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Como Escrever com Sucesso: em 10 minutos, por Stephen King – Parte 2

Stephen KingEm 1986*, o já fenomenal escritor norte-americano Stephen King publicou na revista The Writer um ensaio sobre como se tornar um escritor de sucesso… em 10 minutos. Pretensioso, não?

Para celebrar o lançamento do livro Sobre a Escrita – A Arte em Memória no Brasil, o Escriba Encapuzado traz o ensaio devidamente traduzido. Na primeira parte, publicada ontem, King revela como despertou para sua vocação.

A segunda parte você confere agora: o Mestre do Terror e do Suspense (e também da Fantasia, por que não?) apresenta conselhos que prometem transformar aspirantes atenciosos em escritores de sucesso.

Confira agora as 12 dicas de Stephen King para escritores iniciantes.

Tudo o que você precisa saber sobre escrever com sucesso: em dez minutos (Parte 2)
por Stephen King

Então aqui está, sem lenga-lenga. Levará 10 minutos para ler, e tudo pode ser aplicado agora mesmo… se você escutar.

1.  Seja talentoso

Este, claro, é o matador. O que é talento?, eu escuto alguém bradando, e aqui estamos nós, prontos para entrar em uma discussão equivalente a de “qual é o sentido da vida”? repleta de declarações pomposas e inutilidade total. Para os propósitos do escritor iniciante, talento pode muito bem ser definido como sucesso eventual – publicação e dinheiro. Se você escreveu algo pelo qual alguém lhe enviou um cheque, se você o cheque tinha fundos e você o descontou, e se você pagou a conta de luz com o dinheiro, eu te considero talentoso.

Stephen King

“Cadê aquele anormal bronco e ganancioso?”

Agora alguns de vocês já estão berrando. Alguns de vocês estão me chamando de anormal bronco e ganancioso. E alguns de vocês estão me chamando por palavrões. Você está dizendo que Harold Robbins é talentoso?, guincha alguém num dos Grandes Departamentos de Inglês da América. V.C. Andrews? Theodore Dreiser? E quanto à você, seu palerma disléxico?

Absurdo. Pior que absurdo, descontextualizado. Não estamos falando de bom ou ruim aqui. Eu estou interessado em te contar como publicar suas coisas, não em julgamentos críticos de quem é bom ou ruim. Em regra, os julgamentos críticos chegam depois que o cheque é gasto, afinal. Tenho minhas próprias opiniões, mas a maior parte do tempo eu as mantenho para mim mesmo.

Pessoas que são publicadas regularmente e são pagas pelo que estão escrevendo podem ser santos ou diabretes, mas é claro que eles estão alcançando muito mais pessoas que querem o que eles oferecem. Logo, eles estão se comunicando. Logo, eles são talentosos. A maior parte de escrever com sucesso é ser talentoso, e no contexto do marketing, o único escritor ruim é aquele que não é pago. Se você não é talentoso, você não terá sucesso. E se você não está tendo sucesso, você deve saber quando desistir.

Quando é o momento? Não sei. É diferente para cada escritor. Não após escorregar em seis rejeições, certamente, nem após sessenta. Mas após seiscentas? Talvez. Após seis mil? Meu amigo, depois de seis mil canetadas vermelhas, já passou da hora de você tentar pintura ou programação de computadores.

Organização e Autocrítica2.  Seja organizado

Datilografe. Espaço duplo. Use um papel branco pesado bonito, nunca aquela coisa apagável de pele de cebola. Se você rasurou seu rascunho demais, faça outro.

3.  Seja autocritico

Se você não rasurou seu rascunho demais, você fez um trabalho porco. Apenas Deus acerta na primeira vez. Não seja preguiçoso.

4.  Remova cada palavra extrínseca

Você quer subir em um palanque e pregar? Ótimo. Arranje um e tente o parque local. Você quer escrever pelo dinheiro? Vá direto ao ponto. E se você remover todo o lixo excessivo e descobrir que não conseguiu chegar ao ponto, então rasgue o que escreveu e recomece… ou tente algo novo.

5.  Nunca leia um livro de referencia enquanto estiver trabalhando num primeiro rascunho

Você quer escrever uma história? Ótimo. Largue o dicionário, a enciclopédia, seu Almanaque Mundial e o tesauro. Melhor ainda, jogue o tesauro na lixeira. A única coisa mais assustadora do que um tesauro são aqueles livretos que universitários compram perto das provas por serem preguiçosos demais para ler os romances indicados. Qualquer palavra que você tenha que caçar no tesauro é a palavra errada. Não há exceções a essa regra.

Livros de biblioteca jogados na lixeiraVocê acha que pode ter errado alguma palavra? Tudo bem, eis as suas escolhas: procurar pela palavra no dicionário, assegurando-se de tê-la escrito corretamente – e em troca quebrar sua linha de pensamento e o arroubo de escritor– ou só soletrá-la foneticamente e corrigir depois.

