Saiba antes de ler: além de romances e livros sobre a arte da escrita, tenho o hábito de ler historietas avulsas por aí. Senti a vontade de comentar sobre esses textos breves, portanto, eu comentarei por aqui sobre contos, novelas e outras leituras mais enxutas. Note-se que este post não é uma resenha, mas um apanhado de considerações breves suscitadas após a leitura do texto.
Fritei minha dignidade no bacon foi escrito pela escritora e ilustradora carioca Alliah, que já participou de várias antologias, tem um livro publicado (Metanfetaedro) e já contribuiu para a série “7 coisas que aprendi”. Trata-se de um conto bizarro… e muito bom!
Imagine um Rio de Janeiro alternativo, fantástico e estranho, onde há alegorias carnavalescas vivas e traficantes de Nutella (!). Pois é nesse cenário improvável que se passa a história de uma veterinária à caça de um quase extinto naco de bacon para a cobiçosa esposa grávida.
Alliah apresenta uma surpresa atrás da outra e várias vezes me vi relendo algum trecho para ter certeza de que não estava alucinando. Os personagens são ótimos em suas esquisitices – achei deslocado o uso do inglês nos diálogos da protagonista, já que, apesar de descender de estrangeiros, ela foi criada no Brasil.
Incomodaram-me as trocas de foco entre os personagens, mais em razão de ter lido em e-book, que separava os pontos de vista (seria este o termo correto?) apenas com espaços, ao invés de utilizar asteriscos ou outro símbolo qualquer de separação (mas aí já é chatice da minha parte). Também achei desnecessário falar sobre o traficante.
Senti falta de justificativas para a existência de um universo tão bizarro, porém, entendo que estas não encontram lugar no espaço curto de um conto. Este é meu primeiro contato com o new weird e, graças autora, pretendo buscar mais textos deste gênero literário
O conto em formato do Kindle está disponível para compra na Amazon por apenas R$ 2,99.
Para saber mais:
Li e Comento: minhas breves considerações sobre contos, novelas e outras narrativas curtas.
Trecho gratuito do conto:post no blog da autora onde ela comenta sobre o conto e disponibiliza um pequeno trecho. É uma opção para quem está em dúvida se compra ou não, mas aviso que há spoilers.
Alliah: site oficial da escritora e ilustradora, onde ela lista todos os seus trabalhos publicados.
5 influências na obra de Alliah: texto interessantíssimo publicado no site da Editora Draco. De novo: há spoilers do conto.
Resenha de Metanfetaedro: Antônio Luiz M. C. Costa escreve sobre o primeiro livro da autora, uma coletânea de contos new weird.
O estranho gênero new weird:podcast do site HomoLiteratus sobre este gênero não tão novo assim.
A Internet pode ser tanto uma bênção quanto uma maldição. Ela democratiza o acesso à informação, porém, não garante a qualidade do que é disponibilizado. Felizmente, disciplina e critério permitem a extração de conteúdos realmente proveitosos.
É importante adotar uma rigorosa dieta de informação, mas isto não basta para evitar que o internauta se veja diante de inúmeras leituras. Passar horas na Internet só para inteirar-se das novidades é um luxo para poucos – é preciso dedicar tempo ao trabalho, estudos, família.
Considerem-se, ainda, a questão do desconforto de se ler numa tela brilhante e as distrações oferecidas por computadores, smartphones, tablets e demais bugigangas tecnológicas.
Então, o que fazer? Como antenar-se às novas sem sacrificar o que é fundamental, como a saúde e o convívio social? Não faço a mínima ideia. De verdade. Se alguém souber pode me dizer. Enquanto isso, eu vou experimentando algumas estratégias.
Revista eletrônica diária
Tenho lido mais e com maior conforto graças a algumas ferramentas. A primeira é o Feedly, um aplicativo web que faz uso da tecnologia RSS, hoje em dia presente na maioria dos sites. Como uma revista eletrônica, ele reúne atualizações de vários sites que acompanho, exibindo título, resumo e conteúdo completo. Não é preciso visitar site por site para ler os artigos.
O diferencial do Feedly para outros aplicativos do tipo está no ambiente personalizável e minimalista (sem distrações), propício à leitura, e na integração como diversas redes sociais com as quais é possível compartilhar os artigos. Ele é sincronizado com o Google Reader, o que significa que a assinatura de um novo site neste é refletida naquele, e vice-versa.
Cabe dizer que a ferramenta não será tão útil sem a adoção de uma dieta de informação. De nada adianta cadastrar no Feedly uma centena de sites de publicação diária – as chances de que tanta informação seja consumida é remotíssima.
Conforto visual e mobilidade
O papel do Feedly é organizar e facilitar a filtragem de conteúdo relevante. Contudo, mesmo com toda a qualidade de seu ambiente, este ainda sujeita o leitor aos desconfortos de uma tela brilhante e à necessidade de estar conectado à Internet.
Que ferramenta poderia resolver esta questão? O Kindle, claro. Para o leitor neófito, trata-se de um dispositivo eletrônico dedicado exclusivamente à leitura ou, simplesmente, um leitor de livros digitais (e-reader). A tecnologia de tinta eletrônica (e-ink) que ele emprega proporciona uma tela que simula a experiência de se ler um livro de papel.
