sobre o novo livro Novella: entrevista com o escritor no Café Literário que também contém boas dicas para quem pensa em se tornar um escritor.

Processo de escrita, poesia e prosa – Entrevista com Sérgio Fantini

Escritor Sérgio FantiniAno passado eu entrevistei um cara fantástico chamado Sérgio Fantini. Com mais de 30 anos dedicados à escrita, ele produziu e publicou inúmeros poemas e contos (e uma novela) em coletâneas e em nove livros próprios, a maioria de forma independente.

O bate-papo foi longo e rendeu muitos conselhos valiosos, mas muita coisa (mesmo) acabou ficando de fora da versão final da entrevista publicada na coluna Café Literário, do portal Café com Notícias. Decidi, então, publicar aqui (em três partes) as respostas inéditas do Sérgio, que, como mestre do ofício e mediador de literatura, tem muito a dizer aos aprendizes de escritor.

Quem é Sérgio Fantini?

Sérgio Fantini nasceu em Belo Horizonte, onde reside. Começou a vida literária aos 11 anos e cresceu enfurnado na “biblioteca” da família (um quartinho repleto de livros). A partir de 1976, publicou zines e livros de poemas, além de haver realizado shows, exposições, recitais e performances. Teve textos selecionados para diversas antologias no Brasil e exterior.

Mediador em uma oficina literária de contos, Sérgio não tem o hábito de escrever todos os dias nem por muitas horas e por isso produz muito devagar, mas carrega a escrita na mente e busca estar sempre imerso em literatura. Entre seus trabalhos mais recentes destacam-se Silas (Jovens Escribas, 2008) e Novella (Jovens Escribas, 2013), duas coletâneas de contos – a segunda edição de outra coletânea, A Ponto de Explodir (Jovens Escribas) está prevista para este ano.

Livros do escritor Sérgio Fantini

Em tempo: no próximo dia 17, segunda-feira, Sérgio Fantini iniciará, em Belo Horizonte, mais uma edição da oficina de contos “Para gostar de escrever” no espaço Letras e Ponto. Recomendadíssimo

1. Você não costuma passar muitas horas escrevendo. Já vi escritores comentando que o ideal é parar enquanto ainda há vontade de continuar, para guardar energia e motivação para o dia seguinte.

Ernest Hemingway afirmava que parava enquanto ainda sabia o que escreveria no dia seguinte. Ele dizia até o número de lápis que gastava por dia; acho que seis ou sete. Mas cada um tem seu jeito. No meu caso, eu nunca tive necessidade de passar muito tempo produzindo, talvez por me dedicar a contos. Aliás, eu nunca começo a escrever se houver limite de tempo: se tenho de estar no centro às 9 horas, pegar o ônibus às 08:30 h, tomar banho às 7:30 h, não faz sentindo começar a escrever às 6 horas.

2. Eu sei que bem que o tempo é uma preocupação constante de escritores, ao menos no sentido de tentar encontrar nele um espaço para a escrita.

Quando eu estava escrevendo uma novela, essa do personagem Silas, eu morava com minha família. Dividia um quarto com meu irmão, e tinha uma máquina de escrever eletrônica comprada à meia. Na época alguém me cobrou a novela, eu falei que estava sem tempo para terminar e levei uma traulitada: “se você quisesse ter tempo, você arrumava tempo”. A pessoa tinha razão.

Daí que comecei a acordar de madrugada para escrever na máquina, que era bem silenciosa, ali no quarto mesmo, na cama, com uma luminária para não incomodar meu irmão. Desde então, quando eu quero ou preciso escrever o melhor que eu faço é acordar cedo. Daí rende, é superprodutivo, mais do que eu parar no meio da tarde para produzir. Não tem muito mistério.

3. Você começou escrevendo poesia, depois passou para a prosa, mas não houve uma mudança radical; nota-se que a maioria dos seus textos traz muitos elementos poéticos. Pode-se dizer que você incorporou a poesia à prosa?

  Exatamente. Há esses elementos que, ao invés de serem transformados num poema, ou resultam num conto novo ou são incorporados a outro, ou ficam acumulados. O escritor é um acumulador, costumo dizer em minhas oficinas.

Eu vou acumulando coisas, visualmente, auditivamente, olfativamente, coisas inúteis, talvez. Pode ser que eu esqueça algo que ocorreu dois minutos atrás ou pode ser que eu me lembro disso daqui a 10 anos. O importante é você estar aberto para observar e tirar o melhor até de aborrecimentos.

4. E você tem o hábito de manter também anotações físicas, em cadernos? Refiro-me às ideias para trabalhos futuros que surgem inesperadamente, por exemplo.

Caderno de Escritor

Nunca se sabe quando uma boa ideia pode pipocar.

  Anoto, às vezes, até mais de uma vez, porque a minha memória é um estrago. Agora, nem sempre eu uso o que anotei. Mas é bom anotar porque todo esse material guardado já é combustível para tocar novas coisas. Daí pode ser que daqui a 10 anos eu veja aquilo e pense, “ei que negócio é esse?”.

5. Concordo. Há quem diga que se uma ideia é boa ela acaba voltando no momento certo. Mas se eu for contar com minha memória…

  Nossa, senhora, estou perdido, não vai acontecer nada.

Confira a segunda parte da entrevista com Sérgio Fantini.

Para saber mais:

  1. Sérgio Fantini – 7 coisas que aprendi: confira a contribuição do mestre Fantini para a série.
  2. 5 dicas para escrever contos: confira 5 conselhos do renomado escritor de fantasia norte-americano Philip Athans.
  3. 5 livros que ensinam a escrever: uma recomendação de lista de livros sobre escrita disponíveis em português.
  4. Não perca a motivação – 10 dicas para escritores: minha tábua de mandamentos pessoais para os momentos de crise existencial.
  5. Serviço: Circuito Literário Mineiro: conheça e participe de diversos movimentos literários mineiros.
  6. Serviço: Oficinas Literárias: conheça algumas das oficinas literárias mais badaladas do Brasil.
  7. Sérgio Fantini fala sobre o novo livro Novella: entrevista com o escritor no Café Literário que também contém boas dicas para quem pensa em se tornar um escritor.

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