Por que não? Você achou que estava indo a algum lugar? E se você precisar saber qual é a maior cidade do Brasil e perceber que não a tem em sua cabeça, por que não escrever em Miami ou Cleveland? Você pode conferir… mas depois. Quando você sentar para escrever, escreva. Não faça nada mais além de ir ao banheiro, e apenas quando for absolutamente inadiável.

6.  Conheça os mercados

Apenas alguém estúpido enviaria uma história sobre morcegos-vampiros gigantes assolando uma escolar para a revista McCall. Apenas alguém estúpido enviaria uma história tenra sobre mãe e filha acertando as diferenças na véspera de Natal para a Playboy… mas sempre há quem faça isso. Não estou exagerando; vi essas histórias nas pilhas de baboseiras de revistas atuais.

Se você escreve uma boa história, por que enviá-la de modo boçal? Você mandaria sua criança para fora numa tempestade de neve vestindo bermudas e uma camiseta sem mangas? Se você gosta de ficção científica, leia revistas do gênero. Se você quer escrever histórias de confissão, leia revistas do gênero. E por aí vai.

Não se trata apenas de conhecer o que é cabe na história atual; com o tempo você pode começar a perceber ritmos gerais, gostos e aversões editoriais, toda a inclinação da revista. Às vezes as leituras podem influenciar sua próxima história e gerar uma venda.

7.  Escreva para entreter
Russell Crowe em cena do filme  "Gladiador"

“Não estão se divertindo?!”

Isso significa que você não pode escrever “ficção séria”? Não. Em algum lugar ao longo do caminho, críticos perniciosos passaram a impor aos leitores e escritores americanos a noção de que ficção de entretenimento e ideias sérias não se sobrepõem. Isso surpreenderia Charles Dickens, para não dizer Jane Austen, John Steinbeck, William Faulkner, Bernard Malamud, e centenas de outros. Mas suas ideias sérias devem sempre servir a sua história, não o contrário. Repito: se você quer pregar, arrume um palanque.

8.  Pergunte-se frequentemente, “Estou me divertindo?”

A resposta não precisa ser sempre sim. Mas se é sempre não, é hora de um novo projeto ou uma nova carreira.

9.  Como validar críticas

Mostre seu texto para um número de pessoas – dez, digamos. Ouça atentamente o que eles dizem. Sorria e acene muito. Em seguida, reveja o que foi dito com muita atenção. Se os seus críticos estão dizendo a mesma coisa sobre algum aspecto de sua história – uma reviravolta na história que não funciona, um personagem que soa falso, uma narrativa empolada, ou meia dúzia de outros possíveis –, mude esse aspecto.

Não importa se você realmente gostava da reviravolta de tal personagem; se um grande número de pessoas está dizendo que algo está errado com seu texto, então está. Se sete ou oito delas estão criticando a mesma coisa, eu ainda sugeriria mudá-la. Mas se todos – ou a grande maioria – criticou coisas diferentes, você pode desconsiderar o que todos dizem.

10.  Conheça todas as regras para a devida submissão

Porte de retorno, envelope auto-endereçado, essas coisas.

11.  Um agente? Esqueça. Por ora.
Agentes e Escritores

Quem nunca?

Agentes recebem 10% do dinheiro ganho por seus clientes. 10% de nada é nada. Agentes também precisam pagar aluguel. Escritores iniciantes não contribuem para isso nem para qualquer outra necessidade da vida. Venda suas histórias por conta própria. Se já concluiu um romance, envie cartas de apresentação para editores, um a um, acompanhadas de capítulos de amostra e/ou do original completo.

E lembre-se da Primeira Regra de Stephen King Sobre Escritores e Agentes, fruto de amarga experiência pessoal: você não precisa de um agente até que esteja ganhando o suficiente para alguém roubar… e se estiver ganhando tanto, você será capaz fazer uma seleção de bons agentes.

12.  Se for ruim, mate.

No que diz respeito a pessoas, assassinato por piedade é contra a lei. No que diz respeito a ficção, esta é a lei.

Isso é tudo o que você precisa saber. E se você ouviu, você pode escrever qualquer coisa que quiser. Agora creio que vou desejar-lhe um dia agradável e assinar.

Meus dez minutos acabaram.

* Acredita-se que o ensaio original tenha sido publicado em 1986 em uma das edições da The Writer Magazine e posteriormente republicado na edição de 1988 do The Writer’s Handbook. O texto é claramente a base do que se tornaria o livro Sobre a Escrita – A Arte em Memórias.

E aí, você achou válidas as dicas do Rei? Dê sua opinião nos comentários.

