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Julgar um escritor por seu blog?

A Internet é uma aliada poderosa do escritor em qualquer estágio de sua carreira e um meio excelente de divulgação de suas obras. Como qualquer ferramenta, porém, quando utilizada de forma inadequada, ela pode ser mais prejudicial do que benéfica. Tomemos como exemplo os blogs: estes podem tanto atrair quanto afugentar leitores.

O aspecto negativo não diz respeito às características ou estilo dos textos, às preferências de gênero, etc., afinal, tais questões são subjetivas e comuns – sempre haverá quem goste ou não disto ou daquilo. O problema é outro, bem mais perigoso, pois desacredita o autor sem que seus trabalhos tenham sequer sido conferidos: a desorganização.

É inacreditável a quantidade de blogs que sofrem deste mal. Note-se que estes, geralmente, pertencem a escritores independentes ou publicados sob um selo menor. Contudo, não creio que a questão seja carência de profissionalismo. O que falta mesmo é esmero e consideração pelos visitantes, ou seja, o público-alvo.

Todo escritor é, antes de tudo, um leitor, certo? Então se coloque neste papel e responda: ao visitar um blog cujo autor mal e mal se dispõe a revisar os textos de suas postagens ou, ainda pior, de destacar os próprios trabalhos publicados, qual seria sua impressão? Provavelmente, como eu, no mínimo, você pensaria duas vezes antes de comprar um livro dele.

Você teria paciência para procurar textos neste site?

Por incontáveis vezes passei por tal situação e afirmo com propriedade que é desmotivador e frustrante ter de fuçar páginas e mais páginas para encontrar uma simples sinopse. Se houver uma, note-se, pois há quem se limite a compartilhar excertos e resenhas.

Pode-se dizer que é uma estratégia para prender o visitante, mas, se for, é injusta, apelativa e, perdoem-me, burra. O efeito disto é justamente o contrário, pois o internauta malogrado não hesitará em deixar o blog à procura de algo que lhe atenda melhor.

Mesmo tipos como eu, cuja teimosia permite uma resistência maior que a média, eventualmente se cansam de tentar encontrar uma agulha no palheiro. Ora, o autor não faz questão de alardear o próprio livro, então que se dane!

Como leitor, eu gosto de conhecer uma obra em linhas gerais antes de enveredar por trechos de capítulos desta. Tendo uma ideia de a que se propõe aquele trabalho, eu posso avaliar os excertos e decidir se o escritor será capaz de fisgar ou não a minha atenção por completo. Já com relação às resenhas sou mais cuidadoso.

Atualmente, há uma tendência terrível de se revelar detalhes (os spoilers) do livro resenhado. É preciso ter muito cuidado ao compartilhá-las com o intuito de divulgação, pois o tiro pode sair pela culatra. Sempre tomo cuidado em meus textos para não estragar a experiência do leitor, como muitos também deveriam.

Seu blog deve ser organizado como uma biblioteca.

Assim, eu quero fazer um apelo aos escritores, principalmente nacionais, que mantêm blogs pessoais – aqueles dedicados a trabalhos específicos não sofrem destes problemas, por razões óbvias. Ei-lo: tenham mais consideração por seus visitantes. Cuidem melhor de seus espaços digitais, revisem seus textos antes de publicá-los.

Organizem as informações para que estas sejam encontradas mais facilmente; façam uso de recursos simples como categorização, estruturação em seções e subseções, definição de tags e termos recorrentes, buscadores internos, etc.

Façam isso e vejam seus visitantes se tornarem fãs e leitores assíduos de suas obras. A não ser, obviamente, que eles não se identifiquem com seu estilo ou gênero literário. Mas isto já não é seu problema, certo?

É, colega, ninguém disse que a vida de escritor era fácil.

Angústia de Revisão

Um post breve motivado pelo assunto das revisões constantes. Encontrei uma imagem interessante no excelente site Inkygirl.com que revela bastante o que passa na cabeça de muitos escritores durante o processo de revisão de seus textos. Fiz uma livre tradução do texto. Vale a pena conferir e também visitar o site. Ah, e tentem não permitir-se ficar assim… lembrem-se, revisar é preciso!

TRADUÇÃO: “Mas eu AMO este parágrafo. Como posso apagá-lo? É uma das melhores coisas que já escrevi! Tudo bem, talvez ele nem contribua para a história geral, mas passei tanto tempo escrevendo-o! Se um único parágrafo pudesse ganhar o Pulitzer, este ganharia, com certeza. … evisão é superestimada, … já que eu passei tanto tempo… neste parágrafo. Por que eu tenho que me livrar de algo… ? Você não pode me obrigar, eu não o farei. Este parágrafo é tão… eu…”

Para saber mais:
  1. Inkygirl.com: segundo slogan, um verdadeiro “guia ilustrado para escritores, bibliotecários, editoes e bibliófilos“. Boas charges e artigos.
  2. O pesadelo das revisões constantes: um desabafo sobre este terrível obstáculo no caminho de um aprendiz de escritor.

