Entre minhas metas para 2013 está me envolver mais com a literatura, participando mais de eventos. Numa dessas coincidências da vida, topei com um artigo na revista Metáfora que tratava justamente de alguns movimentos literários mineiros.
Se o leitor também busca imergir nesse ambiente, clique abaixo e saiba o que rola em Minas Gerais.
A lista a seguir foi elaborada e publicada na edição 15 da revista Metáfora, mas as descrições foram sintetizadas por mim a partir das informações disponíveis nos sites de cada evento.
E a propósito: ainda não descobri oficinas de escrita criativa aqui em Belo Horizonte. Caso alguém conheça alguma, favor compartilhar nos comentários.
ATUALIZAÇÃO: enfim encontrei! O Letras e Ponto oferece oficinas de contos e literatura semestrais. Mais tarde falarei sobre eles por aqui. Por ora, confiram mais sobre esse excelente espaço proporcionado pela escritora Dagmar Braga.
Programa cultural de grande credibilidade no país. Além de Belo Horizonte, está presente em 30 outras cidades, oito estados, o Distrito Federal e em Madri, na Espanha. O que começou como encontros entre autores e personalidades mundiais atualmente é dividido em diversos projetos, que incluem um programa de TV homônimo – os episódios são disponibilizados para download livre no YouTube – e outro de rádio, o Mondolivro, veiculado na rádio CBN.
Ofício da Palavra
http://www.mao.org.br/port/programacao.asp
Iniciativa do Instituto Cultural Flávio Gutierrez, este evento é caracterizado pelo incentivo à leitura, a divulgação de escritores e suas obras e bate-papos descontraídos sobre literatura. O Ofício da Palavra, que completa sete anos em 2013, já contou com a participação de Fabrício Carpinejar, Arnaldo Antunes, Marcelino Freire, Nelson de Oliveira, Carlos Heitor Cony, e muitos outros. O evento é sediado mensalmente no Museu de Artes e Ofícios, com entrada franca.
Fórum das Letras de Ouro Preto
http://www.forumdasletras.ufop.br
O Fórum das Letras é promovido pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e desde 2005 possibilita a interação entre escritores e público participante. Suas as atrações gratuitas dividem-se em Programação Principal, Fórum das Letrinhas, Ciclo de Jornalismo e Literatura, e Via-Sacra Poética. O evento conta também com a participação de editores, agentes literários e demais profissionais do ramo. O tema da edição de 2012 foi a fabricação de livros.
Literata de Sete Lagoas
http://www.literata.net
Nascida em 2010, a festa literária de Sete Lagoas ainda é pouco tradicional, mas tem atraído atenções a cada ano. Palco para interação com escritores e para discussões sobre a produção literária brasileira, a Literata está sob a curadoria do escritor Humberto Werneck. Cada edição do evento tem sido dedicada a um grande autor nacional: já foram homenageados Guimarães Rosa, Fernando Sabino e Monteiro Lobato.
Felit de São João Del-Rei
http://www.felit.com.br
Sediado na cidade eleita Capital Brasileira da Cultura de 2007, o Festival de Literatura de São João Del Rey conta com a participação de escritores, críticos, professores e personalidades da vida cultural do país. Além de mesas redondas, o evento oferece feira de livros, oficinas, café literário com apresentações musicais, e muitas outras atrações. A Felit completou seis anos de existência em 2012.
Sediado em Belo Horizonte, a Bienal é um programa cultural que reúne atrações para todos os gostos e idades. Um de seus destaques é o Café Literário, que possibilita encontros e debates com escritores, jornalistas e personalidades sobre a literatura brasileira, o processo criativo, entre outros temas. Em 2012 o evento, que homenageava Carlos Drummond de Andrade, acabou cancelado devido a problemas na estrutura do Expominas, onde estava sendo sediado.
Flipoços de Poços de Caldas
http://www.feiradolivropocosdecaldas.com.br
Ano passado, a Feira Nacional do Livro de Poços de Caldas teve grande repercussão nacional e conquistou lugar entre os mais importantes eventos do Circuito Nacional de Feiras de Livro, segundo avaliação da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Em 2013, a oitava edição já tem data marcada e homenageará ninguém menos que o fundador da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis.