Para saber mais:

  1. Como Escrever com Sucesso: em 10 minutos, por Stephen King – Parte 1: onde o escritor revela como descobriu sua verdadeira vocação.
  2. “Everything You Need to Know About Writing Successfully – in Ten Minutes”: o ensaio original escrito por Stephen King (em inglês).
  3. 22 dicas do mestre Stephen King para escritores e para a vida: mais dicas do Mestre traduzidas e publicadas no StephenKing.com.br.

Como Escrever com Sucesso: em 10 minutos, por Stephen King – Parte 1

Stephen KingStephen King, Mestre do Terror e do Suspense, autor de mais de 50 romances, centenas de contos, uma porção de novelas, poemas, ensaios e livros de não ficção. Imagine o quanto um escritor iniciante pode aprender com uma fera dessas.

Agora pare de imaginar, corra até a livraria mais próxima e garanta seu exemplar de Sobre a Escrita – A Arte em Memória, livro que é tanto uma autobiografia de King quanto um manual de conselhos para quem quer escrever.

Para celebrar o lançamento (com 15 anos de atraso) do livro no Brasil , o Escriba Encapuzado publica um valioso ensaio escrito pelo próprio Mestre em 1986 para as páginas da revista The Writer.

Para facilitar a leitura, o texto foi dividido em duas partes: na primeira, o escritor revela como descobriu sua vocação para a escrita; na segunda, a qual será publicada amanhã, ele lista 12 conselhos que te ajudarão a ser um escritor de sucesso.

Confira a seguir a primeira parte do ensaio.

Tudo o que você precisa saber sobre escrever com sucesso: em dez minutos (Parte 1)
por Stephen King
I. A Primeira Introdução

É ISSO AÍ. Sei que até parece um anuncio de uma vil escola de escritores, mas eu vou mesmo contar tudo o que é preciso para que você busque uma carreira de sucesso e financeiramente gratificante escrevendo ficção, e vou mesmo fazê-lo em dez minutos, exatamente o tempo que levei para aprender. Na verdade, você levará cerca de vinte minutos para ler este ensaio, mas só porque preciso te contar uma história, e depois preciso escrever uma segunda introdução. Mas esse tempo não deve ser contabilizado nos tais dez minutos.

II. A História, ou, Como Stephen King Aprendeu a Escrever

Quando eu estava no colegial, fiz o que é esperado de colegiais arteiros: meti-me numa típica enrascada colegial. Eu escrevi e publiquei um jornalzinho satírico chamado O Vômito da Aldeia. Num artiguinho, satirizei alguns professores do Colégio Lisbon (no Maine), onde eu estudava. Não foram sátiras muito gentis; elas variavam do escatológico à crueldade pura.

Stephen KingEventualmente, uma cópia do jornalzinho chegou às mãos de um membro do corpo docente, e como eu havia sido imprudente o suficiente para colocar o meu nome ali (erro do qual ainda não me recuperei completamente, afirmam alguns críticos), eu fui levado à secretaria. Àquela altura, o zombador sofisticado já tinha voltado a ser o que era: um moleque de quatorze anos que tremia nas botas e imaginava se levaria uma suspensão… que nós chamávamos de “férias de três dias” nos indistintos idos de 1964.

Eu não fui suspenso. Fui forçado a pedir algumas desculpas – todas devidas, mas ainda assim eram como cocô de cachorro em minha boca – e a passar uma semana na sala de detenção. E o orientador providenciou o que, sem dúvida, ele pensou ser um canal mais construtivo para meus talentos.

Tratava-se de um emprego – condicionado à aprovação do editor – escrevendo sobre esportes para o Lisbon Enterprise, um desses semanários de doze páginas com os quais qualquer morador de cidade pequena estará familiarizado. O tal editor foi o homem que me ensinou, em dez minutos, tudo o que sei sobre escrever. O nome dele era John Gould – não o famoso humorista da Nova Inglaterra nem o romancista que escreveu The Greenleaf Fires, mas um aparentado de ambos, eu creio.

Ele me contou que necessitava de um escritor de esportes e que nós poderíamos “testar um ao outro”, se eu quisesse.

Eu contei a ele que sabia mais sobre álgebra avançada do que sobre esportes.

Gould assentiu e disse, “Você aprenderá”.

Eu disse que pelo menos tentaria aprender. Gould me deu um imenso rolo de papel amarelo e prometeu um ordenado de meio centavo por palavra. As duas primeiras peças que escrevi tratavam de uma partida de basquete colegial no qual um membro da equipe da minha escola quebrou o recorde de pontuação do Colégio Lisbon. Uma dessas peças era pura reportagem. A segunda era um artigo.