Fiz experimentos na tentativa de usufruir dos recursos do Feedly no Kindle, mas nenhum foi satisfatório. Gerar arquivos para transferência e leitura posterior no e-reader é trabalhoso, envolve conversões para formatos .PDF ou .MOBI e requer conexão a um computador via USB.
Acessar o Feedly pela rede Wi-Fi do Kindle consome rapidamente a bateria e a velocidade de navegação é sofrível. Felizmente, há uma terceira ferramenta que permite integrar as outras duas de forma mais eficiente: Instapaper.
Para ler depois
O Instapaper é um aplicativo bem interessante e funciona como um depósito de artigos para leitura posterior. Imagine que um internauta tope com um texto longo na Internet e está sem tempo para lê-lo. Ao invés de imprimi-lo, enviar o link por e-mail ou adicioná-lo à lista de sites favoritos, ele salva-o no aplicativo. Depois, ao acessar o Instapaper (na web ou em sua versão móvel), lá está o texto à espera.
A maravilha deste aplicativo é que ele disponibiliza o texto e nada mais. Em outras palavras, adeus vídeos, anúncios, etc. – algumas figuras permanecem, mas só as relacionadas ao artigo. Mais o recurso mais útil, para mim, é a possibilidade de gerar arquivos para leitura no Kindle.
Mas o melhor mesmo é que o Instapaper também envia uma coletânea de até 10 artigos (na versão gratuita do aplicativo) diretamente à conta da Amazon associada ao e-reader. Através da rede Wi-Fi do Kindle é possível, então, baixá-la no formato de um periódico eletrônico.
Processo quase perfeito
Eis como utilizo as três ferramentas ao meu favor. Primeiro, eu acesso as contas de cada uma na Internet. No Feedly estão as novidades dos sites que acompanho; através dos resumos, identifico o que me é relevante – o restante é marcado como “lido” e desaparece da tela.
Em cada artigo aberto, localizo o ícone do Instapaper junto às opções de compartilhamento próximas ao título. Uma nova guia é aberta no navegador, solicitando minha confirmação para adicionar o artigo ao Instapaper – caso não tivesse acessado minha conta previamente, seria solicitado meu nome de usuário e senha antes da confirmação.
A seguir, no Instapaper, confirmo a gravação de todos os artigos compartilhados pelo Feedly. Acessando as configurações da conta, localizo a opção de envio para o Kindle e solicito o envio imediato. Minutos depois aparece na minha conta da Amazon um arquivo para transferência e leitura no e-reader.
No site da Amazon, eu solicito a entrega do arquivo pela rede Wi-Fi. Finalmente, ao ativar a sincronização de itens no Kindle, o arquivo com todos os artigos filtrados no Feedly é entregue, ficando disponível para uma leitura confortável a todo o momento e em qualquer lugar.
Considerações
Pode parecer trabalhoso, mas o processo não dura mais do que 20 minutos. Há certas falhas, claro. No Feedly, por exemplo, é preciso confirmar o envio de cada artigo para o Instapaper – o ideal seria que a integração fosse automática, sem a necessidade de se abrir uma nova guia.
No Instapaper também ocorre um problema pouco frequente, mas irritante. Aparentemente, certas características de sites impedem a captura correta do texto. Isto reflete nos arquivos gerados para o Kindle, onde, às vezes, pode-se notar a ausência de alguns artigos.
A questão mais frustrante para mim, porém, é a solicitação manual de envio para o e-reader. Felizmente, somente os donos do Kindle DX terão de lidar com este problema. Infelizmente, a versão DX é justamente a que possuo. Permitam-me explicar.
O arquivo enviado pelo Instapaper para a Amazon é convertido e passa a ser considerado um tipo de documento pessoal. Em outras palavras, o arquivo não é considerado um livro, revista ou jornal, mas um documento pessoal convertido para o formato do Kindle.
O problema é que a sincronização automática de documentos pessoais só está disponível nas versões mais recentes do e-reader. Ou seja, a menos que você possua um Kindle geração 3 acima (se não me engano), a única maneira de receber seus arquivos pessoais é solicitando o envio manual através do site da Amazon.
Ei, não à toa eu disse acima que o processo era “quase perfeito”. Mas ele tem me atendido bem até hoje.
E você, leitor, quais estratégias utiliza para se manter em dia com as novidades que pipocam a todo instante na Internet?
Instapaper: site oficial do Instapaper (em inglês).
Instapaper no iPad: matéria sobre o aplicativo para o dispositivo da Apple publicado no site da revista Info.
Configure o envio do Instapaper para o Kindle:guia no site do Instapaper para configurar o envio de artigos para o e-reader da Amazon (em inglês; é preciso acessar um conta do serviço).
Kindle na Info: acompanhe as novidades sobre o e-reader no site da revista Info.
The Information Diet:site oficial do livro homônimo lançado por Clay A. Johnson; está na minha lista de leituras. Há um vídeo na página inicial com uma introdução bem explicativa (em inglês).