Coletivo 21
http://www.coletivo21.com.br
O Coletivo 21 não é um evento, mas um grupo literário que reúne escritores mineiros. Criado em 2011, o Coletivo possibilita conhecer os perfis de seus membros e os serviços que cada um oferece, além de textos de sua autoria. É também uma boa forma de se manter por dentro dos acontecimentos literários no Estado. Dentre os integrantes, destaque para o nome de Luís Giffoni, autor de Infinito em Pó, livro resenhado por mim aqui no blog.
Para saber mais:
Revista Metáfora: site onde é possível realizar a assinatura e adquirir números atrasados.
Saiba antes de ler: não sou crítico literário nem detentor da verdade absoluta. O texto abaixo relata as impressões que tive após a leitura deste livro e não traz quaisquer revelações quanto ao enredo.
Escrito pelo premiado autor mineiro Luís Giffoni, este Infinito em Pó é uma ficção científica cuja proposta difere bastante do que normalmente se encontra em narrativas do gênero. O livro trata da extensa viagem de uma espaçonave gigantesca, capaz de preservar várias gerações de seus tripulantes, rumo ao sistema Alpha Centauri, o mais próximo do nosso sistema solar.
A ideia de reunir a elite intelectual, científica e artística de diversas partes de uma Terra unificada (mas, verdadeiramente, à beira de um colapso) e despachá-la numa missão espacial milenar sem garantias de sucesso é interessante, ainda que pouco inovadora. Contudo, a história é muito bem conduzida pelo autor e o leitor mais afoito que tirar conclusões precipitadas das páginas iniciais certamente se surpreenderá no final.
Pontuada por referências e especulações científicas complexas, a narrativa é de caráter, essencialmente, psicológico; isto é, o autor concentra seus esforços nos personagens, em seus anseios e dramas pessoais, que acabam por moldar suas perspectivas sobre a viagem que empreendem e o meio em que vivem. Outros aspectos predominantes na narrativa incluem o elemento sexual (“Sexo é o combustível desta nave”) e as intrigas políticas.
A história é desenvolvida através das reflexões e dos pontos de vista de quatro personagens: Shiva Ramanujan, o comandante da missão, e seu filho Nima Prajma; Daedalus O´Curry, o piloto alcoólatra (!); Mira Ceti, a cientista ninfomaníaca; e Aurélia, esposa do comandante, a quem menos páginas são dedicadas.
Há um quinto personagem que está quase sempre presente nas reflexões dos demais e cujas reflexões enriqueceriam ainda mais a história, tendo em vista que o mesmo é uma peça chave para sua conclusão.
Pode-se questionar a necessidade de tal fragmentação da narrativa, mas, particularmente, não consigo imaginar esta história sendo contada de outra maneira. A quase ausência de diálogos, porém, pode incomodar ocasionalmente. E ainda que seja interessante ver os acontecimentos pelos olhos de terceiros, considero ainda mais enriquecedor ver os diferentes pontos de vista colidindo na interação entre os personagens.
Em certos pontos a leitura se desenvolve na terceira pessoa, mas esta transição surge súbita e forçadamente para o leitor, já habituado até ali às impressões da primeira pessoa.
O desfecho, ainda que interessante, deixa a desejar por ocorrer num ritmo muito vertiginoso, diferentemente daquele experimentado ao longo da maior parte do livro. Apesar disto, Infinito em Pó é uma agradável e surpreendente ficção científica, proporcionando uma experiência de entretenimento enriquecedora. Excetuando-se a conclusão apressada e as súbitas mudanças da pessoa narrativa, o livro foi muito bem elaborado e concedo3 penas-tinteiro (estrelas)para Infinito em Pó.
E esta é a humilde opinião de um escriba.
Nota: enquanto escrevia esta resenha ocorreu-me comparar Infinito em Pó ao popular anime japonês Evangellion, não por quaisquer semelhanças de enredo (longe disso), e sim porque este enfoca, essencialmente, as relações e dramas humanos, mas temperado com boas doses de ficção científica e ação. Fica a dica.
As coisas que me acontecem, enternecem meu pobre coração.
Muito obrigado.
Nos anos 8O, eu ganhava prêmio na BIENAL DO LIVRO DE BELO HORIZONTE (que não sei se mudou de nome,…
Disse um dia aqui que escrevi livrinhos bens ruinzinhos, estava elogiando a LIGA. Não sei se graças a isso, tive…
Ei, Rosângela. Sim, o narrador é uma das vítimas. :) Abraço e obrigado pela leitura.