Lisbon High School

Eu levei ambas para Gould no dia seguinte ao jogo para que ele pudesse colocá-las no jornal, o qual saia às sextas-feiras. Ele leu a peça objetiva, fez duas pequenas correções, e meteu nela uma tachinha. Então ele partiu para o artigo com uma grande caneta preta e me ensinou tudo o que eu necessitava saber sobre meu oficio. Quisera eu ter ainda a tal peça – ela merece ser emoldurada, mesmo com as correções editoriais –, mas consigo recordar muito bem como ela ficou depois que Gould terminou.

Eis um exemplo:

(após as marcas editoriais indicadas na cópia original de King)

Na noite passada, no popular ginásio do Colégio Lisbon, partidários e fãs de Jay Hills foram surpreendidos por um desempenho atlético sem precedentes na historia da escola: Bob Ransom, também conhecido por Bob “Bala” tanto por seu tamanho quanto por sua precisão, marcou trinta e sete pontos. Ele pontuou com elegância e velocidade… e também com uma estranha cortesia, cometendo só duas faltas em sua busca cavaleirosa por um recorde que escapava aos atletas de Lisbon desde 1953…

Quando Gould terminou de rasurar minha cópia como indicado acima, ele olhou para cima e deve ter visto algo em meu rosto. Creio que ele pensou ser horror, mas não era: era revelação.

“Eu só removi os trechos ruins, sabe”, ele disse, “A maior parte está muito boa”.

“Eu sei”, eu disse, concordando com as duas coisas: sim, a maior parte daquilo era boa, e sim, ele apenas havia removido as partes ruins. “Não farei de novo”.

“Se isso for verdade,” ele disse, “você nunca precisará trabalhar de novo. Você pode viver disso.” Então ele jogou a cabeça pra trás e gargalhou.

E ele estava certo; estou vivendo disso, e enquanto continuar vivendo, eu espero nunca ter que trabalhar de novo.

III. A Segunda Introdução

Stephen KingTudo o que se segue já foi dito antes. Se você se interessa o bastante por escrita para ser um comprador desta revista*, você já terá escutado ou lido (quase) tudo isso antes. Milhares de cursos de escrita são ministrados pelos Estados Unidos todos os anos; seminários são constituídos; conferencistas convidados falam, respondem perguntas, bebem o tanto de gin e tônica que suas diárias permitem, e tudo se resume ao que se segue.

Eu vou te contar essas coisas de novo porque as pessoas normalmente só escutam – escutam de verdade – alguém que ganha muito dinheiro fazendo a coisa da qual ele está falando. É triste, mas é verdade. E te contei a história acima não para soar como um personagem saído de um romance de Horatio Alger, mas para estabelecer um argumento: vi, escutei, e aprendi.

Até aquele dia no pequeno gabinete de John Gould, eu escrevia primeiras versões de histórias que ultrapassariam 2.500 palavras. As segundas versões chegariam às 3.300 palavras. Depois daquele dia, as primeiras versões de 2.500 palavras se transformaram em segundas versões de 2.200 palavras. E dois anos mais tarde, eu vendi meu primeiro livro.

Amanhã: a segunda parte com 12 dicas de Stephen King para ser um escritor de sucesso.

Para saber mais:

  1. Livro de Stephen King com conselhos para escritores iniciantes sai no Brasil: saiba mais sobre o livro nesta matéria da Folha de São Paulo.
  2. Relembre 20 filmes inspirados nos livros de Stephen King: você pode até não conhecer o Mestre do Terror e do Suspense, mas com certeza já deve ter topado com algum trabalho dele. Confira essa lista na Super Interessante.
  3. A Vida e a Obra de Stephen King – Parte1 e Parte 2: a galera do podcast Ghost Writer dedicou dois episódios ao mestre. Confira.
  4. King of Maine: um dos mais completos sites em português sobre Stephen King.
  5. StephenKing.com.br: um concorrente de peso para o King of Maine.

Aprenda com os Grandes – 7 Hábitos de Escrita de Escritores Espetaculares

Write to Done

Write to Done é uma fonte valiosa de informações para romancistas, blogueiros, publicitários e autores de não ficção. Editado por Mary Jaksch, autora de obra traduzida em 7 idiomas, este site parceiro disponibiliza o eBook gratuito The (nearly) Ultimate Guide to Better Writing e inúmeras dicas que serão compartilhadas aqui em traduções regulares.

O texto de hoje foi escrito por Leo Babauta. Confira o artigo no idioma original no Write to Done.

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É preciso fazer faculdade para ser escritor?

Por muito tempo, minhas experiências de escrita mais significativas foram as redações: nas escolares e preparatórias, destacavam-se com frequência; nos concursos, garantiam uns bons pontos.

Eu acreditava, porém, que para ser escritor não bastava familiaridade com palavras, ainda mais sendo formado em ciências exatas.