O pesadelo das revisões constantes

Tornar-se um escritor não é trivial. Escrever e ler com regularidade é essencial, obviamente, mas não é o bastante. Para que o aprendizado seja menos árduo, é preciso saber identificar os obstáculos ao longo do caminho e as maneiras de superá-los.

Ainda que este seja um desafio pessoal, certas dificuldades – algumas maiores que outras – parecem ser universais: bloqueios inesperados, falta de inspiração, indisponibilidade de tempo, o abismo entre uma boa ideia e uma boa história, etc. Particularmente, eu luto para derrotar dois destes monstros: as revisões constantes e o medo de ser medíocre.

A revisão é imprescindível. Entre outros benefícios, ela permite identificar e corrigir falhas técnicas. Contudo, antes de revisar um texto, este deve estar completo, nem que seja na forma de um primeiro rascunho. Quando a revisão é feita de outra forma, isto é, sobre um texto inacabado (engavetado ou esquecido), pode ocorrer do autor focar a técnica em detrimento da mensagem ou desviar-se completamente da ideia original. Muito vago? Deixe-me tentar exemplificar.

Eu tive uma ideia para um conto e escrevi o primeiro rascunho por completo. Com a revisão, eu identifico erros ortográficos e gramaticais, trechos mal escritos, orações longas demais, etc. Além disso, surgem novas ideias para aprimorar a própria história – em outras palavras, durante a revisão eu acrescento, modifico ou excluo trechos do texto.

Tais alterações não seriam um problema, pois, por mais que as fizesse, eu já teria os principais pontos do conto em mãos e saberia aonde este deveria chegar. Contudo, ao revisar um texto inacabado corre-se o risco, por exemplo, de uma história ser modificada infinitamente; assim, uma miríade de universos alternativos nasceria e morreria prematuramente sem que o autor jamais concluísse seu trabalho.

“Estamos reunidos aqui hoje para revisar de uma vez por todas essa História Sem Fim!”

Ainda muito confuso? Eis outro exemplo, mais simples: eu tenho alguns contos inacabados separados em arquivos digitais onde coexistem diversas cópias pós-revisões; ao ler as versões 1 e 10 de, digamos, A Loura do Pontilhão, o leitor jamais imaginará que a última é fruto de 9 revisões anteriores de um rascunho inacabado – e que assim permanece até hoje.

Ao jamais revisar um texto antes de concluir um rascunho completo, como supracitado, eu superei esta barreira. Este hábito funciona bem ao escrever textos pequenos, como contos e artigos para o blog. Mas e quem está escrevendo um livro? Ainda não me atrevi a tanto, então eu não posso dizer com segurança. Contudo, imagino que uma boa prática seria:

  1. Traçar um rascunho geral e pouco detalhado de todo o livro, dividindo em partes.
  2. Dedicar-se ao desenvolvimento do rascunho de toda uma parte.
  3. Tendo concluído aquela parte, revisá-la algumas vezes antes de seguir em frente.
  4. Repetir os passos 2 e 3 até que todo o livro tenha sido escrito e revisado.
  5. Com o livro concluído, partir para uma revisão geral.

Talvez não seja o método ideal para desenvolver um livro completo, mas é o que eu adotaria se fosse louco o bastante para fazê-lo neste momento. Eu recomendo que os aprendizes busquem conselhos de autores conceituados ou de escritores mais experientes.

Tenham em mente que aqui sou tão aprendiz quanto qualquer um. Ao compartilhar minhas dificuldades e o modo como lido com estas, eu espero auxiliar outros aprendizes de escritor (ou aspirante a autor, como ouvi outro dia num podcast). Espero, ainda, que outros compartilhem suas dificuldades de modo que possamos todos aprender um com os outros.

E como este texto já está relativamente grande, eu falarei sobre o medo de ser medíocre em outra oportunidade.

Para saber mais:

  1. Metodologia 5+10: 5 regras e 10 orientações flexíveis que busco seguir em meu caminho para tornar-me um escritor.
  2. Os primeiros passos da jornada: onde devaneio sobre o tempo, o desejo de escrever e dicas de escrita.
  3. Pare o mundo que eu quero escrever!: texto sobre minha labuta contra as distrações do cotidiano.
  4. Reconheça e enfrente os medos que impedem você de escrever: artigo curto, mas muito útil que compõe uma série excelente de dicas para escritores. Do excelente site Ficção em Tópicos. Recomendadíssimo!
  5. Escrever um livro – Cinco obstáculos a eliminar: tradução de um artigo em francês excelente; trata da inércia, do medo, da falta de tempo, da motivação vacilante e do comprometimento impreciso.
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