Pairava sobre mim então aquela que é a dúvida mais natural de todos os que engatinham por essa profissão. Felizmente, essa nuvem sombria e pesada se dissipou. Hoje posso afirmar, sem receio, que cursar Letras ou, digamos, Comunicação Social, não necessariamente fará de você um escritor (de ficção) profissional.

Escritores autodidatas

Não desprezo a necessidade de estudo, note-se. Sim, é importante ler livros sobre escrita, produção literária, memórias de escritores renomados – pode-se aprender bastante com estas também, mesmo que nem sempre tragam informações técnicas objetivas. Em outras palavras, um aprendiz pode se fazer escritor por conta própria.

Paulo CoelhoA história está repleta de grandes autores formados em cursos sem qualquer relação com a escrita (Franz Kafka e Henry Fielding, eram advogados; Guimarães Rosa e Moacyr Scliar eram médicos) ou que sequer cursaram uma faculdade (William Faulkner, H. G. Wells, Machado de Assis, Paulo Coelho).

Cursos universitários podem não ser o ideal para quem quer ser escritor e basta uma espiada nas disciplinas ofertadas para comprovar: normalmente, o foco é a formação de professores, críticos, jornalistas.

Uma faculdade de Escrita já é outra história, mas estas são raras no Brasil – de cabeça, lembro-me da pós-graduação da Escola Superior de Direito Constitucional (ESDC), mas este parece não ter novas turmas desde 2012.

Confira no breve vídeo abaixo o que o mestre Stephen King tem a dizer sobre o assunto:

Cara a tapa

Obviamente, é indispensável pôr o conhecimento à prova, submetê-lo ao crivo de escritores (e leitores, por que não?) profissionais. Daí se tira o valor das oficinas literárias, cada vez mais comuns no país: além de apresentarem certas “regras” de boa escrita, elas permitem troca de experiências, discussões sobre criatividade, avaliações criticas.

Imagino que todo escritor é meio autodidata em algum momento da vida. Para os que estão começando, como eu, sugiro este caminho perfeitamente possível: estude por conta própria, mas seja avaliado por profissionais. Faculdades não são imprescindíveis. Acho que é por aí.

E você? Acha que é preciso cursar faculdade para ser escritor?
Cena do Filme "Escritores da Liberdade" - Com Hilary Swank

“Quem aí quer ser escritor?”

Para saber mais:

  1. Quero ser escritor! – Algumas palavras sobre o sonho de viver de literatura no Brasil.
  2. Como ser escritor? – Qual é o caminho certo que conduz ao sonho de ser um autor reconhecido?
  3. Série 7 coisas que aprendi: página principal do projeto que convida escritores em diversas fases da carreira a compartilharem suas experiências.
  4. Serviço: Oficinas Literárias: confira recomendações de oficinas de criação literária espalhadas por todo o país.
  5. Não perca a motivação – 10 dicas para escritores: minha tábua de mandamentos pessoais para os momentos de crise existencial.
  6. 5 dicas para escrever contos: confira 5 conselhos do renomado escritor de fantasia norte-americano Philip Athans.
  7. Interpretações da Leitura Crítica: se estivessem vivos hoje, o que pensariam os grandes escritores do passado sobre os estudos de suas obras?

Copa de Quadribol, oficinas e lançamentos de livros em BH

Estas são as Notas Literárias, sua dose semanal de literatura. Originalmente publicadas na coluna Café Literário, do portal Café com Notícias, elas agora marcam presença no Escriba Encapuzado. Toda quinta-feira o leitor confere por aqui um universo de novidades, curiosidades e inspiração. Caso queira sugerir pautas para este espaço, basta entrar em contato.

Salve amigo leitor, salve amigo aprendiz. Nas Notas Literárias de hoje temos dicas de eventos literários em Belo Horizonte, um texto inédito de J. K. Rowling ambientado no mundo de Harry Potter, trailer de mais um filme inspirado em livro e mais. Confira.

Lançamentos em BH

Autores Malluh Praxedes, Carlos Fialho e Sérgio FantiniNeste sábado, dia 22, os amantes da boa literatura terão duas boas opções de programa em Belo Horizonte. A escritora Malluh Praxedes lança seu 15º livro, a coletânea de contos Dona de Mim, (Asa de Papel, 2014) – pronuncia-se “Dona de Mim Vírgula” –, às 10h, na livraria Asa de Papel, na Rua Piauí, 631, bairro Santa Efigênia.

Celebrando os 10 anos da editora potiguar Jovens Escribas, Carlos Fialho promove as crônicas de Não bastar ser playboy, tem que ser DJ! (Jovens Escribas, 2014) às 11h, no espaço Letras e Ponto; participando da festa estará Sérgio Fantini com a segunda edição do seu A ponto de explodir (Jovens Escribas, 2014).

Mestre Fantini já deu as caras por aqui compartilhando 7 coisas que aprendeu e também nesta entrevista onde revelou aspectos de sua vida de escritor. O Letras e Ponto fica na Rua Aimorés, nº 388, Sala 501, na região da Savassi/Lourdes.

Em tempo: na segunda-feira, dia 24, às 19:30 o escritor Sérgio Rodrigues participará do projeto Sempre um papo, que ocorre no Palácio das Artes; Sérgio é  autor de O Drible (Companhia das Letras, 2013)

Vencedor do Jabuti
Evandro Affonso Ferreira - Livro "O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam"

O tradicional Ofício da Palavra convida grandes escritores para um bate-papo com o público. Com entrada franca e encontros mensais promovidos pelo Museu de Artes e Ofícios (MAO) em Belo Horizonte, o evento cultural inaugura a temporada 2014, no dia 25 de março, às 19:30, recebendo Evandro Affonso Ferreira, autor de O Mendigo que Sabia de Cor os Adágios de Erasmo de Rotterdam (Record, 2012). O MAO está localizado no centro, na Praça Rui Barbosa (Praça da Estação).

Criatividade VisceralProgramação de Oficinas Criativas - O Ovo, Camisetas Significativas

As marcas mineiras de produção em moda e design O Ovo Camisetas Significativas e Botões estão promovendo uma série de oficinas nos próximos dias. Tem de tudo: haicai, crônicas, contos, criação vetorial, yoga. Inscrições, valores e maiores detalhes podem ser conferidos na página do Ovo no Facebook ou nos detalhes deste evento. Confira algumas datas clicando na imagem ao lado.

Correr ou Morrer
Livro Maze Runner - Correr ou Morrer - James Dashner

Um de vários livros que serão adaptados para o cinema este ano, Maze Runner – Correr ou Morrer (Vergara & Riba, 2010) teve o primeiro trailer divulgado. Com estreia prevista no Brasil em 18 de setembro, o filme acompanha os esforços de Thomas, adolescente cuja única memória é o próprio nome; prisioneiro em um labirinto letal, ele e outros garotos de sua idade farão tudo para desvendar seus mistérios e escapar com vida.

A série de James Dashner é composta por cinco livros, todos já publicados em português pela editora Vergara & Riba; os títulos seguintes são: Prova de Fogo, A Cura Mortal, Ordem de Extermínio e Arquivos.

Confira o instigante trailer de Maze Runner.

Copas de Quadribol

Decidida a tirar uma folga do mundo dos trouxas, J. K. Rowling retorna à fantasia do bruxinho Harry Potter para contar Uma História da Copa Mundial de Quadribol: esta é a tradução livre de A History of the Quidditch World Cup, novo texto da autora britânica que trata do famoso jogo de 2.400 anos.

Cena do Filme "Os Estagiários"

Trouxas jogando Quadribol (não, pular não é o mesmo que voar).

A primeira de duas partes já foi publicada em Pottermore, o mais importante site dedicado à série literária, e explora os bastidores, as regras e as controvérsias das diversas edições do torneio. Abordando capítulos das Copas mais notáveis da história, a segunda parte deve ser publicada por lá nesta sexta-feira, dia 21.

Em tempo: o esporte já foi tema de livro próprio, Quadribol através dos séculos (Rocco, 2001), escrito pela própria Rowling sob o pseudônimo (outro?) Kennilworthy Whisp.

Harry Potter Ilustrado

Ilustrações inéditas da artista Mary GrandPré foram divulgadas nos últimos dias. Ilustradora também das capas das edições nacionais lançadas pela editora Rocco, Mary se baseou em rascunhos enviados pela própria J. K. Rowling para reproduzir algumas das cenas mais icônicas dos livros. Confira algumas abaixo e tente associá-las aos respectivos volumes da série.

Rapidinhas
  • Novo livro de Stephen King será publicado no Brasil

    Mestre do suspense e do terror, Stephen King enveredou pelo gênero policial Mr. Mercedes, novo livro cujos direitos agora foram adquiridos pela editora Suma de Letras. A previsão de lançamento é que o livro só seja lançado em 2015.

  • Detido suspeito de ter destruído exemplares de O Diário de Anne Frank

    Em Tóquio, jovem japonês de 36 anos confessou ser responsável por danificar por volta de 306 exemplares de obras relacionadas à vida da autora de um dos relatos mais comoventes sobre o Holocausto.

  • Escritor Eduardo Galeano na Bienal do Livro de Brasília

    Autor do clássico As Veias Abertas da América Latina discursará na noite de abertura do evento, que ocorrerá entre os dias 11 e 21 de abril..

  • Livro se torna best-seller antes mesmo de ser publicado

    Editor do famoso blog de humor XKCD e do What if, Randall Munroe lançará em setembro E Se? Respostas científicas sérias para perguntas hipotéticas absurdas que, em pré-venda, já figura na lista dos mais vendidos da Amazon americana, britânica e alemã. Detalhe: trata-se de uma versão física, e não e-book.

Lançamentos de livros, concursos literários e vida de escritor

Estas são as Notas Literárias, sua dose semanal de literatura. Originalmente publicadas na coluna Café Literário, do portal Café com Notícias, elas agora marcam presença no Escriba Encapuzado. Toda quinta-feira o leitor confere por aqui um universo de novidades, curiosidades e inspiração. Caso queira sugerir pautas para este espaço, basta entrar em contato.

Salve amigo leitor, salve amigo aprendiz. Esta semana as Notas Literárias trazem novos livros de Stephen King e J.K. Rowling, uma divertida HQ, dicas de concursos literários e muito mais. Confira.

Terry Brooks - A Espada de ShannaraClássico da Fantasia

A Editora Saída de Emergência anunciou para março o lançamento de A Espada de Shannara, de Terry Brooks, um dos mestres do gênero. Quando publicado em 1977, o livro figurou como best-seller do The New York Times por mais de cinco meses. Brooks revelou que se sentiu inspirado a escrever o romance após ler O Senhor dos Anéis, a obra-prima de J.R.R. Tolkien. A capa da edição nacional, que conta com tradução da escritora e historiadora Ana Cristina Rodrigues, já foi divulgada.

Segurem o rei!

Stephen King e seus livrosStephen King tem o dom de produzir histórias. Seu novo livro, Mr. Mercedes – sobre um ex-policial amargurado –, sequer foi publicado e o mestre do suspense já anunciou o lançamento de outro: Revival está previsto para novembro e tem como protagonistas um roqueiro e um pastor.

Não bastassem os novos trabalhos, um dos contos de King, Ayana, será adaptado para uma série de TV, a exemplo do recente Under the Dome, baseada no livro Sob a redoma (Suma de Letras, 2012). Quer saber mais sobre o mestre do suspense? Confira essas 12 curiosidades sobre Stephen King publicadas no Literatortura pela colunista Clariana Touza.

Bicho-da-sedaThe Silkworm, por J. K. Rowling

Quem também lança um novo livro este ano é Robert Galbraith, também conhecido como J. K. Rowling, autora da série de livros Harry Potter. Continuação de O Chamado do Cuco (Rocco, 2013), The Silkworm traz uma nova aventura do detetive veterano de guerra Cormoran Strike – desta vez cabe a ele investigar o desaparecimento do autor de um livro comprometedor. O romance está previsto para 24 de junho, no Reino Unido; no Brasil, só deve ser publicado em novembro.

Vida de escritor

O passarinho Hector sonha em publicar seu primeiro livro. Depois de muitas tentativas, ele finalmente consegue, mas percebe que isso lhe trará algumas complicações. Os Passarinhos – Vida de Escritor (Balão Editorial, 2014) é uma coletânea de tirinhas criadas pelo quadrinista e escritor Estevão Ribeiro.

Os Passarinhos - Vida de Escritor

Arte de Estevão Ribeiro

Originalmente publicadas na Internet, as historinhas fizeram tanto sucesso que renderam outros dois livros: Hector & Afonso – Os Passarinhos (Balão Editorial, 2010) e Os Passarinhos e Outros Bichos (Balão Editorial, 2011). Nesse terceiro volume, Hector continua desfrutando da companhia de figuras ilustres da literatura, como Paulo, o Coelho; Ágata Triste, George Q. Q. Patin, Piu Gaiman e outros.

Conselhos e concursos

Premiação LiteráriaEis alguns textos valiosos para aprendizes de escritor: descubra a rotina diária de 13 grandes escritores e o que eles fazem para continuar escrevendo neste excelente artigo de Junior Silva, colunista do site Papo de Homem; saiba por que o sucesso de uma obra depende do esforço de seu autor em divulgá-la na coluna de Jana Lauxen, no Homoliteratus; aprenda com essas 12 dicas do escritor George R. R. Martin listadas por Luiz Ehlers no site Revista Fantástica.

Depois dessas pequenas doses de inspiração, humildade e aprendizado, que tal pôr a mão à obra e participar de algum destes concursos literários previstos para 2014 listados pelo escritor e professor Marcelo Spalding no site da Oficina de Escrita Criativa com Ênfase em Criação Literária?

Rapidinhas
  • Cineasta brasileira prepara adaptação de livro de Amós Oz

    Monique Gardenberg está trabalhando no quinto tratamento do roteiro baseado em A Caixa Preta, célebre romance epistolar de Oz. O filme será realizado em Israel, mas o elenco ainda não foi divulgado.

  • Poeta desiludido

    Em entrevista, Álvaro Alves de Faria, 72 anos, um dos mais importantes poetas de sua geração, disse estar decepcionado com a atual poesia brasileira: “essa mídia enaltece uma ‘poesia’ sem consistência nenhuma, um amontoado de coisas inúteis”.

  • Carta revela aversão à fama de escritor

    Charles Dodgson era tão avesso à fama que desejou “nunca ter escrito livros”. Quiçá por isso tenha assinado sua obra mais aclamada com o pseudônimo Lewis Carrol.

  • Obra autorizada por Roberto Carlos custará R$ 4.500

    Edição de colecionador com tiragem limitada não é uma biografia e será lançada na décima edição do cruzeiro temático “Emoções em alto mar”. Acompanhamento minucioso de Roberto Carlos teria atrasado o lançamento em 5 anos.

  • Livros que fizeram a cabeça de Renato Russo

    Entre as referências do líder da Legião Urbana estão trabalhos de Thomas Mann, Oscar Wilde, Aldous Huxley, Jorge Amado, Carlos Durmmond de Andrade, Fernando Pessoa e até mesmo Anne Rice e J. R. R. Tolkien. Confira a lista completa no Homoliteratus.

Quero ser escritor!

Desde a infância sonho em ser escritor. Alimentado pelos livros da série Sítio do Pica-Pau Amarelo de Monteiro Lobato, das clássicas coleções Vaga-lume e Para gostar de ler, pelos quadrinhos da Turma da Mônica e dos heróis da Marvel e DC, não é surpresa que eu tenha crescido fascinado pela arte de contar histórias.

Obviamente, escritor não é o tipo de profissão que deixa os pais satisfeitos e tranquilos quanto ao futuro de sua cria – ao menos não aqui no Brasil. Assim, à medida que eu amadurecia fui deixando o sonho de lado e encarando a dura realidade que assassina potenciais artistas ainda no berço (modéstia à parte).

O ciclo se repete a cada geração, com poucas variações: concluir os ensinos principais (de preferência com uma especialização técnica), encontrar um emprego para pagar a faculdade, graduar-se num curso com amplo mercado de trabalho, melhorar de emprego. Mas não termina por aí: ainda é preciso trabalhar por promoções (ou por um concurso público), constituir família, cuidar dos filhos e de sua educação…

Há pouco mais de um ano decidi rebelar-me contra essa “ordem natural” que nos é imposta. Desde então tenho me dedicado ao sonho, estudado técnicas de escrita e buscado aprender com outros escritores, nacionais e internacionais. Em minhas surfadas digitais já topei com conselhos preciosos de autores como os best-sellers Neil Gaiman e Stephen King.

Mas há exemplos mais próximos de nossa realidade, indivíduos jovens e de origens humildes com os quais é fácil identificar-se e de onde se pode extrair inspiração diária. Autores como Eduardo Spohr (A Batalha do Apocalipse) e Raphael Draccon (Dragões de Éter) são famosos por compartilhar textos valiosos para escritores em início de carreira.

Há inúmeros outros, é claro, com mais anos de estrada, mas não se pode desprezar a experiência desses jovens escritores que têm abalado as estruturas do mercado editorial.

Se o leitor, como eu, sonha em se dedicar a esta profissão tão ingrata e tão gratificante, recomendo a leitura de alguns textos de Draccon sobre o gênero fantástico e a vida de escritor. Já Spohr preparou um guia para a carreira literária em seu blog – os que residem em São Paulo também devem ficar antenados ao já renomado curso de estrutura literária promovido pelo autor.

Aprendizes e escritores espalhados por aí, compartilhem com o mundo suas experiências, entrem em contato!

Para saber mais:

  1. Não perca a motivação – 10 dicas para escritores: minha tábua de mandamentos pessoais para os momentos de crise existêncial. :)
  2. 5 livros que ensinam a escrever: algumas obras em português que podem ser úteis aos escritores iniciantes.
  3. Série 7 coisas que aprendi: página principal do projeto que convida escritores em diversas fases da carreira a compartilharem suas experiências.
  4. Mercado Fantástico: Raphael Draccon compartilha o que sabe sobre o mercado editorial.
  5. Jornadas Fantásticas: aqui Draccon escreve um pouco sobre a vida de escritor e compartilha conselhos preciosos.
  6. Guia para a carreira literária: Eduardo Spohr apresenta uma coletânea de dicas, podcasts, livros e muitas outras preciosidades para aprendizes de escritor.
  7. 10 passos para ser escritor: excelente texto do escritor e oficineiro de escrita criativa Charles Kiefer.
  8. Quero ser escritor: ótimo artigo com sugestões de livros para os que sonham em ser escritor.
  9. Escrevi meu livro. E agora? – Apostila da escritora Ana Cristina Rodrigues dedicada aos que já tem livros prontos para publicar.
  10. Quer ser escritor? – Página do curso on-line oferecido pela famosa escritora Thalita Rebouças.
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